sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Transverberação : o coração incandescido pelo amor de Deus


Nesta visão o Senhor quis que assim o visse: não era grande,
senão pequeno, formosíssimo, o rosto tão incendido, que deveria ser dos anjos 
que servem muito próximo de Deus, que parecem abrasar-se todos. Presumo
que seja dos chamados querubins, pois eles não me dizem seus nomes. 
Bem vejo que no céu há tanta diferença de uns anjos para outros, e destes
para outros ainda, que não saberia nomear.

Via-lhe nas mãos um comprido dardo de ouro. Na ponta de ferro 
julguei haver um pouco de fogo. Parecia algumas vezes metê-lo pelo
meu coração a dentro, de modo que chegava às entranhas. Ao tirá-lo
tinha eu a impressão que as levava consigo, deixando-me toda abrasada
em grande amor de Deus. Era tão intensa a dor que me fazia dar os gemidos
de que falei.

Essa dor tão intensa produz excessiva suavidade que não se deseja o seu fim,
nem a alma se contenta com menos do que com Deus. Não é dor corporal, senão 
espiritual, ainda que o corpo não deixe de ter sua parte, e até bem grande. 
É um trato de amor tão suave entre a alma e Deus, que suplico à Sua Bondade  o dê 
a provar a quem pensar que minto.

Santa Teresa de Ávila - História da Vida - São Paulo, 1983 - Ed. Paulus




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