quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Carinho de Deus


 Ele é Deus.  E pode estar amorosamente atento a tudo o que acontece com cada um de nós. Cada  pessoa é MUITO importante para Ele. Da retribuição a essa atenção depende a nossa paz e o nosso bem.


Não se vendem cinco pardais por dois asses? E, entretanto, nem um só deles passa despercebido diante de Deus. Até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois. Mais valor tendes vós do que  muitos  pardais.- Lc 12, 6-7-

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Vatileaks: mártires e heróis







Há mais de 60 anos milito na Igreja Católica. Sinto que já nasci militante. A atmosfera que respirei ao nascer era toda católica, há gerações. Ao longo da infância e juventude convivi com pessoas muito esclarecidas na fé, de todos os perfis, desde analfabetos a brilhantes eruditos. O esclarecimento na fé católica independe do grau de escolaridade da pessoa.  Nela, a vivência e a cultura acontecem em termos de sabedoria. 

Quanto mais velha fico, mais vontade de crescer na fé sinto. O convívio com outras visões de mundo evidencia, mais e mais, a riqueza de viver na, e da, fé na Pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo. Sei que tal declaração pode até escandalizar. Mas é totalmente verdadeira.

O amor à notícia também me chegou na infância; pelos jornaizinhos infantis das edições de domingo. Na adolescência fui para o "Caderno 2”, das matérias sobre moda para todas as de arte, e delas ao encanto pelas crônicas do cotidiano.  Mais tarde  veio o interesse pela política externa. Torcia por Golda Meir como se aquela guerra no Oriente Médio fosse um campeonato.  Aprendi com  minha irmã mais velha  a ter  carinho pelo povo judeu. Ela contava os detalhes dos horrores passados por eles, sob Hitler. Também ela era uma devoradora de jornais.

Aos 55 anos comecei um curso de Jornalismo como quem cai nele de paraquedas. Jamais imaginei  escrever  profissionalmente, consumir sempre foi muito melhor.  O susto que levei foi muito grande. Dizia aos colegas e professores, em tom de brincadeira, a pura verdade: minha vida já passou; agora ganhei mais uma vida no game, e vou brincar. Só que o jogo  em que caí era muito duro, de um grau de violência quase insuportável. Um jogo em que a Verdade era a vítima, o alvo a ser caçado e destruído. 

Constatei que o mal, tão dolorosamente percebido já no meu próprio ambiente religioso, era na verdade, muitíssimo mais amplo. A anomalia tencionava ser padrão, e para isso usava armas produzidas pela inteligência humana em todos os segmentos, especialmente o da Comunicação Social. O que descobria levava a crer que, em grau de maldade para com a espécie humana, o que os judeus passaram na Alemanha Nazista era apenas o trailer de um  filme de terror.

Jamais poderia imaginar que a civilização humana pudesse retroceder. Pelo repertório adquirido pelas minha leituras, filmes e séries de TV, imaginava que, pouco a pouco, as barreiras culturais cairiam diante do reconhecimento das virtudes alheias, vindo da cada vez maior capacidade de avaliar, permitida pelos novos conhecimentos e suas implicações nas vidas de todas as pessoas. Considerava todas as divisões vindas do apego a fatores externos à alma humana, ao tangível, coisas de trogloditas. Para o cristão católico só a alma invisível e imortal tem valor em si mesma, e esse é tão grande que faz os bens periféricos, e os relativos, a ela adquirirem valor, por causa dela, e se tornam sagrados por serem relativos a ela. 

E por que tanto valor assim tem a alma humana? Por um único e simples motivo: ela  é uma criatura especial de Deus, que a fez à sua imagem e semelhança; e por ser  Ele todo poderoso e onipresente  pode se dar ao luxo de ver cada criatura sua como se fosse a única. Portanto, qualquer ofensa ou dor causada a qualquer ser humano é infinitamente mais sentida por Deus, assim como qualquer alegria ou conforto proporcionado à mais humilde das almas. Só por isso.

A concepção cristã de jornalismo se dá no dever profissional de proclamar a Verdade. Nada poderia ser mais gratificante. O serviço do jornalista  é expor a Verdade  para que todos a  conheçam. Entre os que recebem a noticia certamente haverá alguém que possa fazer algo para, pelo menos, amenizar a dor humana que está sempre por trás de uma triste ou má notícia.  Por outro lado, uma boa novidade tem o condão de unir milhares de mentes  e corações numa  comemoração.

Os fatos publicados demarcam o longo caminho de um povo, e servem de indicação para a definição se ele deve ou não, ter os rumos modificados. O jornalista está para o povo assim como o médico para o paciente: da fidelidade das suas indicações depende a saúde coletiva de um povo, como a do paciente depende das do médico.

Os chamados  escândalos do Vatileaks (1 e 2) interessam-me de duas maneiras: como católica ardorosa e como jornalista.  Como católica e interessada, acompanho com olhar de jornalista os acontecimentos dos últimos tempos na nossa Igreja. Vejo coisas que a  grande maioria das pessoas não percebem. Sempre horrores aconteceram na história da Igreja, mas sempre no campo dos pecados pessoais. Nunca  a audácia chegou ao ponto de querer modificar a sua crença e a sua cultura como tem acontecido nos últimos tempos. 

Falando do que observo com olhos de sexagenária, formada no que há de melhor na Igreja, alimentada espiritual e intelectualmente pelos santos doutores, e  considerando o que aprendi através do que era dito, e mais ainda do que não era dito, no curso de Comunicação Social, afirmo  que recursos sórdidos de comunicação para manipulação de mentes e corações têm sido largamente aplicados  em  comunidades católicas da América Latina; de maneira mais contundente nas pequenas cidades do interior; numa delas eu havia vivido 11anos antes de recomeçar a estudar. 

O estudo do Jornalismo jogou luz sobre os fatos que eu havia dolorosamente constatado, e no entanto não tinha meios para compreendê-los. 

Por tal razão, acredito que seja pequeno o número de pessoas católicas que apreendem o que significam esses casos denominados Vatileaks, que associam o Vaticano ao Wikileaks de Julian Assange por divulgarem  fatos que comprometem pessoas poderosas à revelia delas. 

Vejo  como  mártires as pessoas que vazaram as notícia: o mordomo do Papa Bento XVI, Paolo Gabriele no primeiro caso, o padre Lúcio Vallejo e a agente de  relações  públicas Francesca Chaouqui e Nicola Maio, no segundo caso. Deduzo que elas tiveram a coragem de tornar públicos tantos horrores por verdadeiro amor à Igreja e aos Sumos Pontífices, sob cuja autoridade aconteciam tais fatos que, não tornados públicos continuariam a acontecer e a fortalecer os inimigos de Deus e da Igreja, os que se dão a essas práticas como se coisas boas fossem.  Ainda  teriam  as autoridades fortalecidas pela prevalência de seus desmandos. Os que entregaram as informações à imprensa agiram como se deve, diante de um furúnculo: fazendo expelir um vulcão de nojenta podridão enquanto dá alívio, e posterior cura, à pessoa afetada. Aqui, o próprio corpo do Cristo, a Igreja,  formado por todos nós católicos, do mundo todo.

Tenho como heróis os jornalistas, Gianluigi Nuzzi e Emiliano Fittipaldi que, sem medo, as publicaram, e pagam o preço  por  divulgar a verdade de interesse da população humana. Eles fizeram, com seu trabalho, um serviço inestimável à Igreja e aos Papas Bento XVI e Francisco. 

O primeiro Vatileaks parece ter sido o impulso de Deus para mostrar ao seu fiel servo Bento XVI, o caminho da renúncia. Ele, enfraquecido pela idade e pela audácia dos que queriam usurpar a Igreja de Cristo, teve a revelação e a coragem de tomar uma atitude humana raríssima em todos os tempos: renunciar ao poder, em favor da Barca de Pedro. Como São Miguel Arcanjo deixou o caminho livre, como que dizendo aos inimigos a Igreja: enfrentem a Deus. E Deus mandou Francisco, também tão combatido pelos mesmos, mas que também, goza do auxílio de pessoas capazes de  atitudes que só quem cultiva o amor de Deus, e em consequência dele à Sua Igreja, é capaz: gestos que sacrificam valores importantes aos olhos do mundo material, ainda que sejam intangíveis.   Eles foram capazes de perder a boa figura moral e aceitar cair no desabono dos que consideram bons.  Tudo  por amor ao Reino do Cristo, que é, em si mesmo, a própria VERDADE.

Há mais de dois mil anos tem sido assim. Com toda a indigência dos protagonistas humanos, a Igreja fundada por Jesus Cristo tem enfrentado os mais diversos inimigos  internos e externos, mas os que verdadeiramente o desejam, continuam podendo seguir  firme no mesmo Caminho, na Verdade da Vida. Esses episódios dos Vatileaks apenas  o confirmam. 

sábado, 21 de novembro de 2015

Solenidade de Cristo Rei

Glória p'ra sempre, ao Cordeiro de Deus 
A Jesus, o Senhor, ao Leão de Judá 
À Raiz de Davi, que venceu e o livro abrirá 
O céu, a terra e o mar, e tudo o que neles há 
O adorarão, e  proclamarão: 
JESUS CRISTO é o Senhor! 

Ele é o Senhor, Ele é o Senhor! 

Ressurrecto dentre os mortos, Ele é o Senhor 
Todo joelho se dobrará, toda língua proclamará
Que JESUS CRISTO  é  o  Senhor!
Letra de música do repertório católico (autor desconhecido)

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Madre Cabrini e os barquinhos de papel: como tudo começou



A vocação de Santa Madre Cabrini aconteceu muito cedo. Ela pertencia a uma grande família católica, eram 13 irmãos. Conta-se que à noite o pai reunia a família para fazer orações e leituras interessantes à boa formação das crianças; e que uma dessas leituras era o ‘Jornal das Missões’ que  narrava os feitos dos missionários católicos nos lugares mais longínquos, e suas interessantes culturas. 

Francisca era a caçula. Sua imaginação ‘fervia’ ao ouvir contar quanto bem os missionários realizavam levando às pessoas o amor de Jesus.  Ouvindo dizer que na China não não conheciam Jesus, ela se encheu de enlevo pelo povo daquele país, e dizia que quando crescesse iria ser missionária na China. 

 Como ‘treinamento”, no córrego que corria no fundo da casa de seu tio, ela “soltava’ muitos barquinhos de papel, cheios de violetas. A florzinha, pequenina, delicada e humilde, segundo ela representava as irmãs missionárias  que deveriam chegar à China para levar a todos o conhecimento da Pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo. 

Para amenizar o seu entusiasmo, disseram-lhe que na China não havia doces, o que para uma menina devia ser um grande impedimento. No entanto, Francisca pensava: “Na China, não há doces. E eu que desejo tanto ir até lá para fazer conhecido e amado o nome Jesus, devo me privar dessas gulodices. Comecemos logo."

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terça-feira, 10 de novembro de 2015

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Santa Madre Cabrini, como ela se via.





"Eu venho do nada, nada sou. Sou apenas um sopro de Deus que opera e age em mim, movido por Ele mesmo. De mim não posso nada, com excessão do pecado...
Ó meu Deus, ilumina-me! Desça sobre mim o Divino Paráclito! Desça e faça-me conhecer profundamente o abismo do meus nada." - Santa Francisca Xavier Cabrini -

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domingo, 8 de novembro de 2015

O Espírito Santo e a Santa Madre Cabrini



Trecho de uma carta de Santa Madre Cabrini às suas filhas, transcrita no livro “Santa Francisca Xavier Cabrini, a mãe dos emigrantes, organizado por Angela Martignoni: 

“Ontem tivemos a visita do mais terno e valoroso dos Amigos: O Espírito  Santo! Ó! Quanto é belo,  suave,  amável o Espírito santo! Ele nos ama ternamente, imensamente, continuamente! Nós, porção e herança de Jesus Cristo, lavadas e inundadas no seu sangue, nos tornamos templos vivos do Espírito Santo, isto é, membros viventes, mas habitação do Divino Paráclito. O seu sopro vibra continuamente ao nosso redor. A sua luz ilumina as nossas mentes, para que possamos nos elevar a Deus e contemplar as suas perfeições, os seus atributos, as maravilhas infinitas de sua glória.. A sua graça inunda copiosamente as nossas almas!

O Espírito Santo, desceu primeiramente sobre os Apóstolos. Mas, continuamente desce em nossas almas, porque é o bom Jesus, o nosso amorosíssimo Jesus, que nos deu o precioso Dom do Espírito santo. E assim nós, pelos méritos de Jesus e pelos Dons do Espírito Santo nos tornamos ricos em graças celestiais!

Ó Dom infinito, transcendente , e superior a cada mérito criado!

“Quando tiverdes recebido o Espírito santo, dizia Jesus aos seus Apóstolos, havereis de entender a Verdade que vos tenho pregado”. Podia bem Jesus, comunicar Ele mesmo aos seus Apóstolos, a compreensão da Verdade anunciada, mas não quis. Justamente para glorificar o Espírito Santo! É uma tal glória que quer reservada ao Divino Paráclito, amor substancial do Pai e do Filho, luz incriada, fonte perene de graça e de virtude, origem de todos os bens! Os mistérios inefáveis que se operam em nossa almas, vêm do Espírito Santo! Estes mistérios estão escondidos para nós, porque são  operações divinas, impenetráveis aos olhares humanos e frequentemente, também aos olhares angélicos.É um operar cotidiano, deleitável, glorioso!

Ó Almas na graça de Deus, são verdadeiras maravilhas da grandeza e riqueza do Espírito Santo! O Espírito santo é um sol, cuja luz reflete nas almas justas; é um oceano sem fundo e sem praia, cuja águas são belas, lúcidas, cristalinas, vitais, que transbordam continuamente, abundantemente nas almas que não lhe põem obstáculos, não resistindo à ação do Espírito Paráclito.

As almas justas que vivem nestas águas salutares, estão sempre contentes, felizes, seguras, pacíficas, repletas de confiança e de total abandono em Deus. Elas não temem nada, empreendem com grande coragem e os seus empreendimentos são sempre férteis. São elas os verdadeiros céus animados de Deus, que narram com o exercício das suas virtudes e de suas obras, as maravilhas do Senhor. São elas, o esplendor da Igreja, a honra da humanidade, a fragrância  de Jesus Cristo e formam as delícias do Coração Diviníssimo de Jesus."

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sábado, 7 de novembro de 2015

Um grande milagre obtido de Deus pela intercessão de Santa Madre Cabrini


O livro “Os milagres e a ciência”, de autoria  do famoso estudioso Padre Oscar Quevedo, traz a descrição de um milagre acontecido por intercessão da Santa Madre Cabrini. É muito interessante o relato do padre que foi sempre tão escrupuloso no que se refere a fatos de ordem material referidos a agentes espirituais.   E mais ainda a explicação dele sobre o milagre dentro do contexto científico atual, e do religioso, nos ritos da nossa fé católica. Ele diz, no  capítulo: "O veredicto pertence à ciência”  (que aqui transcrevemos  exatamente):


“Copio  de uma carta-consulta que recebi.

“Uma freira ‘Missionária do Sagrado Coração de Jesus’, como enfermeira num Hospital, colocou num recém-nascido um remédio errado causando-lhe a cegueira. Os médicos nada puderam fazer.”

“ A referida freira começou uma novena a Santa Francisca Xavier Cabrini, fundadora da mesma Congregação, e os médicos constataram que os olhos do garoto estavam perfeitos, mas que não eram dele! Eram verdes e não tinham os caracteres dos pais do garoto!”

“Chamaram a freira e perguntaram-lhe o que havia acontecido, e ela falou da novena a Santa Francisca.” 

“Depois de 50 anos da morte da santa, desenterraram-na e seu corpo estava intacto, faltando-lhe apenas os olhos, que não estavam na cavidade ocular. Verificaram que os olhos do referido menino eram os da santa. O rapaz na ocasião já era formado em medicina, mas da data do seu nascimento até o desenterramento da santa haviam decorridos 28 anos.”

Pergunta: foi um transplante de olhos feito por Deus?
– Resposta: a pergunta parece simples, mas implica muitos aspectos. O conjunto é precisamente o que sistematicamente  estamos abordando nos seis volumes desta coleção.

Que foi um transplante é evidente, dado que os médicos verificaram que se deu sumiço dos olhos do menino e que foram substituídos pelos olhos da santa.

Que foi milagre também é evidente. Uma coletânea de milagres. Milagre na cura da cegueira naturalmente irreparável do menino. Milagre na desaparição dos olhos do bebê.  Milagre na incorrupção de Santa Francisca Xavier Cabrini. Milagre na revitalização dos olhos da santa, incorruptos mas completamente mortos após mais de vinte anos de enterrados. Milagre na implantação dos olhos revitalizados. E milagre na não rejeição… E houve mais componentes deste complexo milagre, como logo veremos.

Não foi a santa que realizou o milagre. Não só a revitalização é exclusiva do Poder Infinito. Nenhuma Outra Força pode intervir no nosso mundo, o milagre é unicamente em ambiente religioso divino, o milagre é exclusivo de Deus, a assinatura infalsificável de Deus. Evidentemente, no caso, em honra e pela intercessão de Santa Francisca Xavier Cabrini.

A consulente não cita bibliografia. O caso é referido em quase todas as biografias da santa. (65)Foi um dos milagres aprovados para a Beatificação da Madre Cabrini. Só me resta acrescentar  alguns detalhes, servindo-me principalmente das atas do processo.(66)

Foi no Hospital Columbus, de nova York. A superiora e responsável pela direção geral do Hospital era a Madre Teresa Basigalupi. No processo a Madre Teresa omite o nome da Irmã encarregada da seção. O acidente aconteceu por volta do meio dia de 14 de março de 1921. Assistiram ao parto o Dr. Michael Joseph Horan e a enfermeira Srta. Maria Redmond, que foi a que lavou os olhos do bebê com uma solução de nitrato de prata a 50 por cento, em vez de 1 por cento que seria o correto (uma gota de nitrato de parta a 5 por cento – e ao menino foi muito mais: a 50 por cento – perfura a madeira). O recém-nascido era Peter, filho primogênito do jovem casal Peter e Margareth Smith.

Quando uma hora mais tarde outra enfermeira, Srta. Sifert, acudiu apavorada pelo estado dos olhos do bebê, a Irmã responsável pela seção compreendeu a tragédia que ocasionara ao fornecer por erro um vidro diferente do devido!

Acudiu o Dr. Paulo Casson. Os olhos do bebê estavam inflamados e pretos. Tão inchados que não poderiam se abrir. Não teve dúvida: o menino deveria morrer; e, se escapasse, ficaria absolutamente cego.

Vendaram os olhos do bebê. Mas todos viam as faces avermelhadas, escuras. O interior do nariz e até os lábios viam-se queimados, e saía um líquido preto prurulento. Queimadura de terceiro grau (queimadura de de 1° grau: vermelhidão; de 2°  grau: com bolhas; 3° e 4° , se curadas, deixam inevitavelmente cicatrizes, que sendo nos olhos…)

Tosse frequente, espiração difícil, “pulsação tão fraca e tão rápida  que não se podia contar, os tons cardíacos eram muito apagados, o  ventre  frouxo; pelo reto administrou-se ao bebê um pouco de água, dado que que era impossível a alimentação oral.” "O diagnóstico foi : inflamação pulmonar bilateral.”

Temperatura retal, tomada a intervalos, das 13 até as 20 horas, sempre 42,8 graus centígrados ( tal temperatura pode parecer em insolações, mas praticamente nunca em inflamações pulmonares, o que mostra a gravidade deste caso).

Às 21 horas o Dr. Horan voltou ao leito do bebe trazendo o especialista em oftalmologia Dr. Kearney, que só com ajuda de um instrumento próprio (Lindherbes) conseguiu abrir as pálpebras inchada e coladas. A conjuntiva estava estava gravemente queimada. A córnea de ambos os olhos aprecia ensanguentada, e dos lugares queimados surgia uma secreção amarelo-acinzentada.

"Prognóstico: morte, e certamente em poucas horas”(qualquer espécie de inflamação pulmonar em criança desse tamanho  é mortal quase em cem por cento dos casos).

As irmãs e as enfermeiras, nos horários em que não estivessem obrigadas a ficar junto aos doentes, reuniram-se na Capela e oraram durante toda a noite  pedindo um milagre pela intercessão da Madre Fundadora, Francisca Xavier Cabrini. Sabiam que somente um milagre resolveria a situação do menino, do jovem casal e do próprio Hospital.

Chegou a manhã do dia 15. Pelas nove horas o Dr. Horan voltou com o especialista Dr. Kearney, para ver se havia alguma possibilidade de atenuação do dano causado. E…

O Dr. Keaney não encontrou nada errado no menino! Peter Smith estava absolutamente bem”! “Não ficou traço algum de cicatriz, apesar da queimadura profunda que houvera.”. Os Drs. Horan , Casson, e Kearney "reconheceram espantados que se havia dado um milagre”. “O menino  deixou o Hospital absolutamente curado e em estado normal”.

*** O leitor terá notado um detalhe… picante. De todo o conjunto da desaparição dos olhos do cadáver incorrupto da Santa  Francisca Xavier Cabrini e implantação nas órbitas do bebê Peter, fala-se nas biografias mas nem uma palavra no processo de canonização.

– Os postulados da beatificação queriam a aprovação de dois milagres. Uma eles, complexo, era a liberação perfeita e instantânea da cegueira irreparável, da gravíssima doença e da morte eminente  do recém-nascido Peter Smith. Para que complicar ainda mais com os outros milagres concomitantes – da substituição dos olhos – perante um tribunal tão exigente como o é o da Congregação dos Ritos? É lógico. E é muito bom que se tenha medo da severidade exigida pela Igreja ao julgar fatos milagrosos… ( no volume 4 estudaremos esta severidade da Igreja especialmente  após o sapientíssimo Bento XIV).

Na manhã de 7 de julho de 1946, Peter Smith, que já havia sido ordenado sacerdote na Igreja da “Mother Cabrini School” de Nova York, assiste à solene canonização de Santa Francisca Xavier Cabrini, por Pio XII. Estavam também presentes Paulo Pezzini e Ettore Pagetti, protagonistas da duas curas milagrosas aprovadas para a Canonização ( as curas de Peter Smith e da religiosa Delfina Grazioli foram os aprovados para a Beatificação).    

Texto do livro:  “Os milagres e a Ciência” do Pe. Oscar G.-Quevedo, SJ - Edições Loyola , São Paulo, Brasil, 1998.

Citações do Padre Quevedo

65  - Por exemplo., OGARO, Giuseppe Dall’, Francesca Cabrini, la suòra che conquistò
 l’America, Ed. Rusconi, 1982. GALILEA, Segundo, El Poder ey la Fragilidad, Buenos Aires, Paulinas, 1992. Uso a tradução de BALANCIN, Euclides Martins: O poder e a Fragilidade. Vida de Santa Francisca Xavier Cabrini, São Paulo, Paulinas, 1994, p 251. ANÔNIMO ( “por uma das suas filhas), tradução de RODRIGUES, Ir.Lúcia Victor, Santa Francisca Xavier Cabrini. Fundadora e Superiora Geral da Missionárias do Sagrado Coração de Jesus, 2ª edição, São Paulo, Paulinas, 1993, pp393s.]

66 SACRA RITUUM…, op. cit., “Positio super miraculis”, 1938, pp. 205-229 Ibdem, 1938, pp. 2-5. Para consultas dos processos, atas, positio, parecer dos peritos etc., cf nota 15 do capítulo 3.



sexta-feira, 6 de novembro de 2015

O Sagrado Coração de Jesus na vida de Santa Madre Cabrini


 Conta-nos Angela Matignoni no livro “ Santa Francisca Xavier Cabrini, a mãe dos emigrantes”: 

"Madre Cabrini costumava se recomendar constantemente ao Sagrado Coração de Jesus. Dizia sempre:

Coração de Jesus, Vós sabeis,
Coração de Jesus, Vós podeis,
Coração de Jesus, Vós vedes, 
Coração de Jesus, providenciai por nós!

Narram as memórias de Codonho, cidade da Italia onde foi fundado o Instituto das Missionarias do Sagrado Coração de Jesus: 14 de novembro de 1880. Despontou finalmente a aurora desse suspirado dia! Com que santo júbilo nós os saudamos, podendo finalmente nos reunir nesta casa sob a orientação materna da nossa venerada Madre Fundadora e com a benévola proteção do Monsenhor Dom Serrati e do nosso amado Bispo Dom Gemini. Pareceu-nos, nos encontrar no limiar do paraíso ao entrar nesta cat, meta e realização de todos os nossos votos e desejos.

Entramos aproximadamente às oito horas da manhã, com algumas moças já inscritas e aceitas. Nós as levamos diretamente à sala convertida em capela. Ao entrarmos, deparamos com o quadro do Coração Santíssimo de Jesus, que parecia estar nos esperando, a fim de nos animar e nos cumular das energias necessárias para levar avante este novo empreendimento. Com vivo fervor, prostrada no chão, participamos da Santa Missa, celebrada por Monsenhor Serrati, e, indizivelmente comovidas, recebemos a Santa Comunhão. Apertando ao peito o nosso Jesus Eucarístico a nossa alegria estava completa."

O quadro do Coração de Jesus que vemos ao fundo é o mesmo do que fala o relato, o da fundação do Instituto  e se encontra na sede do Instituto em Codonho, na Itália.

Esse amor imenso que ali começava, foi derramado sobre a humanidade, distribuído pelas mãos e corações de inúmeras discípulas da Santa Madre, que movidas pelo mesmo espirito, fizeram chegar até nós a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, à qual a nossa Lola, a Serva de Deus Floripes Dornelas de Jesus, se entregou de corpo e alma. E, apesar dos seus tão grandes limites, os frutos do seu apostolado foram tantos e tão fortes que ainda hoje nos alimentamos deles. 

Que o Sagrado Coração de Jesus receba, nesta primeira sexta-feira, toda a nossa gratidão por essas duas servas tão fiéis a Ele, e que, por isso mesmo, nos fizeram e fazem tanto bem. 
Tudo por Vós ó Sagrado Coração de Jesus!

Veja dois videos sobre como começou, e como é hoje o Instituto da Santa Madre Cabrini em Codonho, na Itália: 



quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Madre Cabrini, os Andes e a Argentina.


O Papa Francisco é uma pessoa cativante. Em pouco tempo de papado tornou-se celebridade a ponto de tudo o que lhe diga respeito seja considerado notícia. Em meio a tantos detalhes de sua vida, um sobressai, como a notícia  publicada pela revista “Veja" sobre o bairro  de Flores, em em Buenos Aires  onde  Jorge Mário Bergoglio passou  sua infância e juventude: ”A poucas quadras da casa onde cresceu Bergoglio, estão pelo menos outros três pontos importantes em sua vida. Um deles é o colégio que frequentava quando criança, Nossa Senhora da Misericórdia. Outro é a Paróquia Santa Francisca Javier Cabrini, onde celebrou missas quando era vigário regional do bairro.”


Mário Escobar diz a mesma coisa em seu livro: "Francisco, o papa da simplicidade” ( 2013, Agir, Editora Nova Fronteira): “Perto do colégio público Antonio Cerviño, onde Jorge  Mário Bergoglio estudou e foi um aluno exemplar, fica a paróquia Santa Francisca Xavier Cabrini, onde o futuro papa celebrou a primeira missa como vigário regional em seu bairro de Flores.”

Em comum nas duas citações temos a “Paróquia Santa Francisca Xavier Cabrini”, a santa alvo de nossa pesquisa e reflexões.

Santa Francisca Xavier Cabrini é importante para o catolicismo na Argentina, a terra do Papa. Sua presença naquele país aconteceu partir da metade do ano de 1895, segundo o livro compilado por Angela Martignoni: "Santa Francisca Xavier Cabrini, a Mãe dos Imigrantes” (A Casa Editora), para comemorar os 150 anos de nascimento da 'Santa Madre Cabrini’ como é conhecida, especialmente no Brasil. 

Quem estudou em algum dos muitos colégios cabrinianos ouviu mais de uma vez a história da Madre forte e decidida que se aventurou a cruzar a Cordilheira dos Andes, com o intuito de chegar a Buenos Aires. Mesmo sabendo que o Arcebispo que a havia chamado para ali estender seu  apostolado havia falecido, e ela ali chegaria sem ter a quem se apresentar. Considerava o convite como uma ordem de Deus, em quem confiava plenamente.

 A narração da viagem mereceria ser considerado um roteiro para um filme de aventura, de época. Eis alguns trechos dela: 

“ E a viagem apostólica continuou. O navio cristófaro seguia sua rota no Pacífico. Na manhã de de 22 de junho (1895) chegaram  a Gallao, onde Madre Cabrini desembarcou com sua única companheira, a irmã Clara. O navio deveria fazer uma parada, para se abastecer de mercadorias. E a Madre teve tempo de pegar o trem direto para Lima, no Peru, pátria de Santa Rosa de Lima, à qual havia prometido um “visita” e uma comunhão. A “visita"à santa Rosa e a comunhão recebida na igreja dos Dominicanos a compensaram de todos os sacrifícios  da viagem.

Retomaram novamente ao navio, onde foram festivamente recebidas como pessoas da família.

Era o momento de decidir o itinerário da viagem: descer até o extremo sul da América e através do estreito de Magalhães continuar a viagem pelo Atlântico até Buenos Aires, ou atravessar os Andes, no dorso das mulas.

Foi decidida a travessia pelo Andes.”

"Passando por Valparaíso, seguiram de trem até Santiago. A  passagem dos Andes estava impedida por causa da neve  que naqueles montes atingia um metro de altura. 

Tiveram portanto, alguns dias de descanso forçado . Mas aconteceu naqueles dias, um pequeno fato, sinal evidente da proteção da Divina Providencia  sobre ela, e que muito a confortou, estimulando-a a nada temer.

É a própria Madre quem narra: “Enquanto estava rezando fervorosamente , no Santuário de Santa Filomena, muito venerada no Chile, uma voz humilde e suave me sussurra sobre a cabeça: esta é uma pequena esmolinha de Santa Filomena. Acreditando ser uma ilusão, nem sequer me movo; mas a voz repete as mesmas palavras. Então levanto os olhos e vejo uma mão que se avizinha das minhas e aí coloca algumas moedinhas de ouro dentro de uma bolsinha. Era a Santa que oferecia sua ajuda por intermédio do Sacerdote Capelão do Santuário. Emocionado, a vista daquelas duas pobres Missionárias,  que vagavam por aquelas paragens, ele oferece a sua ajuda, como também uma pequena imagem da Santa, recomendando-nos conservá-la sempre conosco, e afirmando que a Providência jamais nos faltaria.”

Em 23 de novembro a Madre partia de trem para os Andes, com a Caravana da Companhia Transalpina de Santiago”. 

Daí para a frente, em outro veículo o grupo se embrenhou no vale onde se avistavam montes altíssimos.

Espetáculo incomparável! Muitas vezes a Madre agradece a Deus pela maravilha de suas obras, com um comovido hino de ação de graças.

"Por sorte – conta a Madre, nos foi recomendado um guia, uma espécie de Anjo da Guarda, com aparência de São José. Ele foi para nós um valioso auxílio. As conversas dos companheiros de viagem não eram, na verdade, nada tranquilizadoras. Vi que havia em todas as pessoas uma mal disfarçada preocupação, por causa dos iminentes perigos: a montanha podia se abrir em grandes fendas, o ar tornava-se rarefeito e alguns pontos era dificilmente respirável.”

Prossegue Angela Martignoni: Mas  a Madre, que não era nem fraca nem arrojada, incutia nos outros a força de sua vontade, infundindo-lhes coragem. Fazia-os contemplar a intensa luz da lua, que admiravelmente resplendia. E parecia que as montanhas tocavam o céu, como que coberto de um manto azul. Quem quer que contemplasse  aquele espetáculo, era levado a experimentar quase um êxtase sublime.

A Madre fazia notar aos viajantes que a terra tinha amor do céu; o conjunto da montanhas lembravam listras de um azul mais escuro ou mais claro, e as nuvens estupendas pareciam saudar a Rainha do Céu, a Mãe de Deus, e a seus mensageiros celestes, que são os Anjos. E ao falar de Nossa Senhora, a Madre afirmava que a Santíssima  Virgem protege, de maneira especial, os peregrinos.

E assim a Madre conseguia transmitir aos outros, a tranquilidade e a calma.

“Chegando a um certo ponto, faltou-nos o ar, mas não entendíamos o porquê. E eis que o nosso condutor, aquele ao qual chamávamos São Jose, vem ao nosso encontro para dizer-nos que deveríamos acelerar o passo, porque naquele ponto está a “puna”. A ‘“puna” é uma palavra  espanhola que significa “falta de ar causada pelo desequilíbrio da temperatura”. Apressamos o passo. Um minuto depois o ar estava puro como antes.

Caminhávamos em fila indiana, conduzidos pelos passos seguros e firmes das mulas que, indiferentes aos perigos dos abismos e das fendas pastavam tranquilamente às bordas dos precipícios.

Continua Angela Martignoni: Enquanto isso via-se, por aqueles caminhos nevados, logo após o guia, uma Religiosa, a primeira da fila, abrindo pista para afrontar aquelas brancas altitudes da neve imaculada. Realidade e símbolo ao mesmo tempo: aquela frágil mulher com sua força moral arrasta com seu exemplo de coragem e tranquilidade, uma fila de quarenta peregrinos. É que ela possuía a energia superior de conduzir com seu testemunho de graça a milhares de pessoas.

Depois de uma breve parada a caravana retomou o caminho. Chegou-se ao "Monte Cambie”, o ponto mais alto, nas proximidades do vulcão Aconcágua. 

Com puríssima alegria a Madre abraçou emocionada a imensidão do espaço, com o olhar estático e o coração transbordante de reconhecimento, ao Criador. São imensos os horizontes do céu!

Aquele ponto marca a fronteira entre o Chile e a Argentina.

A Madre elevou de seu coração um hino de ação de graças a Deus que lhe permitia desfrutar de tantas maravilhas e expressou este seu pensamento por escrito, nos registros da “Casa do Pouso”onde os viajantes  costumam deixar suas impressões.

Às  14 horas, tomaram novamente as condução para se dirigirem a “Punta de Vargas”. 

No dias seguinte, um trenzinho, deslizando pelo escarpado caminho em declive, deixou a Madre e a sua companheira  sãs e salvas, na cidade de Mendonza.

Sejam dadas graças a Deus!

Usufruindo da cordial hospitalidade das Irmãs do Bom Pastor, puderam descansar seus doloridos corpos, depois de tanta agitação e fadiga.

No dia seguinte tomam de novo o trem para uma volta de dois dias através do verde dos Pampas. 

Em 1° de dezembro de 1895,  chegaram finalmente à meta: Buenos Aires.

Uma vez em Buenos Aires a Madre, por intermédio de um padre seu conhecido encontrou-se com o novo Arcebispo, que lhe deu autorização para ali instalar um colégio. Depois de conseguir uma boa  casa onde o instituto pudesse funcionar, onde seria instalado o colégio,  mandou telegramas a Nova York e Codonho pedindo que mais irmãs para ali fossem para o início das atividades.

Conta-se que a Madre e sua irmã de congregação passaram o Natal ali sozinhas  executando todos os trabalhos físicos que podiam para o funcionamento do colégio. Sua grande devoção ao Menino Jesus, iluminava seus trabalhos e planos. 

Certa vez, o Arcebispo chegou para ver as obras do novo educandário católico e a Madre se encontrava à frente da casa, de avental e roupas de serviço,  às voltas com vassouras e outros materiais de limpeza. O Sr. Arcebispo lhe disse que queria falar com a Madre Cabrini. Ela então, fê-lo entrar, assentar-se e aguardar um pouquinho que a Madre viria atendê-lo.  Minutos depois, voltava vestida com o hábito, e se reverenciava diante do sucessor dos apóstolos, com toda a sua dignidade de fundadora junto com sua Irmã. Dizem que os três riram muito da situação.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Santa Madre Cabrini: a padroeira dos imigrantes.


 

Num tempo em que nossos corações sofrem  devido às tristes noticías que recebemos dos imigrantes que invadem a Europa fugindo das guerras, principalmente na Síria, nós católicos devemos nos voltar à Santa Madre Cabrini, a padroeira dos imigrantes. Nunca o mundo e os cristãos correram tanto risco de perder o sentido da vida cultural, que é sempre apoiada em valores espirituais, que um vez perdidos, as pessoas ficam expostas a sofrimentos impensáveis.



Santa Madre Cabrini era uma mulher de visão. Percebia coisas que a maioria das pessoas de seu tempo não conseguiam ver.  Em  tempo e lugares difíceis ela conseguiu realizar muito; atravessou o Oceano Atlântico 24 vezes, deixou 67 obras (hospitais, escolas e orfanatos)  iniciadas e em funcionamento contando com, aproximadamente, mil Irmãs no seu Instituto. Era uma alma apaixonada pelas pessoas, consequencia de seu imenso amor a Deus, que as ama. Veja o que ela escreveu numa carta dos Estados Unidos  às suas filhas na Itália, em 1906:

"Finalmente não é mais necessário ser Missionária para viajar pelo mundo. As faciliddes de transportes, as emigrações , fazem com que as pessoas mudem de países com a mesma facilidde como quem muda da casa para o jardim.

Aqui vemos chegar todos os anos, milhares de patrícios nossos...

Se cada criança que nos é confiada em nossas escolas, e conosco cresce no santo temor de Deus, se lhe instruímos a mente, educamos o coração, e lhe incutimos os princípios de religião e honestidade, de modo que ela cresça como bom cristão e bom cidadão, não é verdade que este nosso aluno se tornará, por sua vez, mestre, e mestre tanto mais eficaz nos seus ensinamentos, quanto mais salutares forem as nossas exortações  e bons exemplos para que possa se sentir fortalecido contra as futuras e estéreis instruções?

A mestra que assim educa os seus alunos lança numerosos grãos de mostarda, os quais, segundo apalvra do Divino Mestre, crescerão a grande altura. Nem a ela nunca será dado conehcer quantos frutos de salvação poderão trazer.

Minhas boas Irmãs, façam com que a sua não seja apenas uma escola de literatura, de ciência, de matemática, de história, mas de bons costumes, de sólida moral cristã e terão assim prestado um grande serviço, não só à religião, mas à Pátria, como também terão contribuído grandemente para que se realize o nosso voto: de que todos os emigrantes que vão às terras estrangeiras, possam fazer a sua Pátria cada vez mais honrada e respeitada diante das outras nações.  - Trecho do livro: "Santa Francisca Xavier Cabrini, Mãe dos emigrantes" organizado por Angela Martignoni-

Saiba mais sobre Santa Madre Cabrini



terça-feira, 3 de novembro de 2015

O amor de Santa Madre Cabrini pelo povo chinês



 Em novembro de 2014, numa viagem a Nova York, ficamos hospedados em Chinatown. Como sempre faço nas viagens, procurei a Igreja católica mais próxima. Com muita alegria, decobri que uma  ficava a poucos metros de onde nos hospedamos. Era a Igreja da Transfiguração, uma das primeiras paróquias católicas de Nova York. 






 Tive uma grande e grata surpresa logo na entrada: havia ali uma grande imagem de Santa Francisca Xavier Cabrini, a “nossa”'Madre Cabrini. 






Junto dela um cartaz, escrito em inglês e em mandarim que dizia: 

“Entre 1880 e a Primeira Guerra Mundial mais de três milhões de italianos chegaram aos Estados Unidos por meio de Ellis Island.

A vida para esses imigrantes era cheia de grandes dificuldades, solidão, frustração e alienação. As condições de vida e de trabalho eram inadequadas e insalubres. A incapacidade de muitos desses imigrantes de falar inglês intensificou seu isolamento. 

Padre Thomas Lynch, Reitor da Igreja da Transfiguração (1881 - 18894) expressou a necessidade da vinda de clérigos, religiosos e religiosas de língua italiana para evitar o proselitismo dos protestantes junto a esses imigrantes.

Madre Francisca Cabrini chegou à América em 1889 e estabeleceu uma escola para crianças imigrantes italianas  na Paróquia da Transfiguração, na Rua Mott, em 1899. Ela  sentiu que a necessidade de trabalho missionário não era restrito à paróquia  e estabeleceu instruções para o cuidado  de doentes, órfãos e pobres em todos os Estados Unidos. Nesta comunidade e em várias comunidade  dos Estados Unidos  Madre Cabrini serviu aos imigrantes. Ela os servia com espírito de compaixão e compreensão. Seu trabalho de caridade foi de grande significação para o catolicismo americano e para a história dos imigrantes. Ela faleceu em 1917, em Chicago.

Sendo ela também uma imigrante, e notadamente por sua assistência aos imigrantes, Madre Cabrini se tornou cidadã americana em 1890.  Como a primeira santa americana, foi canonizada em 1944, e nomeada  pelo Papa Pio XII “Patrona de todos os  Imigrantes” em 1950. Sua festa é celebrada no dia 13 de novembro.”








Ao entrar na igreja e assistir à missa, uma sucessão de agradáveis surpresas aconteceram, e o conjunto delas tiveram o efeito de uma revelação divina. A igreja cheia de imigrantes orientais, sendo a grande maioria composta por chineses. Todos os dias, ali são celebradas missas em mandarim e em cantonês, e nos fins de semana em numero muito maior, sempre com a igreja cheia.





Num domingo, assistí a uma missa festiva, na qual acontecia a cerimônia do Crisma de várias pessoas. Era presidida por um sacerdote americano de meia idade, que falava mandarim e cantonês como nós falamos português. Durante a semana assistí várias missas presididas por diferentes e piedosos jovens sacerdotes chineses.



 Foi muito gratificante ver com que amor essas pessoas participavam da Santa Missa na sua língua pátria. Famílias, com adultos, jovens, crianças e idosos exibiam semblantes de serena alegria e de almas exultantes. A paróquia hoje está sob os cuidados do Instituto Maryknoll, cujo carisma é muito semelhante ao da Santa Madre, voltado para as necessidades dos imigrantes e sofredores de todo o mundo, especialmente na Ásia, África e América Latina.


Fiquei sabendo, que a antiga escola na qual Madre Cabrini e suas irmãs acolhiam com tanto amor e dedicação as crianças italianas, ao lado da igreja, agora recebe as crianças chinesas nas mesmas condições. Como as antigas crianças italianas, as chinesas hoje aprendem o idioma inglês enquanto preservam e desenvolvem também a língua pátria de seus pais. E, como antigamente, além das línguas  as crianças recebem os demais conhecimentos no nível igual ou melhor do que as outras escolas americanas.






Como acionada por uma volta concreta no tempo, a memória fez-me ouvir de novo a história contada com sotaque francês, pela querida e saudosa Madre Zita: 


"A vocação de Santa Madre Cabrini aconteceu muito cedo. Ela pertencia a uma grande família católica, eram 13 irmãos.  À noite, o pai reunia a família para fazer orações e leituras interessantes à boa formação das crianças; uma dessas leituras era o ‘Jornal das Missões’ que narrava os feitos dos missionários católicos nos lugares mais longínquos, e suas interessantes culturas.
Francisca era a caçula. Sua imaginação ‘fervia’ ao ouvir contar quanto bem os missionários realizavam levando às pessoas o amor de Jesus. Ouvindo dizer que na China  não conheciam Jesus, ela se encheu de enlevo pelo povo daquele país, e dizia que quando crescesse "iria ser missionária na China."
Como ‘treinamento”, no córrego que corria no fundo da casa de seu tio, ela “soltava’ muitos barquinhos de papel, cheios de violetas. A florzinha, pequenina, delicada e humilde, segundo ela representava as irmãs missionárias que deveriam chegar à China para levar a todos o conhecimento da Pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Para amenizar o seu entusiasmo, disseram-lhe que na China não havia doces, o que para uma menina devia ser um grande impedimento. No entanto, Francisca pensava: “Na China, não há doces. E eu que desejo tanto ir até lá para fazer conhecido e amado o nome Jesus, devo me privar dessas gulodices. Comecemos logo."

Para uma filha da Santa Madre, tudo aquilo era um carinho de Deus. Eu dizia para mim mesma: –Olha, Madre Cabrini queria ir para China, queria trabalhar para ver o povo chinês  gozando as delícias do amor de Deus em Cristo Jesus. No entanto aceitou ter contrariado o seu desejo pessoal porque confiava no amor ,e no maior discernimento, do Papa Leão XIII como representante oficial do Deus Trino na terra, a respeito da vontade de Deus. "

Lembrava dos detalhes ouvidos do acontecido na época: quando, ao pedir as ordens do Papa para ir  para a China, ele, que  recém havia tomado conhecimento das dificuldades do povo italiano na América, disse-lhe em tom solene: "– Não ao Oriente, mas ao Ocidente". Ordem que ela  recebeu como vinda de Deus.

Agora do Céu ela vê que, anos depois, o lugar onde começou seu apostolado é agora o lugar que acolhe com o mesmo amor o seu querido povo chinês. Como deve estar feliz no Céu, a Santa Madre com esta surpresa de Deus! Como ela realmente podia confiar na Providência Divina que certamente  não teria deixado que seu amor pelo povo chinês ficasse sem fruto.

Fato relevante a ser observado é que as condições de vida do povo chinês que hoje frequenta a igreja e a escola não pode ser comparada com as dos italianos na época da Santa Madre. Vê-se claramente que eles não vão buscar ajuda material, vão buscar o máximo Bem que se pode ter nesta vida: Jesus Cristo, em Pessoa.



Como uma assinatura da Santa Madre, um filha sua, humilde, marca a sua perene presença neste santo apostolado


Imagem de Nossa Senhora, Mãe do povo oriental
Madre Cabrini alcançou seu ardente desejo de unir o mundo no seu imenso coração que na verdade era apenas uma pequena parte do Sagrado Coração de Jesus. Ele que tudo pode, Ele que é o próprio Bem, considerou todo desejo da Madre Cabrini e fez com que toda a grande obra que realizou junto com suas irmãs, fosse como um  preâmbulo da Sua obra no Oriente e no mundo todo.  Com certeza, logo, logo,  um imenso número de chineses haverão de desfrutar o Amor puro e real que Deus tem para com todos, sem a mínima excessão. O desejo da Santa Madre começou a ser realizado: que todos os povos estejam unidos no amor dAquele que a fortalecia  e por cujo amor foi capaz de realizar tanto bem. Só por Ele, com Ele e nEle. Tudo por Vós ó Sagrado Coração e Jesus!

Saiba mais sobre a vida da Santa Madre Cabrini