sábado, 14 de julho de 2012

Tramoias e trambiques


                                   
            Numa rápida visita a Rio Pomba, Myriam Rodrigues Vieira, vice-presidente  da AACL, Associação do Amigos da Causa da Lola, mostrou-me uma carta que, segundo ela, seria entregue a um "certo padre", que diz o seguinte:

"A Associação dos Amigos da Causa da Lola, com o desejo de contribuir para realizar a vontade testamentária da Lola, buscando plena comunhão com a Diocese, que sabemos ter a mesma vontade testamentária, se compromete, na festa do Sagrado Coração de Jesus de retirar qualquer ação jurídica contra a mesma Diocese, pedindo apenas a averbação do testamento ao registro público da terra.
Pedimos perdão por qualquer desentendimento passado e nos colocamos a disposição para colaborar na construção deste centro de espiritualidade e irradiação da devoção ao Sagrado Coração de Jesus conforme a missão e o sonho da Lola."

Mais uma vez nos vemos diante de mais um ato de abuso de poder, este agora exercido pela Sra. Myriam Rodrigues Vieira, que segundo suas próprias palavras, este "compromisso" é fruto de uma reunião dela com o Dr. Cláudio Bomtempo e mais um membro da associação, que sequer faz parte da diretoria.
Tal atitude obriga a quem tem a necessidade de lutar pela preservação dos valores espirituais e morais recebidos dos nossos pais, a tornar público estes fatos, por simples dever de consciência.

A Sra. Myriam não tem nenhum atributo a que a autorize a tomar resoluções pela AACL, muito menos na questão que se tornou o cerne da existência da associação, a partir do momento em que se descobriu o golpe a que foi submetido o povo católico, de todo o planeta, com a atitude tomada por certas autoridades de lesar as leis do país para desvincular as escrituras (que "por algum mistério" se tornaram duas) da terra deixada de herança pela Lola.
Ela, que por nós é considerada santa, deixou escrito em seu testamento que o destino da propriedade seria apenas para a divulgação da devoção ao Sagrado Coração de Jesus, à maneira de sua piedade, tão conforme a doutrina escrita e sacramentada pela Igreja Católica Apostólica Romana, sob a chefia do Sumo Pontífice, que ultimamente têm sido desrespeitadas por pessoas que se dizem católicas e até por autoridades eclesiásticas.
A Justiça Civil foi o foro encontrado pela associação para defender a memória da Lola de um (pedindo perdão pelo termo chulo) "trambique" de que foi vítima, pela operação que desvinculou a sua herança das exigências feitas por ela em seu testamento, como pessoa civil.
Neste ato, que realizou como pessoa civil, Lola cumpriu todas as normas das leis do nosso país, declarando diante da tabeliã suas vontades no testamento assinado por tantas testemunhas conforme o estipulado, no qual ela  mesma invoca as leis do seu país em defesa da sua vontade expressa como cidadã livre em, pleno gozo de suas faculdades.

Estes dolorosos fatos nos impelem às seguintes reflexões:

- Poderia qualquer pessoa, por mais importante que seja e fosse seu cargo, passar por cima da vontade de outra pessoa, expressa dentro dos rigores da lei?
- Não estaria, esta pessoa, infringindo a "lei da igualdade" tão apregoada pela "nova teologia" que se deseja impor à Igreja? Pois, se todos são iguais, como pode uma pessoa "passar por cima" da vontade de outrem e para isso usar de recursos ilegais passíveis de punição para todos os outros brasileiros?

- Como pode uma pessoa usar da importância de seu cargo para, subvertendo a lei, usurpar o destino das terras de uma humilde e santa cidadã, para servir a seus interesses ideológicos subjetivos, em detrimento aos valores universais da piedade católica? Este fato lembra muito o episódio descrito no capítulo 21 do livro de Crônicas, na Bíblia Sagrada, em que a morte de Naboth, um simples cidadão, foi obtida por meio das tramas de Jezabel, mulher do rei Acab, para que esse tomasse posse da vinha de Naboth.
A semelhança desse com o caso da Lola é que tivemos aqui a tentativa  de obscurecimento de sua memória, de sua piedade, sua espiritualidade tão conforme os ensinamentos do Papa e que contrariam os interesses dos que ocupam cargos na Igreja com o objetivo de submeter a nossa religião a princípios ideológicos contrários à nossa fé.
O discurso apresentado na última festa do Sagrado Coração de Jesus, de fazer do sítio da Lola um centro que diz associar trabalho social com espiritualidade é mais uma tentativa de burlar as evidências, como tantas que temos visto. Isto porque a espiritualidade da Lola está ligada à ciência da fé, tem origem e fundamento em contemplativos altamente ativos em termos de benefícios à humanidade, pois pela elevação dos espíritos a Deus se encontra  soluções para todos os problemas humanos, embora a vã vaidade humana queira  fazer crer que sejam sanados por meio de recursos meramente humanos, prescindindo do culto a Deus com toda a solenidade requerida por quem tem consciência de Quem seja Deus.
O culto a Deus não pode ser um recurso para reunir o povo com objetivo de incutir pobres preceitos humanos que podem, e são, mudados de acordo com o poder de plantão.
Os que seguem a espiritualidade da Lola precisam, para subsistir, que a espiritualidade e doutrina católica aconteçam na íntegra, tal como a recebemos de nossos antepassados e que perduram ao longo de mais de dois mil anos.
Os modernos de hoje não podem ser mais importantes que os modernos de ontem que fizeram o mundo evoluir em cultura, arte e ciência, até o ponto de civilização que conhecemos.
Muito arriscado seria abraçar novas ideias que vão contra as que fizeram de nós o que somos; seria um suicídio cultural, totalmente incoerente com luta de muitos para preservar as culturas indígenas e outros pensamentos mais modernos. Seria nossa cultura católica, repleta de doutores em todas as épocas e ciências, menos importante do que as outras?

O que temos assistido em Rio Pomba é algo realmente assustador:

1- Um arcebispo assinar escrituras (mais uma vez, por que são duas?) recebendo terras em nome da Arquidiocese católica, com liberdade para dar a elas o destino que bem entender, usurpando o direito da vontade legalmente expressa de uma cidadã considerada santa pelo povo católico.

2- A associação fundada para defender o direito civil de que os interesses religiosos manifestados por uma cidadã sejam cumpridos, depois de tantas sangrentas lutas morais e espirituais, agora pede perdão aos agressores daquela cujos interesses a associação existe para defender. Isto por meio da "imensa maioria" formada pela vice-presidente e um único membro.

3- Para uma observação um pouco mais atenta, o que está por trás deste afã de tirar o processo da justiça, de "evidenciar um acordo", é que o processo de beatificação de Dom Luciano Mendes, o signatário da escritura, está a pleno vapor e jamais seria aprovado pelo Vaticano como beato ou santo, quem não teve o escrúpulo necessário e se deu a esta prática. O processo movido pela AACL prejudica, e muito, beatificação de Dom Luciano, considerado por seus seguidores muitas vezes mais importante que a Lola, cuja vontade seria, para ele, irrelevante.

Estes fatos configuram seguidos abusos de autoridade que fazem com que quem preza a própria dignidade faça o que tiver ao alcance, para deixar claro que não é cúmplice destas "tramoias", o que seria, se se rendesse à omissão.

                                                                       Rio Pomba, 13 de julho de 2012

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