domingo, 15 de fevereiro de 2015

Pátria grande... traidora.


Não é possível considerar os fatos acontecidos no Brasil sem a  devida  consciência de que fazem parte de um projeto maior, que envolve toda a América Latina. Projeto sonhado pelos  chamados bolivarianos, assumidos ou não. 

Assim como no Brasil, é notório que os que o ocupam o poder nos países vizinhos, com destaque para Argentina e Venezuela, pautam seus governos pelo pensamento da “Pátria Grande”, na qual o marxismo cubano imperaria, destituindo os grandes e poderosos exploradores do povo. Pelo que dizem,  o povo estaria no governo por meio de seus “representantes legais”.  

 Como parte de um só plano, o discurso que os levaram ao poder são muito mais que  semelhantes. Acusando de corrupção os antigos governantes e insuflando o povo contra os ”ricos imperialistas” detentores do poder, passavam uma imagem deles próprios como justiceiros. Robins Hood do hemisfério sul, diziam querer tirar dos ricos para dar aos pobres, trabalhavam pela igualdade… 

No entanto, assim que se viram no poder, começaram a praticar tudo o que acusavam os “capitalistas" de fazer.  Cercaram-se de meia dúzia de empresários, que custeiam suas arquimilionárias campanhas políticas  e, por meio de  artimanhas burocráticas, fazem com que somente os poucos detentores de grandes capitais  encontrem facilidades em produzir riquezas. Os pequenos empresários encontram cada vez mais dificuldades em trabalhar. Quem pode ter um empregado hoje? São  tantos  os encargos, os deveres e responsabilidades… Somente os ricos. Assim, com poucos operadores, toda a produção de bens de cada país fica facilmente controlada.

Com os governantes atuando de maneira inversa ao discurso, cada vez mais a desigualdade prolifera nos países em cujos governos somente “os amigos do rei” têm facilidades e regalias. Cada vez é menor o número dos que produzem bens, pelo trabalho.  Uma  minoria, formada de    grandes  empresários, reparte entre si grande montante dos recursos vindos dos impostos arrecadados dos pequenos, que são cada vez mais extorquidos. Tais recursos são  usados para subsidiar seus mega empreendimentos via BNDES (Banco Nacional e Desenvolvimento Econômico e “Social”). Outra parte, advinda da mesma extorsão dos que realmente trabalham, é distribuída  de maneira complacente  a  um número cada vez maior de cidadãos pelo governo paternalista. Chamam a isso de distribuição de renda e combate à desigualdade.

 O vigor durante mais de dez anos de tal mentalidade governista  produz um número cada vez menor de trabalhadores, ou seja, dos que produzem bens a serem usufruídos por terceiros e, por  tal recebem a relativa recompensa. Por uma razão muito simples: cada vez é menor o número de insensatos que  se arriscam a se tornarem patrões, assim como o número de candidatos aos empregos é cada vez menor, diante de tantas benesses oferecidas pelos governos. 

Além do mais, “o ensinamento" que os jovens recebem nas escolas, é embebido na ideologia que diz que os patrões são malvados exploradores dos coitados dos empregados. E ninguém quer ser um coitado explorado. Assim, para ficar num emprego e nele fazer carreira, o jovem de hoje precisa de recursos que não são deste mundo… Só mesmo  um heróico praticante de virtudes que hoje são consideradas desvios, a ponto de se tornarem motivos e razões para bullying, guardaria a perseverança.

Se escutarmos a voz da sensatez,  veremos que não poderíamos viver situação diferente da que hoje vivemos: A população, orientada a exigir seus direitos, está se sentindo cada vez mais vítima da falta de recursos de primeiro mundo, apregoados em todos os discursos: nos hospitais,  nas escolas e  de uma segurança pública  na qual os policiais sejam anjos poderosos, capazes de tratar com bandidos com toda a suavidade, e manter a ordem e o bem-estar nas cidades, onde  que tudo é permitido em termos de  manifestações de egos.

O pensamento de que todos têm o direito aos bens materiais relativos aos ricos bane a ideia do  direito à alegria da conquista; assim, cada vez menos altruístas e mais egolátricos, os jovens têm se tornado vorazes consumidores, muito mais do que o são nos países onde vigoram o capitalismo.  

Em tais lugares, a maioria dos jovens  sonham com uma carreira promissora, na qual possam desenvolver suas potencialidades, produzir tanto bem capaz de atrair atenção, pelo menos das pessoas mais próximas. Para tanto, o estudo e o trabalho árduo são fundamentais, e é  nesse campo que se pode "fazer a diferença”. 

Jovens daqui têm se tornado especialistas em exigir seus direitos, e a refugar toda e qualquer autoridade, seja da lei, do patrão ou dos pais. Quando se sentem vítimas dos malvados que  não satisfazem seus desejos, não atendem suas reivindicações, saem por aí depredando patrimônios…

 Por tudo isso, a economia dos países segue descendo a ladeira, em  todos os gráficos.

Não bastasse tamanha inabilidade, causando tanta insatisfação, ainda acontece um surto de corrupção galopante  acometendo os governos em quase todas as esferas. A imprensa dos países, cumprindo o dever de informar ao povo os fatos produzidos,  passam a ser alvo da intenção de  controle dos poderes centrais, por simples pressão de poder ou por meio de sanções  vindas de corte das vultuosas verbas publicitárias das empresas governamentais  e  autarquias que sustentam as grandes redações. Pelo gosto dos poderosos, uma censura invisível precisaria acontecer, e a senhora imprensa só poderia publicar o que fosse do interesse dos poderosos, travestidos de defensores do povo.

A situação chegou a um ponto nesses países que seus atuais governantes sofrem os mesmos efeitos das mesmas maneiras de governar: povo insatisfeito, descrente de seus governantes, cujos malfeitos são publicados na imprensa e nas realmente democráticas redes sociais. Porém, encastelados no poder, proferem o discurso que os transformam em vítimas dos que pedem  e praticam Justiça. Eles estão a tanto tempo no poder que  parecem acreditar que são tão poderosos a ponto de poder  mudar os sentidos dos termos e o significado das palavras. Pensam que podem fazer o povo pensar que o errado é certo, que basta querer para que as coisas sejam como eles desejam. 

 Fazem lembrar  aquela música do Chico Buarque de Holanda que diz : “Agora eu era o  rei, era o bedel, era também juiz, e pela minha lei, a gente era obrigada a ser feliz”…

Agem como pessoas recém entradas na adolescência, como os jovens que querem influenciar. Querem que as pessoas acreditem nas suas maluquices, no seu faz de conta, cuja realidade pode mudar a todo instante, contanto que cada um deles continue sendo o rei, o bedel e o juiz. E ai de quem não disser que é feliz!…

Na verdade,  cada uma desses governantes, ao pretender e executar o seu sonho da Pátria Grande, que envolve toda da América Latina, trai  o povo de seu país,  rouba seus valores  culturais, e com eles sua identidade, corrompendo mentes e corações, ao disseminar  a confusão e o erro impondo uma doutrina que pretendem que seja ser hegemônica.  Furtam os sonhos particulares e naturais que  cada  pessoa tem  de  evoluir e construir a própria vida, roubam a liberdade  de pensamento individual para impor uma  existência  cada vez mais difícil, onde cada cidadão tem que  ser  apenas parte do sonho do governante, que não é outro senão estar no poder. 

Por isso tentam fazer vigorar ideias que facilitam o controle deles sobre a população. Cada vez mais, em tais países, os governos têm-se tornando verdadeiros tutores.  São eles que  promulgam o que é certo e o que errado em todas as esferas da vida das pessoas, controladas por uma legião de comunicadores que disseminam as ideias de interesse do governo, no momento oportuno. As dores das almas, as questões de consciência, são todas  sufocadas  em justificativas  que geralmente as transformam em meros casos de saúde pública. São verdadeiramente pragmáticos ao resolver problemas de consciências (de terceiros) com  simples decretos.

Para tais governos, não importa os sentimentos das pessoas e os  seus valores pessoais uma vez que  seus ocupantes e asseclas são destituídos de tais características; eles as “sublimaram” em favor de se perpetuarem no poder.  Pela mesma razão, os adjetivos  referentes a seus nomes deixam de ter relevância, afinal, eles detêm o poder e poderão  pontificar se  determinado adjetivo  tem significado bom ou  ruim…

Os habitantes desses países vivem momentos dolorosos.  Para que haja salvação, é urgente descobrir quantas pessoas ainda têm CORAÇÃO de verdade, sensível o suficiente para impulsionar a inteligência e a vontade a ponto de acionar a memória genética  para  redescobrir a doçura e alegria vindas das ações  movidas  por conceitos  de honra, dignidade, brio. Os mais jovens talvez desconheçam tais conceitos, "arcaicos", daí  o termo "memória genética". Uma vez redescobertos, tais valores no coração do povo, serão armas infalíveis para expulsar toda mentira, engano, confusão e erro. E, o que é melhor,  são armas que só podem provocar e produzir o BEM.

Giselle Neves Moreira de Aguiar

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