segunda-feira, 23 de julho de 2012
Dom Eugênio Sales e a Lola
Em 2005, não me lembro, exatamente, se
em agosto ou setembro, ainda não existia a AACL – Associação dos Amigos da
Causa da Lola -. Estávamos no meio de grande carência de orientação a respeito
de assunto tão importante como a santidade, na nossa arquidiocese. Os padres só
nos mandavam ficar quietos, e, talvez
por causa da nossa insistência em falar com Dom Luciano, ouvimos o pároco da
igreja de São Manoel dizer no sermão de
uma missa, que Dom Luciano era um homem muito importante e muito ocupado, que
quase não estava disponível em Mariana;
num momento estava em Brasília, noutro em São Paulo, noutro em Madri... ele
não tinha tempo para dar atenção a assuntos menores.
Escrevemos
então, com apreensão e depois de muita oração, a seguinte carta:
Podemos notá-lo pelos seus escritos no Jornal do Brasil e, comprová-lo por ter o senhor participado dos funerais do Santo Padre João Paulo II como seu amigo pessoal. Certamente, se o senhor era amigo pessoal do Santo Papa, sabe realmente o que é uma alma santa.
Sabe Eminência, temos conosco um tesouro que poucas pessoas nos dias de hoje sabem reconhecer o valor. A nossa responsabilidade é enorme principalmente por termos a consciência de que ele não nos pertence, mas a todo o povo de Deus tão carente de tal riqueza. Temos sofrido muito por ver nosso tesouro ser ameaçado de ser enterrado, esquecido sem que nosso povo possa tirar proveito de uma imensa prova de amor que Deus nos dá através do exemplo de vida da nossa Floripes Dornelas de Jesus, a Lola.
A vida de Lola nos mostra as maravilhas que Deus pode operar através de uma pessoa mesmo que ela seja mulher, pobre, sem cultura acadêmica, reclusa na área rural, doente, paralítica e idosa, que vivia em clausura permanente. Enfim ela tinha todos os motivos para se sentir uma excluída, marginalizada, e, portanto revoltada se se enquadrasse no discurso das pregações modernas. No entanto era a pessoa mais feliz da face da terra. Não tinha carência absolutamente de nada. Tinha o Próprio Deus junto de si. Não precisava nem mesmo de comida e bebida material. Esse fato era apenas um insignificante detalhe para ela. Não sentia falta de nada.
Embora presa a seu leito, tinha uma vida totalmente normal. Era uma boa “sitiante” como dizemos aqui. Sabia negociar, gerir os negócios, tinha um espírito empreendedor com o qual ajudava a muitas pessoas. Essa capacidade se manifestava mais na divulgação da devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Basta ver o número de adeptos do Apostolado da Oração em Rio Pomba. Principalmente o masculino. Tudo por diligencias tomadas a partir de suas orientações.
Não existe, praticamente, em Rio Pomba uma casa onde não se tenha alcançado uma graça por intercessão da Lola; através de suas orações, quando viva, ou após a sua morte, pedindo a sua intercessão ao Coração de Jesus.
Lola sempre foi um ponto de referencia para a nossa fé em Rio Pomba e região. Sempre teve todo o respeito e carinho de toda a população de Rio Pomba e o apoio de todos os sacerdotes que aqui serviam a Deus. E de muitos outros que vinham às vezes de longe para pedir as suas orações. Dom Oscar de Oliveira, nosso antigo Arcebispo permitiu que Santíssimo Sacramento ficasse em seu quarto, onde era adorado dia e noite (ela também não tinha necessidade de sono).
Sempre foi assim até o advento da chamada Teologia da Libertação quando os novos padres foram chegando com uma pregação focada no materialismo; dizendo que só tinha valor a caridade concreta. Pessoas como a Lola foram marginalizadas e ridicularizadas nas entrelinhas das pregações. Ao povo é negado o incentivo dos padres em valorizar o exemplo dado pela Lola.
Tudo o que se conseguiu até agora foi a custo de muita insistência por parte de uns poucos que não são bem vistos pelos padres, por serem adeptos de espiritualidades estéreis, segundo eles.
Agora temos por iniciado o processo de beatificação com a coleta de inúmeros depoimentos de graças e milagres alcançados por sua intercessão. Mas temos também uma carta do senhor Arcebispo colocando tudo nas mãos dos padres que sabemos não dar nenhum valor ao que mais valorizamos na vida da Lola. Entenda que não esperamos muito deles devido às atitudes que têm tomado até aqui. Gostaríamos de fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para que a obra da Lola continue, mas não confiamos nos conselhos que nos dão os nossos padres, que se resumem num só. Ficar quietos.
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