quinta-feira, 17 de maio de 2012

Jornalismo frankfurtiano




 Texto baseado na análise  de texto do livro O Jornalismo na Era da Publicidade
    Autor: Leandro Marshall
     Editora Summus, São Paulo, 2003  


No início do texto quando Marshall fala do jornalismo cor-de-rosa que tomou conta do cenário da imprensa. Ele diz que a partir dos anos 80 o jornal norte-americano USA Today, despindo-se de todos os pudores que caracterizam o conceito clássico de jornal  dava  inicio a uma nova fase do jornalismo focando seus conteúdos  em amenidades como notícias de esportes e entretenimentos  dispostos em páginas cheias de infográficos, designs atrativos e muita cor para atrair a atenção de compradores que, por sua vez, seriam  usados como atrativos para atrair a as polpudas verbas de divulgação das grandes companhias.
           
Seus efeitos sobre o jornalismo clássico, focado no "respeito  à verdade, à imparcialidade e à objetividade, bem como a defesa do interesse público"( conforme nota do rodapé da p.2 do texto)  foram catatróficos, devido à grande importância dada ao lead e à pirâmide invertida, o que torna a notícia curta, superficial e facilmente digerida, como convém ao jornalismo cor-de-rosa, que se interessa por leitores felizes e prontos a consumir amenidades recheadas de anúncios.

 - Ainda há separação nítida entre jornalismo e publicidade?
           
A leitura feita por meio do aprendizado amealhado ao longo de cerca de 40 anos de leitura diária de jornais e pelo que me foi apresentado no curso de jornalismo, vejo um aspecto não detectado pelo autor, Marshall, no texto apresentado pela professora.
                       
A partir dos anos 80 as empresas jornalísticas "saíram do armário" assumindo a postura de quem persegue o lucro como principal objetivo. Até então havia certo pudor, em relação ao interesse público de cada publicação.
           
Minha observação é que a partir dos anos 30, a chegada à Nova York dos fundadores da Escola de Frankfurt deu origem ao estado de confusão que hoje se apresenta nos meios de notícias.Tais pessoas, arraigadas no marxismo, se sentiam e comportavam como monges num bordel diante da efusão de progresso alcançado por uma porção de religiosos (luteranos, calvinistas e judeus) que se sentiam na terra prometida.

Segundo idiossincrasia deles todo aquele ambiente de produção de bens que cada vez atingia um número maior de pessoas, que usufruíam dos mesmos bens que produziam, era algo que religiosos chamariam demoníaco, mas como ateus marxistas usavam de seu vasto repertório de conhecimentos para condenar veemente aquilo pelo qual, no fundo, se sentiam fortemente atraídos.

No país da liberdade e da democracia, tiveram suas ideias respeitadas e, por serem extravagantes atraíam a atenção de jovens especialmente os universitários. Aos poucos suas ideias foram espalhadas pelas universidades do mundo inteiro por meio do gramcismo aplicado pelos adeptos da Teoria dos Estudos Culturais, nascida na Inglaterra.

Nos anos 80 muitos dos antigos estudantes (especialmente os das áreas de comunicação) formados pela ideologia dominante da Escola de Frankfurt, assumiam posições importantes dentro dos grandes jornais. Eles, a quem foi ensinado, sobretudo pela omissão de visões diferentes de pensamento, que toda a produção de bens em escalas maiores é um condenável instrumento de exploração do próximo, que os meios de comunicação são veículos da manipulação do povo e que os donos de empresas de comunicação são pessoas execráveis que estão continuamente articulando meios de dominar o mundo, são obrigados agora a viver os papéis tidos por eles como altamente condenáveis. Uma vez no posto, procuram praticar o que foram induzidos a acreditar; quase automaticamente exercem o que acreditam ser a realidade do jornal, um mero instrumento de exploração e manipulação do trabalho alheio, seja vendendo notícias fabricadas, seja guardando a imagem dos poderosos corruptos, seja atingindo a imagem dos que podem oferecer ameaças ao status quo, sempre agindo em interesse subjetivo.
           
Concluindo:   
 Infelizmente o que se vê é desalento na profissão do jornalismo, e esta mesma ideia é passada aos estudantes para os quais é apresentada apenas a visão frakfurtiana da vida, nesse caso o profissional sai da faculdade esperando conseguir um emprego num jornal, ou outro veículo, no qual será obrigado a "se curvar às ideias do "jornalismo industrial publicitário ultracapitalista" ( Marshall, 2003, p. 88-9) do seu patrão até que consiga se tornar alguém de relevo que possa divulgar suas próprias ideias, mas quando o consegue, observa que é um apaixonado por tudo aquilo que sempre condenou. A vigorar esta mentalidade, o jornalista  estará cada vez mais refém do que aprendeu a condenar, porque estará ele mesmo cada vez mais envolvido na produção e na divulgação dos fatos.
           

Trabalho feito para a disciplina Recepção de Produção de Sentidos do curso de Comunicação Social, Jornalismo, da Universidade de Sorocaba, ministrado pela Profª Maria Ogécia Drigo, em fevereiro de 2012

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