sábado, 30 de novembro de 2013

O Esperto



Deixando o limiar dos gabinetes onde se manipulam as conveniências políticas da nova ordem, da direita ou da esquerda, encontramos hoje nas ruas, nas esquinas, nas casas, um difuso maquiavelismo, espécie de barbaria a varejo, elevada à categoria de suprema virtude social. O cidadão de nossos dias gaba-se de ser esperto. É verdade que tudo conduz a esse resultado, pois a vida das cidades vai se tornando, dia a dia, mais intrincada e problemática, e portanto mais selvagem, do que a vida dos selvagens. A conquista de um lugar no bonde tem qualquer coisa da abordagem de um junco por piratas malaios; a compra de um pão requer astúcia do caçador.

Já vai longe, esbatido numa lembrança quase irreal, o tempo em que um homem, andando na cidade em compras ou boêmia, tirava o relógio do bolso e dizia aos amigos, com simplicidade, essa frase  prodigiosa: “Vou para casa.” E ia. Ia para casa com o espírito livre; ia andando com plenos direitos à distração e ao sonho, sentindo-se legítimo herdeiro de um imenso patrimônio que, entre outras maravilhas, constava de bondes dóceis e padarias fartas. 

Hoje, tudo se arma em problema; e é nisso, exatamente nisso, que consiste a  selvageria. O selvagem é selvagem porque não tem o espírito livre. O civilizado é civilizado porque não sente a presença e os entrechoques da maquinaria que move a cidade. O selvagem é selvagem porque sua maior virtude é a astucia. O civilizado é civilizado na medida em que pode manter uma candura municipal. É lícito dizer, portanto, que o mundo se torna bárbaro, quando em política, na vida das ruas, e no interior das casas, reina um imperativo de tecnicalidades, aceitas e glorificadas, para todos os atos simples que o homem já havia superado. O selvagem é o técnico por excelência; o selvagem é o mais tecnológico e tecnocrático dos homens. Se é rústica a sua engenharia, rigorosamente técnica spengleriana  é a sua concepção tática da vida.

A lei supera a esperteza e o amor supera a lei; e tanto na lei como no amor a base é o senso de reciprocidade e reconhecimento do outro enfaticamente exaltados até o propósito do sacrifício. O assassino e o ditador são criminosos, cada um em seu gênero, porque negam a reciprocidade, rompem um pacto, e julgam que um ímpeto de suas vontades pode ser uma lei, ou um decreto-lei, dentro do mundo dos homens. Mas o ditador  é pior do que o assassino, já por causa da impunidade em que se instala. já pelo próprio resultado material que se traduz, mais cedo ou mais tarde, não em um cadáver esfaqueado que uma ronda da madrugada descobre num ângulo escuro da cidade , mas em milhões de cadáveres esqueléticos que o lápis da estatística num gráfico.

É difícil determinar com precisão a relação de causa e efeito entre a esperteza política que triunfa na ditadura e a esperteza generalizada do povo. Parece-me que o fenômeno progride por meio de avanços alternados, ora de um lado, ora do outro, até o dia em que a atmosfera popular de esperteza, isto é, de desmoralização, se transforma num apelo, numa invocação, num imprecatório apetite de tirania. Nasce então o mágico, não menos responsável, porém a mais explicável. E ao cabo de uma dezena de anos agoniza a nação.

A legislação de uma sociedade tem uma dura contingência: ninguém pode alegar ignorância da lei. Todo mundo sabe que não seria possível legislar deixando para as mais simples infrações essa escapatória que, por fim, certamente atingiria os mais graves delitos. Mas também todo mundo sabe que quase todo o mundo ignora o conteúdo dos códigos. Não somente o homem simples, mas o próprio civilizado será mais civilizado na medida em que ignorar a lei e nela viver com simplicidade e desembaraço. Entre os poucos feitos gloriosos que lego a meus filhos, e de que me gabo, está o ter sido um dia preso na passagem de uma fronteira por falta de passaportes, e estão as miúdas infrações em repetidamente  caí por uma incapacidade irremediável de compreender os caprichos de minha prefeitura, consignados em misteriosos papéis cobertos de caracteres ilegíveis e de iluminuras com monstros aquáticos.

Na base de uma legislação há um binômio indispensável: de um lado, a lei deve ter a medida do homem, deve estar impregnada do espírito que mora nos simples e antigos instintos populares: de outro lado, o povo que a recebe deve possuir, além desse vivo instinto, a corajosa disposição de aceitar a dureza da lei em nome do bem comum. Quando falta um desses elementos começa a corrida para um reajustamento que se torna cada vez mais difícil, pois onde perdem a força os mandamentos e a noção do bem comum, debalde tentarão os técnicos  interpolar minuciosos artigos para apertar as malhas da lei. O abismo se torna cada vez maior e o cidadão, perdendo a inocência cívica, tende para o esperto, e dessa tendência, como numa incubação, surge o triste herói dessa triste cidade: o mais esperto. E quando numa tarde embandeirada, entre fanfarras e discursos, o pagé astuto toma conta do poder, podemos dizer que está partido aquele fio estendido entre as colinas do ontem e as invisíveis montanhas do amanhã. E podemos marcar, com a precisão dos cálculos de eclipse, as datas da fome, da desolação e da desmoralização.

A esperteza é feia, é ignóbil, mas é sobretudo estéril; fecunda é a inocência. Fecunda é a fidelidade. Os homens de nossos dias espezinham a inocência e a fidelidade. E perdem a memória. E tornam-se espertos. O esperto é o homem de longa malícia e curta memória; seus impulsos são breves como um piscar de olho; suas reacões são elementares, as glandulares, de que são capazes os ratos.

Gustavo Corção, trecho do livro:
Três Alqueires e uma vaca - Editora Agir -  Rio de Janeiro - sexta edição - 1961 -

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Documentário Blood Money - Um filme que prende a atenção falando de muita dor -





 Está disponível no Youtube o filme “Blood Money - Aborto legalizado”, dirigido por David K. Kyle. Produzido nos Estados Unidos em 2011, o documentário tem causado consternação, e ao mesmo tempo esperança, nas muitas pessoas que o assistem, ao mostrar  os depoimentos de cientistas, médicos e juristas de relevância dos Estados Unidos  sobre a liberação do aborto naquele país, em qualquer estágio da gestação. 

Os cientistas afirmam que, por todos os olhares da ciência, as análises confirmam que a organização dos cromossomos do feto está definida desde o momento da concepção, e é diferente da organização cromossômica da mãe. Tal fato evidencia que um novo indivíduo vive, embora seja dependente do corpo da mãe até atingir um determinado estágio da sua vida em que se tornará independente. Um novo ser, que tem tanto direito à vida  quanto sua mãe, portanto, as leis deveriam ampará-lo por ser o mais frágil.

Os juristas dizem que a Constituição Americana tem o objetivo de preservar a liberdade e os direitos das gerações futuras, no entanto, a nova lei que autoriza o aborto as atinge de maneira cruel.

Impressiona muito os depoimentos das pessoas que, durante muito tempo, realizaram abortos. Elas contam como a nova lei permitiu que pudessem agir livremente, expandir o “lucrativo negócio” porque as clientes geralmente pagam à vista, em dinheiro, por desejo de esconder o que pagam. Tal procedimento permite que impostos sejam sonegados com facilidade e, em casos de morte ou dano da “paciente” raramente o “profissional” é processado; porque ninguém quer admitir que realizou um aborto ou teve um membro da família que o fizesse. Apesar de muita mortes acontecerem, o real motivo é omitido.

Sociólogos e humanistas explicam como acontece o grande número de abortos, principalmente entre as mais jovens que, graças a um programa governamental chamado “Paternidade Planejada” recebem, nas próprias escolas, preservativos e pílulas anticoncepcionais. Porém, sob alegação de protegê-las do excesso de hormônios, as pílulas têm dosagem cada vez menor de princípio ativo, o que obrigaria as jovens a tomar os comprimidos em horas certas, coisa que as quase meninas, despreocupadas, raramente fazem; assim, muitas engravidam, apesar das pílulas. 

Quando a gravidez acontece elas recebem o “apoio” do programa que lhes apresenta a possibilidade de se ver livre do “problema” realizando um aborto.  As jovens contam que só lhes é apresentada a “solução” do aborto,  e que recebem a informação de que não se trata de um bebê, mas “uma bolsa de tecido” que pode ser extirpada. 

Não lhes é apresentada a opção de acolher, com amor, a criança que deverá ser motivo de grandes alegrias e realizações suas, como mãe e mulher; elas tomam a decisão de abortar baseadas na desinformação, em momento de crise, somada à grande imaturidade. O sofrimento psicológico que lhes vêm depois do aborto é muitas vezes maior, em intensidade e duração, do que seria o de enfrentar a gravidez durante os nove meses. É grande o número das que cometem o suicídio.
 
Mostrando um aprofundamento no assunto, o documentário cita Margareth Sanger, fundadora da Liga Americana do Controle da Natalidade (ABCL) como a precursora do Programa Paternidade Planejada. Uma  pesquisa na internet permite verificar que tal senhora se empenhava, já em 1917, pelo controle da natalidade de negros e amarelos para a salvação da civilização americana, conforme seus artigos: “Alguns aspectos morais da eugenia”, “A consciência eugênica”, “Controle de natalidade e eugenia positiva”, publicados na revista “Controle de Natalidade”, fundada por ela. 

O diretor do filme acredita que a eugenia esteja por traz da razão pela qual os abortos acontecem em porcentagem muito maior entre as mulheres da população negra.

Notícias como as divulgadas nesse documentário certamente não acontecem somente nos Estados Unidos. Por incrível que pareça, em países  cujos governantes se colocam como críticos da cultura americana,  entre eles o Brasil, é aplicado o mesmo marketing ideológico dos apologistas do aborto nas escolas, com as bênçãos da ortodoxia social da mídia mais proeminente. Desta maneira, o povo se encontra quase na mesma situação das jovens do filme, que são obrigadas a “escolher” conhecendo somente uma opção. Mas a própria existência de documentários como esse, já é motivo de esperança. Uma visão diferente, embora dura e real, é apresentada ao público, fornecendo outra opção de de posição, pelo menos no que diz respeito à questão do aborto.


O filme no Youtube

Artigo Publicado no site da Arquidiocese de Sorocaba

Cristo Rei


Ele é a imagem de Deus invisível, o Primogênito de toda a criação. 
Nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as criaturas visíveis e as invisíveis.
( ) Tudo foi criado por meio dele e para ele.
Ele existe antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem nele.  
Ele é a Cabeça do corpo, da Igreja( ).
Porque  Deus quis habitar nele  com toda sua a plenitude e, 
por ele, reconciliar consigo todos  os seres , os que estão na terra e no céu, 
realizando a paz pelo sangue da sua cruz. - Cl 1, 15-20 -

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Dia de Santa Cecília


Véspera do dia de Santa Cecília, a padroeira dos músicos, 
comemorada com um belo concerto e solo de harpa.

Divino!

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Devoção a São Benedito


Em Sorocaba existem muitos devotos de São Benedito.
As capelinhas com sua imagem visitam as casas das famílias que 
cultivam as virtudes e o exemplo desse grande ser humano,  santo da Igreja.



obeija-flor.com.br


 Saiba quem foi São Benedito 

domingo, 17 de novembro de 2013

Sobral, o homem que não tinha preço

Cartaz da divulgação 
Antes de ler  este artigo, sobre o documentário de Paula Fiuza, é recomendável ver o trailler e a sua sinopse. ( Para os que não o viram )


                Tempos difíceis estes últimos, vividos na grande Babel que se tornou o mundo, feito pequeno por conta da internet.Tempo em que cada pessoa fala o que vê e sente, segundo seu repertório de vida. Assim também o fizeram, em depoimentos, a filha e os netos de Sobral Pinto, mais especificamente Paula Fiuza, a diretora do filme. Porém, há de se observar uma linha firme que une o raciocínio dos depoimentos de seus parentes: todos demonstram um profundo orgulho e admiração pelo exemplo dado pelo pai e avô. 
       É preciso notar também a solidão de Sobral, até mesmo na própria família. O documentário deixa transparecer, mais fortemente nos mais jovens, que a figura do avô, enquanto vivo, não era muito admirada na família; era, talvez, vista como a maioria dos jovens das últimas gerações vê os mais velhos, com um misto de certa vergonha e até como alvos de despretensiosos deboches. O passar do tempo, no entanto, e o bom exemplo dele comparado aos dos “heróis da atualidade”, apresentou-lhes a ‘real’ figura do avô; mas, ainda, uma figura construída segundo a visão permitida pelo repertório adquirido no meio cultural em que viveram, onde as religiões são descritas como vilãs e guardiãs da ignorância. Assim pelejam para descrever o avô, cuja alma está a quilômetros, em altura, das almas movidas pelo pesado espírito materialista que molda pensamentos e raciocínios das novas gerações.
            No filme, os depoimentos dos juristas, políticos e jornalistas evidenciam o bem extraordinário que tais pessoas viram em Sobral, mas nenhuma pôde captar e, menos ainda, expressar o espírito que o movia, a sua religiosidade que, aliás, foi quase totalmente omitida no filme, como se fosse, talvez, algo que tirasse o brilho da pessoa dele.

            No entanto, a religiosidade de Sobral era a usina de onde vinha toda a sua energia cívica, o que o impedia de suportar o sofrimento humano vindo de injustiças praticadas por seus semelhantes. Ele assistia, diariamente, a Santa Missa. A comunhão eucarística do corpo e sangue de Cristo era seu alimento para o corpo e para alma, e que lhe dava a lucidez e a energia para ver e agir, em cada situação, com a simplicidade dos que se sabem frágeis e que têm a total noção das ameaças à integridade de sua pessoa, as mesmas que atingem cada ser humano, considerado seu irmão de criação e membro da família constituída pelo incontável número de seres humanos, tão frágeis como ele. Todos, extremamente dependentes de Deus, cuja presença ele buscava nos primeiros atos de cada dia  seu, na Santa Missa. Portanto, na sua visão cristã, só existiam vítimas entre torturados e  algozes, e cabia a ele, como advogado da Justiça, esclarecer aos algozes a ignomínia de suas atitudes, para livrá-los da autoria das atrocidades, tanto quanto a necessidade que tinha de livrar as vítimas dos abusos de autoridade. 


           O documentário  também mostra casos em que ele afirmava a alguns de seus defendidos que  seu interesse era defender  o Direito Universal dos seres humanos e não as causas particulares que os moviam. Foi muitas vezes incompreendido, perseguido e até preso por defender suas convicções. Na verdade, Sobral viveu até às última consequências a sua filiação divina, a do verdadeiro católico. A sua vida se encaixa perfeitamente nesta passagem do Evangelho de São Lucas:

            "Disse-lhes também: Levantar-se-ão nação contra nação e reino contra reino. Haverá grandes terremotos por várias partes, fomes e pestes, e aparecerão fenômenos espantosos no céu. Mas, antes de tudo isso, vos lançarão as mãos e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, levando-vos à presença dos reis e dos governadores, por causa de mim. Isto vos acontecerá para que vos sirva de testemunho. Gravai bem no vosso espírito de não preparar vossa defesa, porque eu vos darei uma palavra cheia de sabedoria, à qual não poderão resistir nem contradizer os vossos adversários. Sereis entregues até por vossos pais, vossos irmãos, vossos parentes e vossos amigos, e matarão muitos de vós. Sereis odiados por todos por causa do meu nome. Entretanto, não se perderá um só cabelo da vossa cabeça. É pela vossa constância que alcançareis a vossa salvação.” - Luc. 21,10 -19 -

          Seu único interesse sempre foi o Reino de Deus como é descrito nos evangelhos. Tinha grande sensibilidade quanto as ameaças à liberdade, condição fundamental para o conhecimento e adesão à doutrina cristã. Essa sensibilidade e grande zelo pela liberdade é demonstrada no seu livro: “Teologia da Libertação, o materialismo marxista na teologia espiritualista”, onde denuncia, com o mesmo ardor que defendia os direitos dos marxistas, quanto à integridade física e a liberdade de expressão, a violenta invasão do marxismo na Igreja, causando grandes danos à integridade da sua doutrina e a liberdade de culto e consciência religiosa, inerente a TODOS os seres humanos.

         Heráclito Fontoura Sobral Pinto foi um homem de vastíssimo conhecimento que viveu com total simplicidade sua vida de cristão católico. Não é difícil imaginar como se comportaria nas manifestações populares de Junho de 2014 e, sobretudo, quanto ao julgamento do mensalão! 

                                                                                   Giselle Aguiar, novembro de 2013


Ficha Técnica do filme:
Direção: Paula Fiuza
Produção Executiva: Augusto Casé
Roteiro: Paula Fiuza
Direção de Fotografia: Jacques Cheuiche, ABC
Som Direto: Valeria Ferro
Pesquisa: Antonio Venâncio, Maria Byington e Cristina Vignoli.
Música Original: Marcos  Kuzka Cunha
Direção de Arte: Gisela Fiuza
Uma co-produção Casé Filmes & Canal Laranja
2012 – 84 minutos

Informação à Imprensa:
Casé Assessoria




quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Os últimos momentos do Governo João Goulart



                  Aceleram-se os acontecimentos depois do comício na Central do Brasil, no dia 13 de março. Lembro-me bem, e gostaria de que todos rememorassem aquela tarde sinistra. Sentíamos uma ameaça pesada e próxima. Dir-se-ia  que até no céu carregado se viam prenúncio de desgraça. Estavam ali reunidos os possessos que desejavam reduzir o Brasil a um presídio de  oitenta milhões de detentos. Os rádios, histericamente, transmitiam notícias, nomes, frases. Um matutino compusera sua primeira manchete com o novo titular: O COMISSÁRIO DO POVO... 

O agrupamento popular relativamente pouco numeroso, que cercava o palanque, procurava compensar sua tenuidade com multiplicação de gritos e de gestos. Um padre ( de batina) pulava quase um metro de altura cada vez que seu sistema nervoso era percorrido pelas descargas vindas dos slogans. E o povo? O povo que a UNE chamava de antipovo, olhava com medo e repugnância a desordem crescente. Greve todos os dias. 
         

        Naquela tarde sombria e lívida com contraste de tempestade e bonança, havia falta de luz. Racionamento da Ligth. ( Esse racionamento da Ligth em 64 foi uma das obras das antimetas de Juscelino Kubistchek; em seu governo a Ligth empreendera a construção da Usina de Ponte Coberta, que iria trazer mais 100.000 kW para o Rio. O empreendimento tinha financiamento estrangeiro, mas precisava de um aval do governo brasileiro e, portanto, de uma assinatura do Presidente. Duas vezes teve a empresa de dispensar seus trabalhadores para reatualizar os orçamentos, porque o Presidente Juscelino, com uma omissão criminosa, deixava de assinar seu compromisso. Durante um ano andavam os homens da empresa a procurar o Presidente, sem conseguir seu rabisco, que ativaria uma enorme construção e que traria luz e conforto a quatro milhões de cariocas.)
          

       Em nosso bairro as ruas estavam vazias, e nos rebordos das janelas víamos durante todo o dia velas acesas em sinal de que naquele apartamento rezava-se pedindo a Deus que não permitisse o assassinato do Brasil. Creio que foi nesta semana que um colunista católico escreveu que as reformas anunciadas por Goulart coincidiam com os ensinamentos de João XXIII!

       

     Precipitavam-se os acontecimentos. Foi nesta última semana ou na anterior?  Cada manhã, à saída da missa, os amigos se entreolhavam com o ar de quem tem em casa um grande doente. Evitávamos falar no assunto. Nesta manhã, porém, alguém perguntou:
-Viram o que aconteceu ontem na Ilha do Fundão?
O Presidente Goulart aprazara encontro com o Reitor, professores e estudantes. Desceu de helicóptero, mas  a meia altura mandou parar e começou a gritar:
- Os estudantes para a frente! Os estudantes para a frente!

        E a manada de estudantes rompeu a socos e empurrões a fila dos professores. E nós, ouvindo a história, sentíamos uma vergonha profunda, alternada com convulsões de cólera perdida. Ah! que vontade de combater! “O rage, o desespoir, o viellesse ennemie!” ( ô ódio, ô desespero, ô velhice inimiga!)
     

       Cada notícia era uma injúria; cada página de jornal, uma bofetada. E os nervos tensos, e o coração sangrando ... Não se via uma perspetiva, uma saída. A ténue esperança que tínhamos era de que o Exército se organizasse e seus chefes soubessem sobrepor a lei natural à mesquinha legalidade produzida pelo positivismo jurídico. Saberiam? Poderiam? O fato é que o comunismo já se achava no Poder e já tinha  a seu favor a moleza de uma sociedade maltratada por tantos e tão maus governos. Faltava-lhes um arremate de forma, mas contava com a grande imprensa, com os "intelectuais”, com os estudantes e com padres e até arcebispos “progressitas”que já ensaiavam a voz para a declaração:
-Companheiros! Eu também sou comunista! Eu sempre fui comunista!
         

       De onde nos viria o socorro humano, a reação viável? Trouxeram-me um revólver.  Que faria eu com um revólver contra um bando de executores que me cercassem a casa à noite? Aconselharam-me a mudar de posição  a mesa de trabalho colocada diante da janela. Cheguei a pegar na mesa, mas detive-me, prevendo que entraria numa espiral de precauções intoleráveis se admitisse a primeira. 

Aconselharam-me  a mudar de casa, mas o mesmo horror da organização do medo me tolheu. Sinceramente, a um Brasil emporcalhado de marxismo, eu preferiria  não sobreviver. Dias depois, fui dar minha aula na Companhia Telefônica, na Avenida Presidente Vargas. Quando cheguei ao local, vi-me cercado no carro por uns oito ou dez indivíduos de má catadura: 
- O que vem fazer aqui?
-Vim dar uma aula - respondi com uma repugnância infinita.
-Somos o piquete da greve! Você não sabe que a CTB está em greve?
        

       Senti oscilar a razão sob a pressão de uma cólera explosiva. Tive medo e raiva de ter medo. Consegui conter-me: engrenei o carro, baixei a cabeça para evitar algum tiro, e entre gritos dos pelegos e freadas dos carros entrei na roleta russa da Avenida Presidente Vargas. No dia seguinte, li no jornal o que o mesmo piquete fizera com uma moça datilógrafa que ousara discutir com eles. Despiram-na e deixaram-na nua junto de uma palmeira.
         

         Os possessos! Os possessos! Tínhamos a impressão de que o número deles crescia , ou que se multiplicava sua força. E pasmávamos diante da inexplicável insensibilidade de alguns intelectuais e de muitos padres e bispos que não sentiam o cheiro da substância que lhes entrava pelo nariz. Empoleirados em esquemas, obnubilados pelo amor-próprio, ou compelidos a rotular com louvores o hediondo fenômeno que os empurrava, esses intelectuais e esses padres ousaram apontar no comuno-peleguismo, cruel e cafajeste, uma realização da doutrina social da ... Igreja.
      

         Não víamos saída, sobretudo quando comparávamos nossa situação à dos países tombados sob o jugo do comunismo. Os processos se repetiam. “Vejam o caso da Tchecoslováquia!”, dizia-nos um comentador de política internacional. Eu acordava resmungando, não sei por que em francês: “sans issue”... sans issue..."( sem esperança, sem esperança). Receávamos todos que nossas próprias lições na resistência democrática se tornassem obstáculos mentais, superstições, pontos de honra de nossos melhores soldados: democracia , vontade do povo, legalidade ... Receávamos que tudo isso recobrisse a noção fundamental de comum e de lei natural e paralisasse as melhores consciências.
        

        De Minas chegou a notícia consoladora de um comício pelego-comunista  dissolvido por um grupo de senhoras armadas com o terço. Mas a anarquia se precipitava. O grupo de marinheiros rebeldes  reunidos no Sindicato dos Metalúrgicos, venceu a resistência do próprio Governo. O Almirante Aragão voltou ao comando dos fuzileiros, e nesta tarde o povo carioca teve que suportar o vexame da carnavalesca passeata dos comandados do Cabo Anselmo na Avenida Rio Branco. De hora em hora arrematava-se  a chinificação do Brasil. O Clube Naval esboçou uma resistência que obrigou o Presidente Goulart a voltar à ofensiva no tristemente famoso discurso no Automóvel Clube. Nesta noite o Brasil chegou ao ponto mais baixo de sua história, começou um discurso bobo  e convencional, e pela força do hábito deixou escapar a palavra “disciplina”. Foi estrondosamente vaiado.

     Naquela manhã, à saída da missa, percebemos logo que a anormalidade chegara a um ponto decisivo. Antes mesmo de ver os lenços azuis, sentimos o ar de um dia diferente. O que faziam ali aqueles rapazes de lenço azul e revólver na cinta? Eram milicianos. O quê se esperava? Um ataque ao  Palácio  do Governador da Guanabara.
     

         Esboçavam-se filas diante dos armazéns. A cidade inteira -adivinhávamos- se preparava e se retesava. Caminhamos na direção do Palácio e encontramos amigos, homens pacíficos, negociantes e professores, que se dirigiam também ao Palácio, com um revólver surgido na cinta que jamais sonhara tamanha responsabilidade. O brasileiro bom, o brasileiro sem jeito, modesto, caminhava mansamente e sem ares de heroísmo para numa situação em que possivelmente teria de dar a vida. Povo manso, povo bom, pensava eu, mas também povo bobo  e sem jeito. O que iria acontecer?
  Numa esquina ouvi uma conversa entre dois populares:
- Parece que os tanques vão atacar o Palácio pela Rua Paissandu.
-Não pode. Ô  cara, você não sabe que é contra-mão? 
    

           Perto  do Palácio adensava-se a multidão, mas no meio dos homens canhestramente dispostos a dar a vida pela Pátria passavam meninos de bicicleta e moças risonhas e despreocupadas. Seria da mocidade, desta bateria nova e bem carregada, que eles tiram tamanha energia? Não. O povo todo, observando melhor, ostentava uma graciosa e leve coragem. Uma coragem humorística. E eu tive, de repente, a intuição viva e fulgurante da vitória desse gênio brasileiro contra a substância que o ameaçava.
     

            Pouco depois chegou a primeira onda de notícias surpreendentes: os tanques tinham aderido ao Governador, as Forças Armadas dominavam a situação, João Goulart fugira do Palácio das Laranjeiras, sem tempo de meter a fralda da camisa para dentro das calças. Pouco depois confirmava-se a notícia, e o povo brasileiro ( com exceção dos intelectuais de esquerda e dos eclesiásticos paracomunistas) ficou sabendo que Nossa Senhora ouvira nossas súplicas, que Deus nos salvara e que o instrumento escolhido para este milagre fora o nosso bom soldado de terra, mar e ar.

            Dois dias depois, em todas as cidades grandes do Brasil, o povo encheu as ruas com a Marcha da Família - com Deus, pela Liberdade. Eu e quatro amigos estivemos perdidos, imersos na mais densa multidão que jamais víramos reunida. E eu então senti-me possuído de uma enorme admiração por esse povo singular que acabava de vencer a Copa do Mundo no combate ao comunismo. Agradecendo a Deus os favores de exceção que de certo modo não merecíamos, agradecia também os favores da natureza e das merecidas consequências. 

Grande povo! “A Europa curvou-se ante o Brasil nos dias de Santos Dumont. Menino de quatro anos, cantei o pequeno hino  de  nossa projeção internacional. Velho, às portas dos setenta, cantava outro hino e candidamente prelibava a admiração universal diante da facilidade dançarina, graciosa, dionisíaca, com que o povo brasileiro fez correr os comunistas. ( Mal sabia da embriagues de meu entusiasmo, que o mundo inteiro nos caluniaria. Os Estados Unidos com base na superstição de sua liberal democracia, ou no seu “democratismo”, e a Europa com base no esquerdismo que se apoderou dos meios de comunicação.) 

           Foi um dos mais belos espetáculos que já vi. E tenho pena dos corações alienados que não tiveram a capacidade para acolher tão boa e bela alegria.Lembrei-me de uma página de Léon Bloy. A França acabara de marcar a vitória do Mame. Os jornais estavam encharcados de júbilo, de esperança de triunfo. Mas Léon Bloy folheava os jornais com cólera crescente, e depois com tristeza infinita. O que é que o velho leão procurava nos cantos dos jornais? Lá estava escrito em seu Diário: “Je cherche en vain le nom de Dieu” ( eu procuro em vão o nome de Deus).
                         

                           
          Ora, em nossa grande Marcha - cuja fotografia está diante de mim - não houve menção de um só nome dos tantos civis e militares que bem mereceram o aplauso do povo. Havia só um nome: o nome de Deus.

Gustavo Corção Parte da introdução do seu livro “ O Século do Nada”- Editora Record 








quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Agressão à civilidade


Sobe a "ocupação" da reitoria da USP, Universidade de São Paulo por seus próprios alunos:


Para onde vai a civilização do lugar onde os alunos da melhor universidade a depredam?

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Cuba, um produto ideológico de consumo?

Antes de ler este artigo, escrito em março de 2013, seria bom , para se contextualizar, ver uma reportagem que fala da visita da blogueria cubana Yoni Sánchez ao Brasil em fevereiro de 2013.
                                                                                                      


A visita da blogueira cubana Yaoni Sánchez ao nosso país remeteu-me a um passado não muito recente.
            
Lembrei-me de Everton, filho de minha amiga Lúcia, moradores do interior de Minas. Ele tinha cerca de sete anos quando os “Mamonas Assassinas” estouraram como sucesso. A atenção de Everton foi totalmente envolvida pela ideia de “shopim centis” como uma música deles falava.  Em sua imaginação o centro de compras era a maravilha das maravilhas e ele queria muito conhecer um. Seus pais diziam que era somente um conjunto de lojas, mas ele não acreditava. Para ele o Shopping era o Paraíso.

Diante da quase obcessão do menino, que não falava em outra coisa, Lúcia e José, seu marido, fizeram uma viagem à Juiz de Fora para que Everton conhecesse e se deliciasse no Shopping.

A chegada foi emocionante, aquele ambiente enorme, as escadas rolantes e as lojas de brinquedos encheram os olhos do menino, mas o passar do tempo trouxe o enfastio e o pedido para ir embora. Seus pais, aproveitando a ocasião, queriam fazer algumas compras necessárias à casa e ele teve que ficar esperando os pais tratarem de assuntos que a ele não  interessava.  A partir daí, o menino viu que no fundo, o “shopim centis” descrito de maneira tão atraente pelos “Mamonas” era somente um “monte de lojas, tudo junto”, contava depois.

O mesmo espírito que movia Everton movia também os jovens que se manifestaram agressivamente contra a pessoa de Yaoni.  Tem sido passado para eles, na puberdade da vida política, que a vida em Cuba é esse paraíso do socialismo, onde todos têm assistência médica e educação de primeira categoria. Assim alguns deles, movidos pelos hormônios e insuflados por ideias e chavões preconcebidos, trataram a blogueira, que apenas posta a crônica da vida diária da Ilha, como se fosse uma herege, merecedora de ser queimada na fogueira da Santa Inquisição do Ideário Marxista.

No entanto, lembro-me também de que, no governo do então Presidente Sarney, vivíamos aqui no Brasil uma crise de abastecimento.  Reclamávamos muito porque não encontrávamos nos supermercados todas as variedades dos produtos que desejávamos.

Meu marido, agrônomo, trabalhava numa multinacional de origem francesa e foi incumbido de fazer uma visita à Ilha para ajudar no aumento da produção de cana de açúcar. Circulou pelo interior da ilha, convivendo com os agricultores, comia com eles que se alegravam com a presença dele, motivo de melhor refeição.

Seu cicerone, também agrônomo, ficou extasiado ao levá-lo a uma “Tienda”, um tipo de hipermercado, onde somente  estrangeiros podiam entrar, pois era preciso ter dólares para comprar lá, e cubano pego com dólar era considerado criminoso. Ele não acreditava que em Cuba existisse tudo aquilo. Levou-o depois onde pessoas como ele podiam fazer compras; comprou uma lata de leite condensado e um par de sapatos de mulher, era o que havia disponível, era tudo o que havia na prateleira, naquele dia da semana em que era autorizado à comprar. Depois pediu a meu marido que comprasse, na Tienda, uma garrafa de coca-cola para seu filho, de 14 anos que sempre desejou muito consumir uma.

Caminhando à tardinha pelo centro de Havana, as crianças, vendo um estrangeiro, corriam para ele pedindo balas, artigo de luxo para elas. Vendo uma fila enorme àquela hora, foi informado que cada integrante dela teria o direito de comprar um pedaço de pizza.

Meu marido, um homem não muito sensível, algum tempo depois da sua chegada, não conseguia se sentir alegre, como de hábito, às refeições em família. Sentia um nó na garganta e seus olhos ficavam marejados. Ele também, por um bom tempo, não conseguia nos falar de outra coisa que não fosse Cuba...
                                                                
                                             Giselle Aguiar    
       Publicado no "Diário de Sorocaba de 03/03/2013





segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Sistema de cotas e desiguladade

Abaixo a segração racial!!!
Se a nossa Constuição nos garante a igualdade perante a lei,
por que o sistema de cotas evidencia e valoriza a irrelevante
desigualdade da cor da pele?


domingo, 10 de novembro de 2013

Na Santa Missa


Na Santa Missa;

"No Calvário se escondia tua divindade,
Mas aqui também se esconde tua humanidade.
És o Deus escondido, Vivo e Vencedor!"
-São Tomás de Aquino -

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Ideologia e religião




Quem construiu nosso patrimônio histórico?




Numa rede social, há cerca de dois meses, vi um post que mostrava uma fotografia de uma igreja construída nos anos 1500, e o autor afirmava que ela fora construída pelos jesuítas. No mesmo texto ele se corrigia, dizendo que fora construída pelos índios, escravizados pelos religiosos.
Fiz uma pergunta nos comentários: O projeto também? 
O autor me respondeu dizendo que os padres escravizaram e dizimaram os índios. Fez uma narrativa que pintava os religiosos, que trouxeram a civilização e o progresso à nossa terra, como execráveis e maldosos exploradores de fracos e oprimidos.

Pouco tempo depois, ouvi um padre “progressista” explicando, numa homilia, que tal igreja não fora construída por “padre Fulano” mas pelos operários (!), enfatizava ele.

 Posteriormente,  li, numa reportagem de jornal, que determinada igreja, de 350 anos, fora construída “pelos escravos de Fulano de Tal”.

Quem observa pode ver o alto grau de preconceito contra a religiosidade que grassa nos meios culturais; plantado por quem, e com que interesse?

  Observamos pessoas, que usam todos os recursos da comunicação com o objetivo de subjugar inteligências por meio de pretensiosa demonstração de saber, mas que, na verdade fazem apenas uma filtragem e seleção de meias verdades visando interesses ideológicos. 

 É preciso considerar que, além de reconhecer a importância do trabalho físico dos operários, o valor de outros trabalhadores também precisa ser notado; portanto, os que divulgam tais afirmacões ficam devendo, a pobres mortais, respostas para as seguintes perguntas:

  • Nos séculos XVI, XVII e XVIII, os escravos e indígenas seriam capazes de, usando, os poucos recursos da época, projetar e definir cada detalhe de uma construção sofisticada? Para realizar tais obras, tão bem construídas que permanecem até nossos dias, poderiam usar os mais profundos conhecimentos da ciência em vigor no seu tempo?  Teriam desenvolvido as aptidões artísticas através das técnicas aprendidas pelo acúmulo das descobertas de várias gerações de trabalhadores do ramo?
  • Seriam capazes de gerir a construção, providenciando recursos financeiros e materiais para tão grandioso empreendimento na época?

Caso continuem firmes na sua afirmação, de que foram os escravos e indígenas os autores de tais edificações, os divulgadores de tais ideias haverão de convir que seu raciocínio deve atingir também as construções mais modernas. 

Dessa forma, segundo tal ideologia, a construção de Brasília, seria uma obra de autoria dos chamados “candangos”, os trabalhadores do Norte e Nordeste que para lá foram, movidos pela grande oportunidade de trabalho e progresso; assim como Lúcio Costa, Oscar Niemeyer e Juscelino Kubitscheck apenas exploradores do trabalho alheio, como  quer fazer crer que  sejam os religiosos!
 
                                                                                   Giselle Aguiar, novembro de 2013 

Alegria de Deus





Aproximavam-se de Jesus os publicanos e os pecadores para ouvi-lo. Os fariseus e os escribas murmuravam: Este homem recebe e come com pessoas de má vida! Então lhes propôs a seguinte parábola: Quem de vós que, tendo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la?  E depois de encontrá-la, a põe nos ombros, cheio de júbilo, e, voltando para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Regozijai-vos comigo, achei a minha ovelha que se havia perdido.  Digo-vos que assim haverá maior júbilo no céu por um só pecador que fizer penitência do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.  Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas e perdendo uma delas, não acende a lâmpada, varre a casa e a busca diligentemente, até encontrá-la?  E tendo-a encontrado, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Regozijai-vos comigo, achei a dracma que tinha perdido.  Digo-vos que haverá júbilo entre os anjos de Deus por um só pecador que se arrependa. 
- Lc 15, 1-10- Bíblia Ave Maria