"O interesse todo nesta história sou eu (....) disse a presidente Dilma Roussef a um grupo de jornalistas, convidadas para um jantar no Palácio do Planalto. Ela se referia à CPI da Petrobrás. Do jeito que fala, passa a mensagem de que tudo não passa do interesse da maléfica oposição que deseja, de toda maneira, tirar de dela o precioso “Poder”.
A notícia lembrou-me o artigo da coluna de Roberto da Mata no “Estadão”de 07/05/14. Era sobre fábulas envolvendo bichos, indígenas e Lévi-Strauss; termina dizendo: “Tudo sugere que o governo pensa que estamos no tempo em que os animais falavam e os sapos não tinham veneno.”
Ontem, na página de um amigo do Facebook estava uma citação de Noam Chomsky: “A população geral não sabe mesmo o que está acontecendo, e nem mesmo sabe que não sabe.”
A fala da nossa presidente, assim como as matérias publicitárias do seu governo, pagas com o nosso suado dinheirinho, concordam em gênero, número e grau com o que dizem o antropólogo e o linguista. Apartadas do senso natural de dignidade e de honra, assim como Hitler e Stalin partem do princípio que basta a autoridade falar que o povo acredita. Ou seja, pode-se dizer o impropério que for que, com o devido trabalho de comunicação, tudo fica como se fosse a mais cristalina verdade.
Prevalecendo este princípio, em que parece se apoiar a comunicação do governo, o povo, formado em sua grande maioria por por cidadãos honestos e honrados, tem usada contra si a própria boa fé. A grande maioria dos brasileiros tem responsabilidade. Não reduz o próprio trabalho a uma mera disputa de poder. Se um dos nossos cidadãos exemplares assume um cargo público, tem como objetivo cumprir seus deveres e obrigações, servindo ao digníssimo povo, seu patrão. A maior parte tem boa fé, julga os outros por si. Apostando tudo em tal premissa, Dona Dilma proclama o que deseja que verdade seja…
No entanto, é preciso não confundir senso de honra e honestidade com ingenuidade. O povo não é ingênuo, e mesmo que as notícias de falcatruas relacionadas aos órgãos governamentais e empresas estatais como a Petrobrás, publicadas com os devidos números e consistências robustas, desapareçam rapidamente dos sites dos jornais mais importantes, o senso de justiça tem falado mais alto. Bendita seja a internet e suas redes sociais.
A nossa presidente, deveria ser capaz de perceber que grande parte do povo brasileiro vê com grande preocupação o rumo que toma a Petrobrás, a maior empresa do país, patrimônio do povo. A redução do seu valor pela metade, por meio da má administração (na melhor da hipóteses) atribuída à interferência do poder central na sua direção, não pode ser vista apenas do ponto de vista político. O capital da empresa não é capim, ele é fruto do trabalho honesto e eficaz de inúmeros de seus empregados, ao longo de muitos anos.
Giselle Neves Moreira de Aguiar
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