quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Liberdade para os viciados, moradores das nossas ruas



                                                                                                              
           
            O Poder Público, em vários lugares, tem assumido o encargo de internar compulsoriamente os viciados em drogas, que perambulam pelas ruas das cidades, empregando, para isso, todos os cuidados, entre eles os jurídicos. Várias opiniões e posicionamentos efusivos acerca desse fato têm sido publicados pela mídia.
            
Os mais ruidosos são os que se opõem à internação dessas pessoas. Alegam ser uma violência internar alguém e submetê-lo a um tratamento contra a sua vontade. Levantam bandeiras em defesa da liberdade que tais pessoas devem ter de escolher se querem, ou não, se submeter a tratamentos.
           
Os grandes e entendidos discutem entre si, mas a maioria da população se pauta pelo velho e bom senso comum, perpetuado ao longo da história da civilização ocidental amalgamada pela tradição judaico-cristã. Por ela já nascemos sabendo que os viciados são pessoas prisioneiras de determinadas substâncias cuja falta lhes proporciona um desconforto indizível, a ponto de trocar todos os seus valores para adquiri-la e consumi-la.
            
Começam dispondo de seus próprios recursos, que muito rapidamente se tornam incapazes de produzir; a seguir passam a usar os recursos das pessoas para as quais são importantes, e o próximo passo, quando já quase intratáveis, começam a praticar todas as ações que lhes possam garantir "sua preciosa" droga, ou seja, perdem todo e completo domínio sobre a própria vontade. Passam a viver nas ruas, expostos a cometer e serem vítimas dos crimes mais cruéis. Com que força poderão escolher a opção "ficar sem a droga"?
            A substância passa a ser o centro da vida do viciado, que abre mão de sonhos, amores e valores, principalmente da própria dignidade, ao entregar a ela todo o seu ser. Torna-se seu escravo de corpo, alma, mente e coração, só para ela vive, só ela, a droga é importante.
            
A defesa desta situação por pessoas consideradas cultas causa, no mínimo, espanto: Como pode alguém, em pleno século XXI, em sã consciência, defender a escravidão alheia?
            
Como se pode exigir que as leis condenem à prisão, e à morte ignominiosa, semelhantes seus? Sim, pois isso é o que defendem os que não querem a internação e tratamento, mesmo compulsório, das pessoas presas ao vício, perdidas nas ruas das cidades. Seria a condenação a uma vida extremamente dolorosa, que conduz a pessoa à morte iminente. Alguém que defende este tipo de vida gostaria de praticá-la?
            
Como é próprio da democracia, temos o dever de respeitar tais opiniões, porém, o bom debate democrático permite que lhes cobremos coerência, que o respeito ao direito que atribuem aos drogados de continuar a sê-lo, seja estendido aos outros cidadãos, os que dolorosamente convivem com eles, de também obedecer ao que lhes pede a consciência e encaminhá-los ao devido tratamento.
            
Assim também, quem considera uma violência a internação compulsória de drogados, deveria, seguindo a sua consciência, cuidar pessoalmente deles, assim, viciados e drogados, guardando todo respeito e munidos de toda paciência, além de, de todas as formas, se responsabilizar por todos os desatinos que eles venham a cometer. 
            
Uma vez que o Poder Público chama a si esta responsabilidade, cabe a nós, cidadãos, seguindo os critérios de nossa formação, auxiliar no que pudermos para tenha êxito, que consiga, graças ao uso de todos os recursos da modernidade e, principalmente os da atenção humana, libertar nossos irmãos das cadeias do vício e trazê-los a um saudável convívio conosco. Esta luta sim, podemos abraçar, é uma luta pela saúde.


 Publicado no jornal "Diário de Sorocaba" em 29/01/2013


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