Uma mostra de fotografias feitas como as de tantos frequentadores da Catedral, que registram suas impressões para guardá-las. Como algo precioso. Acontece na Oficina Cultural Grande Otelo, de 19/01 a 27/02 de 2016
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Bruno de Giusti
Ele chegou ao Brasil por volta de 1947. Veio fugindo de um pós guerra muito difícil na sua terra. Trouxe consigo o diploma da Escola de Belas Artes de Veneza e o cadastro de pintor de grandes qualidades, além das recomendações das Cúrias Diocesanas de Travesso e de Vitorio Venito.
Através de contatos na Comissão de Artes Sacras da Arquidiocese de São Paulo, soube que Sorocaba procurava um pintor para decorar a sua catedral. Depois de acertos com com então pároco, Monsenhor Francisco Antônio Cangro, e com o Bispo da época, Dom José Carlos Aguirre, estabeleceu-se nestas paragens.
Seu primeiro trabalho foi a decoração das oito capelas que margeiam a nave principal. Uma das peculiaridades do artista foi retratar rostos de moradores de Sorocaba no lugar de personagens das cenas representadas. Olhando os afrescos as pessoas tinham a impressão de ver alguém conhecido, era esse o seu objetivo.Tal característica se acentuou ao longo dos outros trabalhos realizados em diversas cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, e muitas outras do interior de São Paulo.
Para igreja matriz de Tietê, retratou, em duas telas, a história da festa do Encontro das Canoas no rio Tietê, comemorada na cidade às vésperas do Natal. Na primeira, mostra o sofrimento e as orações do povo, numa epidemia de febre amarela, em 1830. Na segunda, retrata, em 1983, uma das comemorações realizadas todos os anos, em agradecimento a Deus pela graça alcançada: o fim da epidemia.Nela, entre os retratados,está o bispo diocesano da época,Dom José Lambert.
Já num trabalho terminado em 1987, na igreja da Vila Arens em Jundiaí, ele vestiu” as personagens bíblicas com roupas atuais. O jornal “Bom Dia Jundiaí”, numa reportagem de Cláudia Rangel sobre tal trabalho, traz uma sugestiva foto do artista com a seguinte legenda: “ Giusti: mestre figurativo impressionista italiano busca retratar o ser humano em toda a sua essência”.
O artista, nascido em San Michelle de Ramera, província de Treviso, na Itália, em 13 de outubro de 1920, faleceu em Garça, SP, em 29 de agosto de 2011.
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A multiplicação dos pães e dos peixes. Quadro de cerca de 12 metros quadrados na parede da capela do Santíssimo |
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Detalhe da multiplicação dos pães |
Teto da capela do Santíssimo, recentemente restaurado |
Capela de São Tarcísio Um adolescente que morreu no ano 257, apedrejado por seus próprios amigos. Vítima de bullying, por defender o dom mais precioso da sua fé, o Santíssimo Sacramento |
Assinaturas do artista
"Somos feitos assim, imaginativos; precisamos das imagens para ir além delas
- R. P. Régamey-
A Arte da Preservação
Cada templo religioso constitui uma expressão artística da religiosidade de um povo em determinada época. Estudiosos de várias ciências encontram nos templos religiosos de cada época uma verdadeira biblioteca de informações ali encerradas; desde os materiais empregados até como eram praticados, e por que eram celebrados, os ritos.
Os mais antigos são de grande interesse dos arqueólogos que se submetem a trabalhos penosos, e lentos, para sentir a alegria de saber um pouco mais como viviam os antepassados de sua espécie.
Desde que passou a existir como instituição, a Igreja Católica exerce importantíssimo papel de mecenas. Sob suas asas, sempre foram abrigados os artistas de todas as artes ao longo dos dois últimos milênios. Seus templos se tornaram ricos e democráticos (ao alcance de quem queira apreciar) acervos culturais em cada lugar do planeta, onde arquitetos, artífices e artistas plásticos dão vida e valor a simples trabalhos braçais transformando-os em monumentos de arte, que encantam todos os tipos de observadores.
Hoje vivemos em acelerada evolução, quando o tempo é cada vez menor entre uma realidade e outra, portanto construções consideráveis e esmeradas de pouco tempo atrás já se tornam ícones importantes para mostrar, como em câmera lenta, as várias etapas da evolução da arquitetura e das outras artes.
É importante, não só para católicos, mas também para quem valoriza a arte, a conservação respeitosa dos seus templos religiosos, preservando o trabalho artístico da época em que cada um foi construído. É legado inestimável para que as futuras gerações possam avaliar e valorizar o esmero e gosto artístico com que foram concebidas e concretizadas as obras, em material forte o suficiente para atingir a geração mais longínqua possível. Obras feitas para se cultuar o
Deus Altíssimo e Eterno.
Portanto, merecem mais ainda louvor os que servem apenas de ponte entre as gerações, os que mantêm intactos e preservados os acervos artísticos dos templos para os povos dos novos tempos; que o fazem usando os mais modernos recursos da tecnologia, aumentando e atualizando o conforto dos que procuram Deus, sem, no entanto, interferir na obra arquitetônica e
seus importantes detalhes.
Ocorre agora um novo tipo de arte, a arte de preservar enquanto proporciona conforto. As gerações futuras haverão de reconhecer e agradecer os que caminharam antes delas no caminho da fé deixando pegadas de respeito pelo passado e pelo futuro.
Maravilhosa é a civilização dos que constroem a vida em função de Deus, que é a própria perfeição; ela faz cada geração mais rica e mais próxima do Bem. Detém e faz uso da genuína prosperidade.
Giselle Neves Moreira de Aguiar