domingo, 1 de abril de 2018

Proclamação da Páscoa

Texto do início da Missa Solene de Proclamação da Páscoa.



Tela de Noël Coypel, postado no Facebook por Alexandre Dan Zwicker Cartianu


Exulte o céu e os anjos triunfantes,
Mensageiros de Deus desçam cantando;
Façam soar trombetas fulgurantes,
A vitória de um Rei anunciando.

Alegre-se também a terra amiga,
Que meia há tantas luzes resplandece;
E vendo dissipar-se a treva antiga,
Ao som do eterno Rei brilha e se aquece.

Que a Mãe Igreja alegre-se igualmente,
Erguendo as velas deste fogo novo,
E escute, reboando de repente,
O aleluia cantado pelo povo.

E vós, que estais aqui, irmãos e queridos,
Em torno desta chama reluzente,
Erguei os corações,
E assim unidos invoquemos o Deus onipotente.

Ele, que por seus dons na reclama,
Quis entra que entre os seus levitas me encontrasse:
Para cantar a glória desta chama,
De sua luz um raio me trespasse!

– O Senhor esteja convosco.

 Ele está no meio de nós.

– Corações ao alto.

 O nosso coração está em Deus.

– Demos graças ao Senhor nosso Deus.

 É nosso dever e nossa salvação.

Sim, verdadeiramente é bom e justo
Cantar o Pai de todo o coração,
E celebrar seu filho Jesus Cristo,
Tornado para nós o novo Adão.
Foi ele quem pagou do outro a culpa,
Quando por nós à morte se entregou:
Para pagar o antigo documento,
Na cruz todo o seu sangue derramou.

Pois eis agora a Páscoa, nossa festa,
Em qual o real Cordeiro se imolou:
Marcando nossas portas, nossas almas,
Com seu divino sangue nos salvou.
Esta é, Senhor, a noite em que o Egito
Retirastes os filhos de Israel,
Transpondo o mar Vermelho a pé enxuto,
Rumo a terra onde correm leite e mel.

Ó noite em que a coluna luminosa
As trevas do pecado dissipou,
E aos que creem no Cristo em toda a terra
Em novo povo eleito congregou!
Ó noite em que Jesus rompeu o inferno,
Ao ressurgir da morte vencedor:
De que nos valeria ter nascido
Se não nos resgatasse em seu amor.

Ó Deus, quão estupenda caridade
Vemos no vosso gesto fulgurar:
Não hesitais em dar o próprio Filho
Para a culpa dos servos resgatar.
Ó pecado de Adão indispensável,
Pois Cristo o dissolve em seu amor;
Ó culpa tão feliz, que há merecido
A graça de um tão grande Redentor!

Só tu, noite feliz,
Soubeste a hora em que o Cristo da morte ressurgia;
E é por isso que de ti foi escrito,
A noite será luz para o meu dia!
Pois esta noite lava todo o crime,
Liberta o pecador do seus grilhões;
Dissipa o ódio e dobra os poderosos,
Enche de luz e  paz os corações.
Ó noite de alegria verdadeira,
Que prostra o Faraó e ergue os Hebreus,
Que une de novo ao céu a terra inteira,
Pondo treva humana a luz de Deus.

Na graça desta noite o vosso povo
Acende um sacrifício de louvor;
Acolhei, ó Pai Santo, o fogo novo:
Não perde, ao dividir-se, o seu fulgor.
Cera virgem de abelha generosa
Ao Cristo ressurgido trouxe a luz:
Eis de novo a coluna luminosa,
Que o vosso povo para o céu conduz.

O círio que acendeu as nossas velas
Possa esta noite toda fulgurar;
Misture sua luz à das estrelas,
Cintile quando o dia despontar.
Que ele possa agradar-vos como o Filho,
Que triunfou da morte e vence o mal:
Deus, que a todos acende no seu brilho
E um dia voltará, sol triunfal.


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