segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Thomas Morus, os ateus e a religião.



“Os utopianos creem, pois, numa vida futura onde
castigos são preparados para os crimes e recompensas
para as virtudes. 

Não dão o nome de homem àquele
que nega estas verdades e que rebaixa a natureza
sublime de sua alma à vil condição de um corpo animal;
com mais forte razão, não o honram com o título de
cidadão, persuadidos de que, se o tal não estivesse
amarrado pelo temor, calcaria aos pés, como flocos
de neves, os hábitos e as instituições sociais. 

Quem pode duvidar com efeito, que um indivíduo que não
tem outro freio senão o código penal, outra esperança
que a matéria e o nada, não encontre prazer em iludir,
astuciosa e secretamente as leis de seu país, ou violá-las
pela força, desde que satisfaça a sua paixão e o seu
egoísmo?

A esses materialistas não se rendem homenagens, não
se confiam magistraturas ou cargos públicos. São
desprezados como seres de natureza inerte e impotente.

Entretanto não são condenados a pena, na convicção
generalizada de que não está no poder de ninguém sentir
segundo sua fantasia. 

Não se fazem ameaças para obrigá-los
a dissimular a própria opinião. A dissimulação é proscrita na
Utopia e a mentira é detestada tanto quanto a trapaça.

Unicamente não têm o direito de sustentar seus princípios
perante o vulgo; podendo fazê-lo, entretanto junto aos padres
 e outras graves personagens. São mesmo insistentemente
convidados para essas conferencias, na esperança de que seu

delírio ceda enfim à razão." -  Thomas Morus em A Utopia 

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