quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Aborto - Por quem os sinos dobram?




"Nenhum homem é uma ilha, isolado em si mesmo; todo homem é um pedaço do continente, uma parte da terra firme. Se um torrão de terra for levado pelo mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse o solar dos teus amigos ou o teu próprio; a morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano, e por isso não me perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti.” 
– O trecho da poesia de John Donne, que dá título e epígrafe à obra de Ernest Hemingway “Por quem os sinos dobram”, fala alto no fundo de um coração humano – 

O fato dos sinos dobrarem pelos mortos faz parte da história do mundo ocidental. Antigamente os sinos das igrejas tocavam tristemente quando morria alguém da paróquia.  Mesmo as crianças, ainda pequenas, ao ouvir os badalos longos e lentos já os associavam à dor; porque ouviam os adultos, em tom de tristeza, se perguntarem: – Quem morreu?

Vejo no Facebook que Dom  Emmanoel de Oliveira, bispo de Caratinga, MG,  ordenou que, às 15 horas, hora da Misericórdia, de 02 de agosto, dia do Perdão de Assis, na Festa da Porciúncula, todos os sinos das igrejas da sua diocese  sejam tocados pela vida, contra o aborto, clamando as orações de todos os fiéis. Vejo que no Rio de Janeiro, também, os sinos das igrejas badalarão  pela mesma intenção.

Quando era adolescente, ouvi contar a história triste de um padre que fora expulso da sua cidadezinha na Europa por tocar os sinos com toque  fúnebre  todos dias, mesmo que ninguém tivesse morrido. Ele dizia que os tocava pelos seus irmãos inocentes que eram assassinados, pelo aborto, no mundo todo.  Tal atitude  irritava seus paroquianos que, naquela época, já começavam a ter os corações endurecidos.

O quê pensar diante do fato de que o STF se posiciona para analisar a Constituição e proferir uma interpretação da mesma para decidir se será crime ou não assassinar criancinhas indefesas nas barrigas das mães.

Isso, apesar da Constituição Federal de 1988, no artigo 5º, caput,  garantir o direito à vida a todos os brasileiros e estrangeiros que aqui no Brasil residem:

“Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”.

O STF  tem poder para mudar o sentido das palavras e dar a elas outra conotação? Se o podem fazer, não precisamos do Poder Legislativo.
Alguém poderá dizer que que o feto humano não tenha direito à vida, que não  pode ser considerado uma pessoa?  
Será que quem  diz isso pode  afirmar que não tenha sido um feto humano? 
Considera que se tivesse sido abortado não poderia hoje estar dizendo o que  deve ser considerado uma sandice?
Que direito tem alguém de decidir quem deve ou não morrer? 
Tal pessoa, que acredita deter tal poder, vive por determinação própria? 
Escolheu ser quem é, ter tais características físicas? 
Escolheu a data e o local em que foi concebido, a duração da sua gestação e data e o local do seu nascimento? 
Poderá decidir sobre a vida ou morte de alguém, ainda mais se a vítima não lhe tenha feito mal algum além de simplesmente existir? 
Dar um pouco de atenção à própria pessoa pode ajudar  uma mulher a perceber que se livrar de um ser inocente, que poderá lhe proporcionar as maiores e mais ricas emoções da vida, com certeza será um mal infinitamente maior do que passar pelo desconforto que possa parecer ter um bebê. 
Não fiquemos à mercê de pessoas pobres, desprovidas de sentimentos, que não  são mais capazes de transcender além da pobre matéria, da sensação física, e que veem as pessoas apenas como estorvos, porque  consideram os seres humanos apenas um conjunto de pobres ignorantes a serem tratados como manada; os que resolvem, da sua "infinita sabedoria", o deve ser aplicado a todos os mortais. Eles, não creem em Deus, e pensam que O sejam.Triste situação. 
Porém, aos que Lhe pedem, Deus concede a graça de serem tratados, cada um, como um ser único, desejado e amado, muito antes de  ser projetado pela Sua infinita Sabedoria e ser concebido, naquela barriga, com a semente daquele pai. Perceber essa verdade, é uma graça fácil de se receber. Basta querer e pedir a Quem pode dar.
Então, os que assim se sentem, filhos amados de Deus, sofrem muito quando veem seus semelhantes receberem um tratamento tão hediondo que não suportariam ver acontecer com nenhum animal. 
Por isso, o tocar dos sinos é tão importante. Eles nos  despertam a consciência, e nos lembram da dor causada por tal crime, que os ditadores da cultura imposta querem anestesiar em nós  para fazer-nos regredir a um estágio de vida quase vegetal. Assim seríamos mais fáceis de sermos controlados, como o gado o é.

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