terça-feira, 11 de agosto de 2015

Santa Clara e a Eucaristia



Tomás de Celano relata:

 “Pelotões de soldados e bandos de arqueiros sarracenos, sombrios como harpias, estavam acampados naquele lugar por ordem imperial, com a finalidade de devastar os acampamentos e conquistar a cidade.  

Um dia, durante um ataque do feroz exército dos sarracenos contra Assis, cidade particular do Senhor, eles irromperam nas adjacências de São Damião, mais propriamente no claustro das virgens. Os corações das monjas se contraíram pelo terror e trêmulas de medo, dirigiram os seus prantos à Madre Superiora (Santa Clara), quem, com o coração intrépido, ordenou que a pusessem, embora estivesse doente, diante da porta, bem na frente dos inimigos, trazendo uma caixinha de prata e marfim, na qual estava guardado com suma devoção o Corpo do Santo dos santos.

Prostrada em oração, entre lágrimas, falou com o seu Senhor: 

“Ó Meu Senhor, queres colocar as tuas servas indefesas nas mãos dos pagãos, as mesmas, que por amor a Ti, eu eduquei? Senhor, eu te peço, protege estas tuas servas, porque eu sozinha não posso salvá-las”. 

Imediatamente uma voz de criança, vinda do Tabernáculo, sussurrou aos seus ouvidos: “Eu as custodiarei sempre!”. 

“Meu Senhor”, acrescentou, “protege também, se é a tua vontade, esta cidade, que nos sustenta pelo teu amor”. E Cristo lhe diz: “Terá que sofrer duras penas, mas a minha proteção a defenderá”.

 Então a virgem, ergueu o rosto banhado em lágrimas e consolou as irmãs que estavam aos prantos: “Eu garanto, minhas filhas, que não sofrereis nenhum mal; somente tendes fé em Cristo!” 

Não demorou muito e a audácia dos agressores se transformou em espanto; e abandonando apressadamente os muros que tinham escalado, foram derrotados pela força daquela mulher que rezava. Imediatamente Clara advertiu as irmãs que tinham ouvido a voz: “Enquanto eu estiver viva, cuidem-se bem, queridas filhas, de comentar com qualquer pessoa sobre aquela voz”.

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