O
Poder Público, em vários lugares, tem assumido o encargo de internar
compulsoriamente os viciados em drogas, que perambulam pelas ruas das cidades, empregando,
para isso, todos os cuidados, entre eles os jurídicos. Várias opiniões e
posicionamentos efusivos acerca desse fato têm sido publicados pela mídia.
Os
mais ruidosos são os que se opõem à internação dessas pessoas. Alegam ser uma
violência internar alguém e submetê-lo a um tratamento contra a sua vontade. Levantam
bandeiras em defesa da liberdade que tais pessoas devem ter de escolher se
querem, ou não, se submeter a tratamentos.
Os
grandes e entendidos discutem entre si, mas a maioria da população se pauta
pelo velho e bom senso comum, perpetuado ao longo da história da civilização
ocidental amalgamada pela tradição judaico-cristã. Por ela já nascemos sabendo
que os viciados são pessoas prisioneiras de determinadas substâncias cuja falta
lhes proporciona um desconforto indizível, a ponto de trocar todos os seus
valores para adquiri-la e consumi-la.
Começam
dispondo de seus próprios recursos, que muito rapidamente se tornam incapazes
de produzir; a seguir passam a usar os recursos das pessoas para as quais são
importantes, e o próximo passo, quando já quase intratáveis, começam a praticar
todas as ações que lhes possam garantir "sua preciosa" droga, ou
seja, perdem todo e completo domínio sobre a própria vontade. Passam a viver nas
ruas, expostos a cometer e serem vítimas dos crimes mais cruéis. Com que força
poderão escolher a opção "ficar sem a droga"?
A
substância passa a ser o centro da vida do viciado, que abre mão de sonhos,
amores e valores, principalmente da própria dignidade, ao entregar a ela todo o
seu ser. Torna-se seu escravo de corpo, alma, mente e coração, só para ela
vive, só ela, a droga é importante.
A
defesa desta situação por pessoas consideradas cultas causa, no mínimo,
espanto: Como pode alguém, em pleno século XXI, em sã consciência, defender a
escravidão alheia?
Como
se pode exigir que as leis condenem à prisão, e à morte ignominiosa,
semelhantes seus? Sim, pois isso é o que defendem os que não querem a
internação e tratamento, mesmo compulsório, das pessoas presas ao vício, perdidas
nas ruas das cidades. Seria a condenação a uma vida extremamente dolorosa, que
conduz a pessoa à morte iminente. Alguém que defende este tipo de vida gostaria
de praticá-la?
Como
é próprio da democracia, temos o dever de respeitar tais opiniões, porém, o bom
debate democrático permite que lhes cobremos coerência, que o respeito ao
direito que atribuem aos drogados de continuar a sê-lo, seja estendido aos
outros cidadãos, os que dolorosamente convivem com eles, de também obedecer ao
que lhes pede a consciência e encaminhá-los ao devido tratamento.
Assim
também, quem considera uma violência a internação compulsória de drogados,
deveria, seguindo a sua consciência, cuidar pessoalmente deles, assim, viciados
e drogados, guardando todo respeito e munidos de toda paciência, além de, de
todas as formas, se responsabilizar por todos os desatinos que eles venham a
cometer.
Uma
vez que o Poder Público chama a si esta responsabilidade, cabe a nós, cidadãos,
seguindo os critérios de nossa formação, auxiliar no que pudermos para tenha
êxito, que consiga, graças ao uso de todos os recursos da modernidade e,
principalmente os da atenção humana, libertar nossos irmãos das cadeias do
vício e trazê-los a um saudável convívio conosco. Esta luta sim, podemos
abraçar, é uma luta pela saúde.
Nenhum comentário:
Postar um comentário