A responsabilidade individual do leigo católico.




                    Artigo publicado no antigo blog d'Obeija-flor em 03/11/2010      

         Diante do momento político que vivemos, quem quiser viver o cristianismo, deverá ter o espírito preparado e jamais despir a armadura do cristão a que São Paulo se refere em Ef 6, 10-19.

          Por outro lado acredito que seja mais confortável o hoje vivido, do que os anos mais próximos passados. Algo já tem acontecido. Os que querem seguir fiel e integralmente a fé que receberam dos apóstolos, regada pelo amor de nossos pais e avós, já tem aliviada a névoa que mistura verdades com mentiras enquanto sufoca os que nasceram para viver no Reino de Deus.

     Tal atmosfera venenosa traz consigo a morte. Muitos, verdadeiros católicos que nunca perderam a visão de mundo dada pelo Evangelho pregado pelos primeiros Apóstolos, e que a Igreja conserva quase milagrosamente, morreram de dor, por não suportar ver e ouvir certas autoridades eclesiásticas pregarem justamente o contrário do ensinou o Fundador da nossa Igreja, Nosso Senhor Jesus Cristo; cuja imagem é mostrada aos mais jovens sendo cada vez mais corrompida e diminuída, comparada até a um ser humano comum, mortal e pecador como Che Guevara.

       Sob tal atmosfera acontece também outro tipo de morte, muito pior, a morte da alma. Como semente plantada entre espinheiros, a fé católica trazida já no nascimento, incorporada ao DNA, não consegue sobreviver a um sem-número de pregadores da seita do ateísmo, nas escolas, que mentindo, dizem aos jovens que ciência e religião são antagônicas. Fazem para os nossos jovens uma caricatura das religiões, como se fossem coisas de pessoas ignorantes e despreparadas. Omitem, entretanto, que a grandíssima maioria dos conhecimentos humanos de que hoje dispomos nos foi legada por pessoas de fé. Desonestamente distorcem as palavras para que o raciocínio dos jovens seja formatado pelo ateísmo; e por isso muitos jovens têm mortas as almas, sepultadas num mundo puramente materialista, sem transcendências.

        Portanto, quem quiser ser católico hoje, precisa observar que a vida hoje é muito diferente da vivida por nossos pais; o que não quer dizer que seja pior.
Antigamente podia-se confiar nas pessoas, hoje não. Antigamente podia-se se engajar na luta por qualquer ideal, hoje não. Não podemos confiar naqueles que querem formatar a o nosso raciocínio para que o mundo seja mais confortável para eles.

         A vida do verdadeiro católico hoje é muito mais plena e mais intensa. Não dá espaços para mornidão. Ou se é cristão-católico ou não. Para ser cristão-católico é necessário abrir caminho entre milhares de subjetivismos e ideologias que nos são impostos, incorporados à doutrina dos Apóstolos, e que pretendem mascarar o próprio conceito de Deus.

          Aceitar o que se oferece, como formação oficial, de muitas “igrejas particulares e das conferências parciais” hoje, é abrir mão da identidade de católico atribuída a nossos pais. No máximo o que se pode conseguir é ser membro de um festivo clube, onde os ritos são meros pretextos para reunir as pessoas e proporcionar uma vida social insossa. Isso quando os ritos não são motivos para “engajar” os fiéis na luta fratricida entre as classes sociais.

        Pretende-se substituir o amor a Deus pelo amor ao próximo, especialmente o infrator, que é sempre o coitadinho, nunca poderá ser responsável pelos próprios erros. A culpa é sempre da sociedade, das elites. Os honestos, trabalhadores responsáveis e que cultivam a vida familiar são aviltados.

         Toda autoridade é contestada, inclusive a do Papa. As leis também, inclusive as civis, têm seu valor relativizado; age-se sempre segundo o interesse do momento. Não é de se estranhar que tal ambiente seja propício para todo tipo de aberração e todo tipo de corrupção, inclusive a do próprio planeta.

        O verdadeiro católico não pode aceitar essa falsa religião travestida de oficial. Ela é o meio de cultura que gera os mais terríveis tipos de corrupção, que nossos pais sequer poderiam imaginar, em todos os aspectos da vida.

        O que de melhor tem acontecido é que o santo Padre tem se manifestado em nossa defesa. Apresentou recente e publicamente a defesa dos que lutam pelos valores cristãos na democracia brasileira. Tal episódio nos esclareceu quais são as poucas autoridades nas quais podemos nos apoiar.

      Mas, ainda recentemente, na carta aos católicos irlandeses a respeito da pedofilia na igreja ele recomenda aos bispos:

      “Também os leigos devem ser encorajados a fazer a sua parte na vida da Igreja. Fazei com sejam formados de modo que possam dizer a razão, de maneira articulada e convincente, do Evangelho na sociedade moderna (cf. 1Pd 3,15), e cooperarem mais plenamente na vida e na missão da Igreja. Isto por sua vez, ajudar-vos-á a ser de novo guias e testemunhas credíveis da verdade de Cristo.”

           Se ainda não encontrarmos bispos que nos apoiem, o Santo Padre ainda nos diz na mesma carta aos irlandeses, agora falando às crianças e aos jovens da Irlanda, que é preciso ter uma relação pessoal com o próprio Cristo, amá-lo e confiar somente nele. “Ele nunca trairá a nossa confiança. Só Ele pode satisfazer as nossas expectativas mais profundas e conferir às nossas vidas o seu significado mais pleno, orientando-nos para o serviço ao próximo.


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