segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Mulheres consagradas




Hoje conversei com Maria José, uma pessoa que 
tempos atrás seria conhecida como “irmã de caridade”, 
uma pessoa consagrada ao serviço de Deus na pessoa 
do irmão necessitado.

Antigamente essas pessoas eram facilmente distintas 
das outras, separadas pelo seu hábito, uma vestimenta 
pesada, inadequada para o clima tropical de nosso país.

Todos se sentiam à vontade na presença de uma 
irmã de caridade,que era sempre uma pessoa despojada, 
totalmente livre de qualquer amarra que pudesse dificultar 
o seu serviço que consistia em aproximar as pessoas de Deus.
E era   sempre Ele que tinha e dava solução para qualquer tipo 
problema.

Na maioria das vezes "as irmãs" como eram chamadas 
atuavam como os braços e mãos do Altíssimo, 
executavam qualquer serviço, sobretudo 
de enfermagem no atendimento aos portadores de 
qualquer sofrimento, mas principalmente os sofrimentos do 
corpo.

Seu reduto eram os hospitais que eram chamados Santas 
Casas de Misericórdia, onde não era necessário nada 
para ser admitido como paciente, a não ser a necessidade.

As irmãs viviam da misericórdia divina e eram pródigas em 
reparti-la com todos, afinal, a misericórdia não era delas mesmo! 
A fonte inesgotável ficava na capela do hospital, mais precisamente 
no sacrário, era o Próprio Deus em pessoa!

Quando as dificuldades aumentavam, era ali que elas detinham 
mais a sua atenção. Quantas vigílias de oração por essa ou 
aquela necessidade! Porém todas  eram resolvidas com os 
recursos que Deus lhes dava: fosse enviando um médico para trabalhar 
de graça ou lhes dando coragem, simplicidade e humildade para 
pedir recursos às  pessoas  mais ricas.

Em muitos lugares, a fonte das doenças era a subnutrição e 
mesmo a fome.Ai, a enfermeira de Deus pedia,a quem pudesse dar,
  todos os dias, ingredientes para um santo remédio: uma sopa .

A essa sopa  muitos devem o fato de hoje estar vivo e saudável, 
ou mesmo  a própria "origem" , porque sem a existência dela 
muitos pais ou avós poderiam ter morrido  na infância, 
como tantos “anjinhos” de antigamente, que iam desta vida 
por qualquer desarranjo intestinal ou gripe, devido à subnutrição. 

Ai, como me sinto grata a Deus por ter conhecido uma assim, 
a Irmã Luíza, com seu "chapéu" tão diferente e tão familiar!



Mas Maria José, uma pessoa da minha geração (quase nos 60), 
não traz a alegria, nem a risada gostosa das irmãs de caridade 
que conheci.

 Ela é “missionária” em qualquer parte do Brasil, 
veio para fazer uns exames e cuidar da saúde. Trabalha na 
paróquia com a catequese, mas se dedica mesmo é 
ao “trabalho social”, que, segundo ela, anda muito difícil por 
causa dos políticos e da concorrência dos evangélicos.

Pergunto: Senhor, é este o fruto do trabalho de Vos tirar do trono 
e colocar os pobres no vosso lugar?
O que foi feito dos vossos pobres Senhor, a quem o Senhor 
tratava com tanto desvelo e carinho pelas mãos das 
irmãs de caridade?

Eles foram roubados, Senhor, os mais pobres foram 
roubados, caíram numa triste cilada. Disseram para eles 
que são muito importantes, que têm direito a inúmeros 
bens materiais, que os bem sucedidos são ladrões e que 
são obrigados a dividir com eles todos os bens.

Roubaram-lhes, pelo tempo de mais de uma geração, 
a lembrança da Vossa Onipresença, do Vosso Amor e da
 vossa Verdade.

Muitos, Senhor, entre os que se diziam enviados vossos, 
combatiam (combatem) o amor do povo a Vós, com 
críticas ferinas, verdadeiros deboches;  o foco do seu 
serviço missionário estava ( está ) em despertar o povo contra 
os seus “exploradores”.

Agora o povo se esqueceu de Vós, cada pessoa anda 
centrada nos seus direitos, e é cada vez maior o número 
dos que acreditam que basta desejar para se ter algo, 
não importando que meios possam ser usados para 
consegui-lo. Todo erro é desculpado, até abençoado. . .
Quanto a Vós Senhor, existem, até mesmo entre os que 
ocupam altos cargos no vosso serviço, os que Vos 
consideram como instrumento de manipulação do 
povo, portanto, algo a ser combatido.

Como ficam as “Marias Josés” de hoje Senhor? 
 As missionárias que não se sentem bem, à vontade, numa 
Santa Missa celebrada com piedade  e verdadeira devoção?  
As que estão com os corações endurecidos por 
tanta ideologia que divide o vosso povo disseminando o rancor. 

Elas não conseguem mais sintonizar-se  com as práticas de 
piedade sobre as quais ouviram tantas críticas  e muitas, e  
muitas, delas até  mesmo as combateram!

Abri os vossos braços, Senhor, acolhei a todas elas, que  
agora são os vossos doentes cuja  doença é passageira, 
nada que não possa ser totalmente alijado pela simples 
manifestação da Vossa inefável Presença, na qual nenhum 
mal prevalece, entre eles o erro. Todos os erros dos que 
se consideram vossos são reparados pessoalmente por 
Vós mesmo , em pessoa.

Para os que são realmente vossos, Senhor, até mesmo o 
pecado pode se tornar fonte de bênção, desde que seja  
entregue, pelo pecador confiante, aos Vossos cuidados. 
Esta é uma experiência concreta vivida por inúmeros santos 
da vossa Igreja. 
Que cada um deles interceda por nós, Amém!


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