terça-feira, 3 de novembro de 2015

O amor de Santa Madre Cabrini pelo povo chinês



 Em novembro de 2014, numa viagem a Nova York, ficamos hospedados em Chinatown. Como sempre faço nas viagens, procurei a Igreja católica mais próxima. Com muita alegria, decobri que uma  ficava a poucos metros de onde nos hospedamos. Era a Igreja da Transfiguração, uma das primeiras paróquias católicas de Nova York. 






 Tive uma grande e grata surpresa logo na entrada: havia ali uma grande imagem de Santa Francisca Xavier Cabrini, a “nossa”'Madre Cabrini. 






Junto dela um cartaz, escrito em inglês e em mandarim que dizia: 

“Entre 1880 e a Primeira Guerra Mundial mais de três milhões de italianos chegaram aos Estados Unidos por meio de Ellis Island.

A vida para esses imigrantes era cheia de grandes dificuldades, solidão, frustração e alienação. As condições de vida e de trabalho eram inadequadas e insalubres. A incapacidade de muitos desses imigrantes de falar inglês intensificou seu isolamento. 

Padre Thomas Lynch, Reitor da Igreja da Transfiguração (1881 - 18894) expressou a necessidade da vinda de clérigos, religiosos e religiosas de língua italiana para evitar o proselitismo dos protestantes junto a esses imigrantes.

Madre Francisca Cabrini chegou à América em 1889 e estabeleceu uma escola para crianças imigrantes italianas  na Paróquia da Transfiguração, na Rua Mott, em 1899. Ela  sentiu que a necessidade de trabalho missionário não era restrito à paróquia  e estabeleceu instruções para o cuidado  de doentes, órfãos e pobres em todos os Estados Unidos. Nesta comunidade e em várias comunidade  dos Estados Unidos  Madre Cabrini serviu aos imigrantes. Ela os servia com espírito de compaixão e compreensão. Seu trabalho de caridade foi de grande significação para o catolicismo americano e para a história dos imigrantes. Ela faleceu em 1917, em Chicago.

Sendo ela também uma imigrante, e notadamente por sua assistência aos imigrantes, Madre Cabrini se tornou cidadã americana em 1890.  Como a primeira santa americana, foi canonizada em 1944, e nomeada  pelo Papa Pio XII “Patrona de todos os  Imigrantes” em 1950. Sua festa é celebrada no dia 13 de novembro.”








Ao entrar na igreja e assistir à missa, uma sucessão de agradáveis surpresas aconteceram, e o conjunto delas tiveram o efeito de uma revelação divina. A igreja cheia de imigrantes orientais, sendo a grande maioria composta por chineses. Todos os dias, ali são celebradas missas em mandarim e em cantonês, e nos fins de semana em numero muito maior, sempre com a igreja cheia.





Num domingo, assistí a uma missa festiva, na qual acontecia a cerimônia do Crisma de várias pessoas. Era presidida por um sacerdote americano de meia idade, que falava mandarim e cantonês como nós falamos português. Durante a semana assistí várias missas presididas por diferentes e piedosos jovens sacerdotes chineses.



 Foi muito gratificante ver com que amor essas pessoas participavam da Santa Missa na sua língua pátria. Famílias, com adultos, jovens, crianças e idosos exibiam semblantes de serena alegria e de almas exultantes. A paróquia hoje está sob os cuidados do Instituto Maryknoll, cujo carisma é muito semelhante ao da Santa Madre, voltado para as necessidades dos imigrantes e sofredores de todo o mundo, especialmente na Ásia, África e América Latina.


Fiquei sabendo, que a antiga escola na qual Madre Cabrini e suas irmãs acolhiam com tanto amor e dedicação as crianças italianas, ao lado da igreja, agora recebe as crianças chinesas nas mesmas condições. Como as antigas crianças italianas, as chinesas hoje aprendem o idioma inglês enquanto preservam e desenvolvem também a língua pátria de seus pais. E, como antigamente, além das línguas  as crianças recebem os demais conhecimentos no nível igual ou melhor do que as outras escolas americanas.






Como acionada por uma volta concreta no tempo, a memória fez-me ouvir de novo a história contada com sotaque francês, pela querida e saudosa Madre Zita: 


"A vocação de Santa Madre Cabrini aconteceu muito cedo. Ela pertencia a uma grande família católica, eram 13 irmãos.  À noite, o pai reunia a família para fazer orações e leituras interessantes à boa formação das crianças; uma dessas leituras era o ‘Jornal das Missões’ que narrava os feitos dos missionários católicos nos lugares mais longínquos, e suas interessantes culturas.
Francisca era a caçula. Sua imaginação ‘fervia’ ao ouvir contar quanto bem os missionários realizavam levando às pessoas o amor de Jesus. Ouvindo dizer que na China  não conheciam Jesus, ela se encheu de enlevo pelo povo daquele país, e dizia que quando crescesse "iria ser missionária na China."
Como ‘treinamento”, no córrego que corria no fundo da casa de seu tio, ela “soltava’ muitos barquinhos de papel, cheios de violetas. A florzinha, pequenina, delicada e humilde, segundo ela representava as irmãs missionárias que deveriam chegar à China para levar a todos o conhecimento da Pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Para amenizar o seu entusiasmo, disseram-lhe que na China não havia doces, o que para uma menina devia ser um grande impedimento. No entanto, Francisca pensava: “Na China, não há doces. E eu que desejo tanto ir até lá para fazer conhecido e amado o nome Jesus, devo me privar dessas gulodices. Comecemos logo."

Para uma filha da Santa Madre, tudo aquilo era um carinho de Deus. Eu dizia para mim mesma: –Olha, Madre Cabrini queria ir para China, queria trabalhar para ver o povo chinês  gozando as delícias do amor de Deus em Cristo Jesus. No entanto aceitou ter contrariado o seu desejo pessoal porque confiava no amor ,e no maior discernimento, do Papa Leão XIII como representante oficial do Deus Trino na terra, a respeito da vontade de Deus. "

Lembrava dos detalhes ouvidos do acontecido na época: quando, ao pedir as ordens do Papa para ir  para a China, ele, que  recém havia tomado conhecimento das dificuldades do povo italiano na América, disse-lhe em tom solene: "– Não ao Oriente, mas ao Ocidente". Ordem que ela  recebeu como vinda de Deus.

Agora do Céu ela vê que, anos depois, o lugar onde começou seu apostolado é agora o lugar que acolhe com o mesmo amor o seu querido povo chinês. Como deve estar feliz no Céu, a Santa Madre com esta surpresa de Deus! Como ela realmente podia confiar na Providência Divina que certamente  não teria deixado que seu amor pelo povo chinês ficasse sem fruto.

Fato relevante a ser observado é que as condições de vida do povo chinês que hoje frequenta a igreja e a escola não pode ser comparada com as dos italianos na época da Santa Madre. Vê-se claramente que eles não vão buscar ajuda material, vão buscar o máximo Bem que se pode ter nesta vida: Jesus Cristo, em Pessoa.



Como uma assinatura da Santa Madre, um filha sua, humilde, marca a sua perene presença neste santo apostolado


Imagem de Nossa Senhora, Mãe do povo oriental
Madre Cabrini alcançou seu ardente desejo de unir o mundo no seu imenso coração que na verdade era apenas uma pequena parte do Sagrado Coração de Jesus. Ele que tudo pode, Ele que é o próprio Bem, considerou todo desejo da Madre Cabrini e fez com que toda a grande obra que realizou junto com suas irmãs, fosse como um  preâmbulo da Sua obra no Oriente e no mundo todo.  Com certeza, logo, logo,  um imenso número de chineses haverão de desfrutar o Amor puro e real que Deus tem para com todos, sem a mínima excessão. O desejo da Santa Madre começou a ser realizado: que todos os povos estejam unidos no amor dAquele que a fortalecia  e por cujo amor foi capaz de realizar tanto bem. Só por Ele, com Ele e nEle. Tudo por Vós ó Sagrado Coração e Jesus!

Saiba mais sobre a vida da Santa Madre Cabrini






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