Numa rápida visita a
Rio Pomba, Myriam Rodrigues Vieira, vice-presidente da AACL, Associação do Amigos da Causa da
Lola, mostrou-me uma carta que, segundo ela, seria entregue a um "certo
padre", que diz o seguinte:
"A
Associação dos Amigos da Causa da Lola, com o desejo de contribuir para
realizar a vontade testamentária da Lola, buscando plena comunhão com a
Diocese, que sabemos ter a mesma vontade testamentária, se compromete, na festa
do Sagrado Coração de Jesus de retirar qualquer ação jurídica contra a mesma
Diocese, pedindo apenas a averbação do testamento ao registro público da terra.
Pedimos
perdão por qualquer desentendimento passado e nos colocamos a disposição para
colaborar na construção deste centro de espiritualidade e irradiação da devoção
ao Sagrado Coração de Jesus conforme a missão e o sonho da Lola."
Mais uma vez nos vemos diante de mais um ato de
abuso de poder, este agora exercido pela Sra. Myriam Rodrigues Vieira, que segundo
suas próprias palavras, este "compromisso" é fruto de uma reunião
dela com o Dr. Cláudio Bomtempo e mais um membro da associação, que sequer faz
parte da diretoria.
Tal atitude obriga a quem tem a necessidade de lutar
pela preservação dos valores espirituais e morais recebidos dos nossos pais, a
tornar público estes fatos, por simples dever de consciência.
A Sra. Myriam não tem nenhum atributo a que a
autorize a tomar resoluções pela AACL, muito menos na questão que se tornou o
cerne da existência da associação, a partir do momento em que se descobriu o
golpe a que foi submetido o povo católico, de todo o planeta, com a atitude tomada
por certas autoridades de lesar as leis do país para desvincular as escrituras (que
"por algum mistério" se tornaram duas) da terra deixada de herança
pela Lola.
Ela, que por nós é considerada santa, deixou
escrito em seu testamento que o destino da propriedade seria apenas para a
divulgação da devoção ao Sagrado Coração de Jesus, à maneira de sua piedade,
tão conforme a doutrina escrita e sacramentada pela Igreja Católica Apostólica
Romana, sob a chefia do Sumo Pontífice, que ultimamente têm sido desrespeitadas
por pessoas que se dizem católicas e até por autoridades eclesiásticas.
A Justiça Civil foi o foro encontrado pela
associação para defender a memória da Lola de um (pedindo perdão pelo termo
chulo) "trambique" de que foi vítima, pela operação que desvinculou a
sua herança das exigências feitas por ela em seu testamento, como pessoa civil.
Neste ato, que realizou
como pessoa civil, Lola cumpriu todas as normas das leis do nosso país,
declarando diante da tabeliã suas vontades no testamento assinado por tantas
testemunhas conforme o estipulado, no qual ela
mesma invoca as leis do seu país em defesa da sua vontade expressa como
cidadã livre em, pleno gozo de suas faculdades.
Estes dolorosos fatos nos impelem às seguintes
reflexões:
- Poderia qualquer pessoa, por mais importante que
seja e fosse seu cargo, passar por cima da vontade de outra pessoa, expressa
dentro dos rigores da lei?
- Não estaria, esta pessoa, infringindo a "lei
da igualdade" tão apregoada pela "nova teologia" que se deseja impor
à Igreja? Pois, se todos são iguais, como pode uma pessoa "passar por cima"
da vontade de outrem e para isso usar de recursos ilegais passíveis de punição
para todos os outros brasileiros?
- Como pode uma pessoa usar da importância de seu
cargo para, subvertendo a lei, usurpar o destino das terras de uma humilde e
santa cidadã, para servir a seus interesses ideológicos subjetivos, em
detrimento aos valores universais da piedade católica? Este fato lembra muito o
episódio descrito no capítulo 21 do livro de Crônicas, na Bíblia Sagrada, em
que a morte de Naboth, um simples cidadão, foi obtida por meio das tramas de
Jezabel, mulher do rei Acab, para que esse tomasse posse da vinha de Naboth.
A semelhança desse com o caso da Lola é que tivemos
aqui a tentativa de obscurecimento de
sua memória, de sua piedade, sua espiritualidade tão conforme os ensinamentos
do Papa e que contrariam os interesses dos que ocupam cargos na Igreja com o
objetivo de submeter a nossa religião a princípios ideológicos contrários à
nossa fé.
O discurso apresentado na última festa do Sagrado
Coração de Jesus, de fazer do sítio da Lola um centro que diz associar trabalho
social com espiritualidade é mais uma tentativa de burlar as evidências, como
tantas que temos visto. Isto porque a espiritualidade da Lola está ligada à
ciência da fé, tem origem e fundamento em contemplativos altamente ativos em
termos de benefícios à humanidade, pois pela elevação dos espíritos a Deus se
encontra soluções para todos os
problemas humanos, embora a vã vaidade humana queira fazer crer que sejam sanados por meio de
recursos meramente humanos, prescindindo do culto a Deus com toda a solenidade
requerida por quem tem consciência de Quem seja Deus.
O culto a Deus não pode ser um recurso para reunir
o povo com objetivo de incutir pobres preceitos humanos que podem, e são,
mudados de acordo com o poder de plantão.
Os que seguem a espiritualidade da Lola precisam,
para subsistir, que a espiritualidade e doutrina católica aconteçam na íntegra,
tal como a recebemos de nossos antepassados e que perduram ao longo de mais de
dois mil anos.
Os modernos de hoje não podem ser mais importantes
que os modernos de ontem que fizeram o mundo evoluir em cultura, arte e
ciência, até o ponto de civilização que conhecemos.
Muito arriscado seria abraçar novas ideias que vão
contra as que fizeram de nós o que somos; seria um suicídio cultural,
totalmente incoerente com luta de muitos para preservar as culturas indígenas e
outros pensamentos mais modernos. Seria nossa cultura católica, repleta de
doutores em todas as épocas e ciências, menos importante do que as outras?
O que temos assistido em Rio Pomba é algo realmente
assustador:
1- Um arcebispo assinar escrituras (mais uma vez,
por que são duas?) recebendo terras em nome da Arquidiocese católica, com
liberdade para dar a elas o destino que bem entender, usurpando o direito da
vontade legalmente expressa de uma cidadã considerada santa pelo povo católico.
2- A associação fundada para defender o direito
civil de que os interesses religiosos manifestados por uma cidadã sejam
cumpridos, depois de tantas sangrentas lutas morais e espirituais, agora pede
perdão aos agressores daquela cujos interesses a associação existe para
defender. Isto por meio da "imensa maioria" formada pela
vice-presidente e um único membro.
3- Para uma observação um pouco mais atenta, o que
está por trás deste afã de tirar o processo da justiça, de "evidenciar um
acordo", é que o processo de beatificação de Dom Luciano Mendes, o
signatário da escritura, está a pleno vapor e jamais seria aprovado pelo
Vaticano como beato ou santo, quem não teve o escrúpulo necessário e se deu a
esta prática. O processo movido pela AACL prejudica, e muito, beatificação de
Dom Luciano, considerado por seus seguidores muitas vezes mais importante que a
Lola, cuja vontade seria, para ele, irrelevante.
Estes fatos configuram seguidos abusos de
autoridade que fazem com que quem preza a própria dignidade faça o que tiver ao
alcance, para deixar claro que não é cúmplice destas "tramoias", o
que seria, se se rendesse à omissão.
Rio Pomba, 13 de julho de 2012
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