segunda-feira, 28 de julho de 2014

Arte Sacra - Exposição “Ícone, uma janela para o Céu”

  

O Espaço São Bento, mais uma vez, está repleto de arte de alto nível.  Acontece lá a exposição “Ícone, uma janela para o Céu”, de arte sacra bizantina, originária da Rússia,  com  obras de dois expositores: Padre Almir Flávio Scomparini, sorocabano e pároco em Boituva, e a senhora Julieta Luvizoto Nicolau, paroquiana de Cerquilho. A exposição, cuja abertura aconteceu na noite de 25 último, fica até o dia três de agosto próximo, e faz parte das comemorações dos 90 anos de criação de nossa (Arqui) Diocese. 

 As obras, que ainda hoje são “escritas” usando as mesmas técnicas e materiais usados na era medieval, foram muito apreciadas pelas pessoas presentes na vernissage; mais ainda depois ouvir dos expositores, numa ilustrativa palestra, como cada mínimo detalhe é importante nessa técnica. Segundo os artistas, trata-se de um trabalho de ascese espiritual no qual se encontram o enlevo do espírito pela oração, a disciplina em aplicar as técnicas dentro de rigorosos trâmites e a aplicação dos dons recebidos de Deus dentro de um espírito de obediência às normas e critérios do estilo da arte, praticados da mesma maneira desde o século V. Tão importante, e talvez mais ainda, é o conhecimento acerca das verdades da fé, que são representados em incontáveis detalhes incluídos em cada obra. 

Causou admiração saber que cada obra é feita em uma placa de madeira maciça, revestida de um tecido de linho, que representa o sudário, ou o pano que acolheu Jesus depois da sua morte na cruz, ou quando acabara de nascer como ser humano. Em seguida são aplicadas 12 demãos de gesso, 12 é um número muito significativo para a nossa fé, 12 são os apóstolos, 12 as tribos de Israel… A partir desse ponto a obra passa a ser escrita. "Para o iconógrafo cada quadro é  a palavra de Deus em cores e formas”,  explica Padre Almir; segundo ele,  para a Igreja  Oriental o ícone é mais do que um recurso catequético da evangelização, é um sacramental. 

A pintura é feita, usando como têmpera gema de ovo, misturada a vinho branco, que  umedecendo diversos pós de minerais coloridos, fornecem a pigmentação. A folha de ouro é também muito usada.

Nossa Arquidiocese está de parabéns com tão elevado nível de arte, que Padre Almir e Julieta usam como riquíssimo meio de evangelização. Padre Almir, que dá paletas sobre essa arte também em outras Dioceses, ensina a tão encantadora técnica em Sorocaba, em aula semanais. Entre seus entusiasmados  discípulos estão Antônio Rodrigues Chagas, Silvia Gomes, Ana Cecília Furlan, Maria Cipriana e Elenice Oliveira Silva.


Exposição “Ícone, uma janela para o Céu"
Local: Espaço São Bento, no Largo São Bento
Data: de 28 de julho a 3 de agosto.
Horário de segunda a sexta: 9h- 18h; sábado 8h-12 e 17h-20h e domingo 8h-12h
Entrada franca

Padre Almir Scomparini
Julieta L. Nicolau






 detalhe de um ícone









Giselle Neves Moreira de Aguiar


sexta-feira, 25 de julho de 2014

São Tiago Matamoros e as guerras santas, ontem e hoje.









  A  imagem de São Tiago Matamoros, que horroriza muitas pessoas na Catedral de Compostela, na Espanha, é um retrato da alma humana, que é cenário de batalhas violentas.  Os efeitos dessas batalhas repercutem na vida material,  e podem  chegar até  a promover  derramamento do sangue biológico.  Tudo acontece naturalmente, a dor do conhecimento de fatos dolorosos impele à luta em defesa do que sofre. Primeiro acontecem as condenações, a artilharia verbal que pode ofender atingindo o  sagrado alheio. Daí à agressão física é só um passo. A razão se perde, e fica somente o sentimento de aversão que causou a dor, aparentemente justificando a violência. Loucura. Não apenas parece ser, é loucura, profundamente humana.

É da natureza, o instinto de autopreservação.  O desprezo da vida biológica é sinal de anomalia, uma anormalidade, que pode ser doença emocional ou santidade, que é o  interesse pelos valores espirituais a tal ponto de desprezar os prazeres da vida biológica por viver a cultivar os do espírito, que sabe ser imortal.

A vida humana é considerada especial em relação aos outros tipos de vida porque o humanos têm características que os permitem escolher e determinar os acontecimentos que compõem a sua própria existência. 

A história da humanidade confirma que os humanos nascem em comunidades, cujos valores e paradigmas são passados de geração em geração, de maneira que o conjunto deles determina a identidade de um povo ou etnia. 

Fora do seu habitat natural um ser humano padece mais do que normalmente sofrem os outros animais. Ele tem necessidades emocionais e intelectuais que dependem dos valores e paradigmas entre os quais se desenvolveu e pautou o seu crescimento. Tais necessidades são tão importantes que mesmo quem nasceu e cresceu em outro ambiente diferente do dos seus ancestrais, sente um tipo de nostalgia que uma psicanálise pode dizer que se trata de um calo na alma, algo que não chega da doer, mas que se faz presente, lembrando um hábito de vida que marcou indelevelmente o indivíduo que, de alguma forma, sente sua falta.

A história conta também, que, ao longo do seu acontecer, os povos interagem entre si, por meio do comércio, relações diplomáticas e, às vezes,  por atitudes beligerantes. Na antiguidade eram movidos por amor ao próprio modus vivendi, que, intrinsecamente, cada indivíduo acreditava que o seu fosse o melhor de todos, ou pior ainda, que o seu seria o único válido e que todas as outras maneiras de ver a vida seriam falsas. Da maior ou menor intensidade desse sentimento humano dependia o relacionamento entre os povos. Os que se sentiam mais fortes, eram impelidos a dominar belicosamente os considerados ignorantes e fracos a seu redor, enquanto impunham seus valores e culturas sobre os dominados, que debatiam o quanto podiam para defender seu território e a liberdade de viver segundo  seus próprios critérios.

 A observação de cada etapa do tempo linear da história faz notar que os tipos de comportamento dos povos em relação aos outros só variam pelos tipos de armas usadas. Os sentimentos que os impelem são sempre os mesmos: o do mais forte querendo dominar e ampliar sua área de conforto para fortalecer suas características e a do  agredido querendo se defender para continuar a existir. Continua, até hoje, o velho instinto de autopreservação natural, que nos seres humanos é mais abrangente do que nos outros animais. 

Quanto mais o tempo passa mais evolução acontece e as armas vão se tornando mais sofisticadas, mas continuam provocando dor e muito sofrimento aos seus alvos. Também, os seres humanos foram, aos poucos, descobrindo que o que os movia belicosamente era o conjunto de valores invisíveis que  tinham em comum, o que fazia deles um povo. Valores que só a alma humana pode avaliar.

Assim, as guerras foram acontecendo por motivos claramente espirituais, os religiosos, os mesmos que defendiam os humanos da própria violência, os que lhes davam a transcendência do invisível, os que os tornavam melhores aos próprios olhos: os valores que condenam a violência e proíbem matar porque consideram a vida sagrada.

 Nesse ponto da história, formado de um longo período, surge a esquizofrenia, que dissocia o pensamento e o sentimento da ação praticada. Quando o amor aos valores mais sublimes impele os humanos à guerra. 

As guerras religiosas são as mais humanas, quando o instinto de sobrevivência se torna forte e impulsiona os indivíduos que formam um povo  a atacar a quem os deseja destruir, para, pelo menos, morrer lutando, honradamente por algo que valha mais do que a vida biológica. 

 Essas premissas são necessárias para entender os habitantes da Espanha, que no século IX, vendo sua terra invadida e dominada pelos mouros islâmicos, que além de entrar nas suas igrejas e catedrais à cavalo, profanando seus lugares sagrados, exigiam um tributo de cem donzelas dos habitantes do lugar.  Diante da agressão e ofensa ao que tinham de mais sagrado, os espanhóis invocaram o auxílio de um apóstolo de Jesus Cristo, São Tiago, cujos restos mortais haviam sido descobertos na  sua terra anos antes. A tradição  diz que o santo teria aparecido em batalha, num cavalo branco, com uma espada na mão incentivando  os cristãos à luta, vencida na famosa batalha de Clavijo, a partir da qual os invasores foram expulsos. Desde então surgiram as imagens de "São Tiago Matamoros"

 Atualmente, quem vai à Compostela e vê a grande imagem do Santo, sobre o cavalo, a atingir pessoas com golpes de lança, fica no mínimo assombrado com a violência e incoerência da cena, e é capaz  de imaginar coisas horríveis acerca dos cristãos antigos e sua fé. Mas, quem procura tecer a narrativa da vida com a linha do tempo, pode compreender o que sentem os protagonistas das violentas cenas de guerras que acontecem hoje no Oriente Médio entre judeus e islâmicos,  no Iraque, na Síria, e redondezas, assim como em vários lugares do mundo onde acontecem atos de terrorismo. Os cristãos, devotos e São Tiago, por sua vez, agiam da mesma maneira, nas devidas condições: movidos pelo sentimento de ameaça da perda de algo mais valoroso que a vida biológica. 

O escritor inglês, G. K. Chesterton define bem esse sentimento tão humano  que se mantém intacto ao longo de décadas, séculos e milênios, por mais que queiram dissimulá-lo ou lhe dar outras conotações: “O verdadeiro soldado luta não por ódio ao que tem pela frente, mas por amor ao que tem por detrás.”

Enquanto as guerras e lutas forem pelo sagrado, ainda há esperança para a humanidade. Quer dizer que ainda há algo, imensurável por meios materiais, por que vale a pena lutar. Pior que  tais guerras, é a sensação falsa de conforto e prazer difundida por quem deseja dominar mentes corações pela mera sensação do próprio poder;  por esse modo, a humanidade toda estaria já como os habitantes da "Matrix"…

Giselle Neves Moreira de Aguiar

sábado, 19 de julho de 2014

Oração de Santo Elias

20 de julho - dia de Santo Elias, profeta, o precursor dos carmelitas.


 Oração de Santo Elias 

Senhor, Deus dos Exércitos, que manifestates o teu poder em Santo Elias, Profeta, defensor da Justiça, da Ética e da Vida, sendo de Deus no meio do povo; dai-me força e coragem para caminhar.

Que o Divino Espírito Santo venha me iluminar nas noites escuras. 
Livra-me do deserto da vida, da falta de fé, dos deuses da modernidade. 
Atende a esta súplica neste momento de cansaço e indecisão. (Fazer o pedido)

Que a Virgem do Carmo e Santo Elias me cubram com o Sagrado Manto e revistam-me com o Santo Escapulário.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, na Unidade do Espírito Santo.
Amém

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Romaria à Aparecidinha - julho de 2014

13/07/2014. Como acontece duas vezes ao ano, uma em janeiro outra em julho, mais uma vez a romaria à Aparecidinha moveu milhares de pessoas de Sorocaba e região:


Às 5horas da manhã/ madrugada a praça em frente à catedral já estava repleta de romeiros.

  

Após a Santa Missa, celebrada nas escadarias da Catedral pelo Arcebispo Dom Eduardo Benes Rodrigues,  o cortejo segue com destino ao Santuário de Aparecidinha.
O segundo constuído no Brasil para homenagear Nossa Senhora Aparecida, daí nome "Aparecidinha".

Segundo o folheto distribuido no Santuário, escrito pelo seu pároco, Pe. Marcos Ribeiro de Carvalho, ele teve como origem  na capela construída em 1785 para abrigar uma  pequenina imagem, que teria sido feita por um índio e que  ficava em um nicho, no tronco de uma árvore.  O lugar  era passagem dos tropeiros, que pararavam sempre ali para pedir bênção à Mãe de Deus, lembrada pela pequena imagem.

Tem-se notícias de que as romarias existem desde 1808, outros dizem que desde 1852.  A apartir de 1899, por causa de um segundo surto de febre amarela, Monsenhor João Soares, pároco da então Matriz de Nossa Senhora da Ponte, fixou as datas das romarias: a 01 de janeiro a imagem vem do Santuário para a Matriz, hoje Catedral, e no segundo domingo de julho volta para o Santuário, sempre carregada pelo seu povo.

Hoje o Santuário é assim:



 Voltando à romaria deste ano, a saida do cortejo foi assim:



 Todas as vezes, acontece uma parada na ponte sobre o rio Sorocaba, que une os dois lados da cidade.
Nesse momento acontece um repicar de fogos, homenagem dos moradores do bairro.
Neste ano,  parecia que um havia 'um mar' de filhos da mãe de Deus.


O cortejo segue, passa pela Santa Casa de Misericórdia:



 Nesse ponto, muitos sorocabanos seguem um pedaço do cortejo, ou vêm apenas para homenagear
Nossa Senhora, como as irmãs Bufalo, que já fizeram muitas vezes a caminhada:


Sobre os ombros da multidão de seus filhos, a imagem da Mãe percorre a cidade.
Os que caminham sentem um conforto muito grande, os corações estão em paz, se soltam. O ambiente é totalmente favorável aos filhos de Deus.  AQUI TODOS GOSTAM DE NOSSA SENHORA!


Um clima de respeito e alegria vigora. Muitas pessoas cantam hinos marianos, lembram canções que ouviram de mães ou avós,  Muitos rezam o terço:

                                    



A romaria percorre grande parte da cidade com a imagem da Mãe:





No longo trajeto, de cerca de 15 km, a imagem de Nossa Senhora é homenageda pelas firmas localizadas no caminho:





 







Muitas dessas pessoas e firmas oferecem também o uso de sanitários aos romeiros, mas o governo municipal disponibiliza sanitários químicos, ao longo de todo o percurso:


 A caminhada prossegue; encanta ver a generosidade de pessoas e firmas que oferecem gratuitamente, pão, água, chá e café aos peregrinos:




A distância vai sendo vencida, todos juntos, demonstrando sua fé e alegria em família. A imensa família dos filhos de Deus e da Virgem Maria:



A chegada enche de alegria o coração do romeiro, que enfrenta grande fila para se reverenciar diante de uma imagem de Nossa Senhora Aparecida que fica no Santuário novo:





Depois de visitar o o santuário, é preciso comer um pastel, feito com muito carinho pelas pessoas da paróquia do Santuário. Elas trabalham dias antes para organizar  a recpcão de tantos filhos da sua Mãe.
Quem observa, vê com gosto que os pasteis são produzidos, por senhoras da terceira idade em maioria, assim como são fritos por senhores mais responsáveis. Aos jovens cabe trabalhar no caixa e no atendimento aos fregueses. Mais uma vez, a família  de Deus trabalhando unida.



Quem chega mais cedo, espera a chegada da imagem. Um sentimento de tranquilidade se instala.


A chegada da imagem, precedida pela de São Benedito, faz todo mundo se levantar e recebe-las com alegria:



 Finalmente,  o sentimento do romeiro é traduzido pela letra da música cantada com tanto amor:

Aqui estão vossos devotos,
Cheios de fé incendida,
De conforto e de esperança,
Ó Senhora Aparecida.

Viva a Mãe de Deus e nossa!
Sem pecado concebida,
Viva a Virgem Imaculada,
Ó Senhora Aparecida!


Todas as fotos foram tiradas neste dia, 13/07/2014.