Do quê a senhora tem medo? E ela
diz: de ofender a Deus! Este é o único medo que devemos ter na vida. –Palavras da Lola segundo o Dr. Cláudio Bomtempo em seu artigo publicado n'O
Imparcial do dia 12 de setembro de 2010
Na verdadeira doutrina católica,
o amor ao próximo é derivado do amor de Deus. Amamos ao próximo porque ele é
amado por Deus, a quem amamos sobre todas as coisas, que se existem é porque
foram por Ele criadas.
A inversão desses valores, a
troca de lugar do amor ao próximo pelo amor de Deus é responsável por todo o
caos em que vivemos. O caos do relativismo. Se o próximo fica no lugar de Deus,
tudo o que ele faz está certo, mesmo se vai contra todas as leis natureza e dos
preceitos divinos.
O pecado passou a ser admoestar,
chamar atenção para erros cometidos, principalmente por aqueles cujos atos
atingem um grande número de pessoas, cada uma delas com seus direitos
inerentes.
Em Rio Pomba vivemos estes tempos
com total intensidade porque a santidade da Lola é maior do que todo o
materialismo, por mais poderoso que ele seja.
Por mais que a queiram olhar com olhos pragmáticos, a transcendência da sua vida se mostra maior.
Por mais que a queiram olhar com olhos pragmáticos, a transcendência da sua vida se mostra maior.
Porém, o raciocínio materialista
e pragmático já se encontra atuante na
maioria das pessoas, principalmente porque estas ideias têm sido veiculadas há muitos anos, pelos padres, pela catequese,
pelos livretos de cursos de batismo e noivos, pelas músicas cantadas na igreja,
todas de fundo materialista, ou seja, trazem a mensagem de o que importa é o
conforto material do outro, do próximo; tudo mais é sem sentido se for
desvinculado do amor incondicional ao próximo.
Apesar de a piedade cristã fazer
parte do DNA do povo, ela é continuamente desmotivada; quantas missas temos,
por dia, na cidade cuja população aumentou consideravelmente?
A Santa Missa é o cerne da vida
católica, é nela temos o Cristo presente em corpo, alma e divindade, para
atender pessoalmente a cada ovelha do seu rebanho. No entanto, cada vez temos
menos missas. . .
O pseudocatolicismo de hoje,
pragmático, passa por cima de tudo o que remete ao transcendente, assim os
ritos são cada vez menos solenes, cada vez mais teatrais, envolvendo a
participação de cada vez mais pessoas, que se sentem importantes por serem
evidenciadas.
Cada vez mais o social ocupa o espaço
do espiritual.
Nesse ambiente, inóspito à
espiritualidade, a Lola passou seus últimos dias, tomou as precauções que podia
quanto à guarda da sua espiritualidade, fazendo um testamento que tece detalhes
do que haveria de ser feito por quem quisesse fazer uso do seu patrimônio material,
que para ela era apenas instrumento, suporte, para fazer com que o Sagrado
Coração de Jesus fosse cada vez mais conhecido, e, portanto, amado.
Mas o pragmatismo materialista
não considerava relevante sua espiritualidade, para ele, a espiritualidade é estéril,
não traz nenhum benefício material ao povo.
Desta maneira, segundo o relato
de quem participou do evento, logo após sua morte, algumas pessoas entraram na
sua casa, fizeram uma assepsia das coisas que poderiam ser consideradas
relíquias, e até suas roupas, foram levadas para Juiz de Fora para serem doadas
aos pobres, porém, como houvesse reclamações a esse respeito, essas roupas
voltaram, depois.
O que foi feito do seu tesouro,
das caixas com os santinhos marcados pelas comunhões das primeiras sextas-feiras,
que as pessoas que alcançavam graças lhe levavam, sinais de louvor e culto ao
Sagrado Coração de Jesus?
Segundo relato de pessoas
participantes, nas reuniões que se seguiram logo após sua morte, ficou proibido
mencionar o seu testamento, embora o jornal O Imparcial o tenha publicado.
A princípio, o padre Paulo Dionê,
seu diretor espiritual vinha sempre a Rio Pomba, assim como frei José, e mais
sacerdotes amigos da Lola, que de repente, pararam de vir para as celebrações
das primeiras sextas-feiras, enquanto o pároco da Paróquia de São Manoel desestimulava
a vinda de pessoas de fora, dizendo que a missa ali celebrada, era a mesma
celebrada nas suas cidades, que o pároco de cada uma delas poderia ficar
enciumado se elas viessem a Rio Pomba.
Ao ver a memória da Lola se
tornar quase um tabu, porque falar da santidade dela provocava a crítica dos
padres, foi, a duras penas, vencendo todas as barreiras impostas pela
Arquidiocese, fundada a AACL, Associação dos Amigos da Causa da Lola.
Durante os trâmites da fundação
constatou-se o golpe à memória da Lola, as escrituras de suas terras, (por que
se tornaram duas?) diziam que elas estavam livres e desimpedidas de qualquer
ônus ou obrigação podendo receber o destino que quiser do seu proprietário.
As pessoas se acostumaram a nos
ver como quem está muito preocupado com as terras, como fossemos delas tirar
algum proveito pessoal, ou que déssemos muita importância à propriedade
material em si.
É muito proveitoso, para quem
está do outro lado, que a confusão ocupe a cabeça de quem não dá tanta
importância ao assunto.
Mas o que concretamente acontece
é que:
-Lola fez um testamento
especificando o destino de suas terras: integralmente para a divulgação da
devoção ao Sagrado Coração de Jesus, segundo Santa Gertrudes e Santa Margarida
Maria de Alacoque.
- Seu testamento
"desapareceu" das escrituras, o que isso significa:
- Que Dom Luciano Mendes de
Almeida, que as assinou recebendo, considerou sua vontade irrelevante, sem
valor, o que significa que:
- Para Dom Luciano a santidade de
Lola não tinha nenhum valor, porque se ele a considerasse, não teria coragem de
fazer o que fez, receber as escrituras em tais condições, omitindo o testamento,
porque consideraria que a vontade da Lola, manifestada no testamento, estava
totalmente de acordo com a vontade de Deus, a Quem ele, mais do todos, deveria
servir fielmente.
- Dom Luciano, ainda que não
considerasse Lola santa, por dever de autoridade eclesiástica e cidadão civil
não poderia aceitar receber escrituras das quais foram omitidas a averbação do
testamento a que estavam vinculadas. Isto constitui uma fraude, um crime pelas
leis do nosso país.
- É sabido que as ações urdidas em
sigilo, ao arrepio da lei e dos princípios morais são denominadas, pelos
intelectuais, de manipulação, pelos que se dizem politicamente corretos, desvio
de função e objetivo; mas para as pessoas sérias e de coração simples o termo
correto seria tramoia ou trambique, não importando quem e quais sejam as
pessoas nelas envolvidas.
A diretoria da AACL procurou por diversas
vezes as autoridades da Arquidiocese pedindo que fosse sanado esse erro, pelo
qual só recebia adjetivos desqualificativos de todos os tipos, proferidos no
altar. Findados todos os recursos entrou-se com um pedido judicial no Fórum de
Rio Pomba.
Durante todos esses anos Dona
Myriam, que era, então, presidente da AACL, sofreu todas as pressões para que
retirasse o processo do Fórum.
Importante notar que nunca era
cogitada a correção do erro no cartório por iniciativa da Arquidiocese.
Por que a necessidade de que o
processo seja retirado do Fórum pela parte queixosa?
A resposta nos veio, por Dom
Geraldo Lyrio, atual arcebispo de Mariana, quando convocou uma reunião com a
diretoria da AACL, cujo objetivo, ficou claro, era tirar o processo do Fórum e
extinguir a associação:
Suas palavras foram ameaçadoras:
"Cuidado com o que vocês escrevem sobre a Lola, qualquer, mas qualquer,
coisa que for publicado sobre um candidato ao altar será considerada num
processo de beatificação."
Se for verdade, a beatificação de
Dom Luciano Mendes de Almeida, o grande, conhecido no mundo inteiro por suas atividades
políticas, está sendo ameaçada por um processo na justiça no qual ele é acusado
de receber escrituras de terras de maneira fraudulenta, prejudicando a memória
de uma humilde serva de Deus que vivia somente do seu Deus na Eucaristia.
Pode soar como um insulto a
ouvidos sensíveis o dizer uma coisa dessas, mas, a AACL, que reivindica na
justiça a reparação do erro, se sente sobremaneira insultada pela atitude do então arcebispo.
Embora considere e peça que esta
falta lhe seja reparada pelo Sagrado Coração de Jesus e que sua alma goze da
companhia da Lola no Céu, a associação não tem o poder de abafar este fato, em
prejuízo do Reino de Deus. Seria arrogância e prepotência passar por cima dos
interesses do Reino de Deus, tal como é concebido pela espiritualidade da Lola e diz a nossa fé, para acobertar um erro do então arcebispo, para agradar as pessoas, por mais
importantes que sejam.
Aqui cabe de novo:
Do quê a senhora tem medo? E ela
diz: de ofender a Deus! Este é o único medo que devemos ter na vida.
Deveríamos obedecer a quem dá
ordens contra o reino de Deus?
Seria justo, diante de Deus,
deixar como estão as escrituras desvinculadas do testamento, para que Dom
Luciano Mendes goze da glória dos altares, ele que tanto trabalhou para que os
interesses sociais sobrepusessem os interesses espirituais defendidos e
praticados pela Lola e que compreendem os verdadeiros interesses da nossa
religião?
Esperamos poder deixar claro que
o motivo que nos move nesta luta é apenas espiritual, que as terras deixadas
pela Lola possam ser usadas segundo o seu testamento somente para a prática, estudo e
divulgação da devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Isto constitui um direito nosso
como parcela da população católica, quer seja ou não do agrado de quem ocupe os
cargos administrativos da Arquidiocese de Mariana, uma vez que estão em perfeita
comunhão com o as orientações do Santo Padre, o Papa.
Respeitamos o direito dos adeptos
da teologia da libertação de lutar para o mundo seja segundo o seu ideal, porém
não abrimos mão do nosso espaço na vida eclesial, não podemos calar a voz da
nossa piedade cristã por decisão de vontade meramente humana.
Quem acredita no princípio da
igualdade, bandeira desse movimento, deve reconhecer que nós, adeptos da
espiritualidade da Lola, da religião Católica Apostólica Romana tal como se
encontra registrada no Catecismo da Igreja Católica e em todos os documentos da
Santa Sé de Roma, também temos o direito de lutar pelo nosso ideal de viver e
divulgar a nossa crença, conforme assegura o Código de Direito Civil Brasileiro
(CF, art. 5º, VI a VIII).
Dentro do pensamento da teologia da
libertação, reivindicamos o tão proclamado direito das minorias. Gostaríamos de
ser considerados próximos deles para gozar de todas as prerrogativas que
conferem às pessoas alvos dos seus processos de inclusão. Precisamos que eles
reconheçam e lutem pelo nosso direito assim como abraçam causas tão diversas.
De nossa parte, se deixarmos de fazer o que
fazemos, se capitularmos às promessas lisonjeiras e às pressões ameaçadoras,
estaremos ofendendo nosso Deus, estaríamos entre os que trocam o amor de Deus
pelo amor ao próximo, ao próximo que cada vez recebe menos amor, porque Deus,
que é o Amor, tem sido cada vez mais excluído de suas igrejas.
Confiamos no Sagrado Coração de
Jesus, nos apoiamos no exemplo da Lola, e somos infinitamente gratos a Ele por
poder viver o seu amor com tanta intensidade! Quanto mais difícil a situação,
mais presente Ele se mostra, uma vez que sabe que só conseguiremos o que for,
por Ele, com Ele e nEle.
Tudo por Vós ó Sagrado Coração de Jesus!
Leituras complementares:
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