No momento em que a "Comissão da Verdade” “oficial" publica só uma versão dos fatos, os cristãos deste país têm o direito de conhecer o relato de um pensador, escritor e articulista de grandes jornais, Gustavo Corção, que reportou os momentos que antecederam o início do Governo Militar, no momento em que recém aconteceram.
O que hoje vivemos, mostra para onde grandes brasileiros nos impediram de chegar há muito mais tempo. O que seria do nosso país se o marxismo já vigorasse no Brasil desde 64?
Fazendo uma projeção podemos concluir que talvez estivéssemos como a Coréia do Norte, ou Cuba; quem sabe como como a grande e populosa China? Mas ainda no estilo de Mao Tsé-Tung, ou já viveríamos o despertar do progresso vindo das liberdades individuais que começam a aparecer lá depois do lento retorno à liberdade de trabalho e ao mercado mundial?
Vejamos o que dizia, na época, o grande e propositalmente esquecido, Gustavo Corção:
"Em nosso bairro as ruas estavam vazias, e nos rebordos das janelas víamos durante todo o dia velas acesas em sinal de que naquele apartamento rezava-se pedindo a Deus que não permitisse o assassinato do Brasil. Creio que foi nesta semana que um colunista católico escreveu que as reformas anunciadas por Goulart coincidiam com os ensinamentos de João XXIII!
Precipitavam-se os acontecimentos. Foi nesta última semana ou na anterior? Cada manhã, à saída da missa, os amigos se entreolhavam com o ar de quem tem em casa um grande doente. Evitávamos falar no assunto. Nesta manhã, porém, alguém perguntou:
-Viram o que aconteceu ontem na Ilha do Fundão?
O Presidente Goulart aprazara encontro com o Reitor, professores e estudantes. Desceu de helicóptero, mas a meia altura mandou parar e começou a gritar:
- Os estudantes para a frente! Os estudantes para a frente!
E a manada de estudantes rompeu a socos e empurrões a fila dos professores. E nós, ouvindo a história, sentíamos uma vergonha profunda, alternada com convulsões de cólera perdida. Ah! que vontade de combater! “O rage, o desespoir, o viellesse ennemie!” ( ô ódio, ô desespero, ô velhice inimiga!)
Cada notícia era uma injúria; cada página de jornal, uma bofetada. E os nervos tensos, e o coração sangrando ... Não se via uma perspetiva, uma saída. A ténue esperança que tínhamos era de que o Exército se organizasse e seus chefes soubessem sobrepor a lei natural à mesquinha legalidade produzida pelo positivismo jurídico. Saberiam? Poderiam? O fato é que o comunismo já se achava no Poder e já tinha a seu favor a moleza de uma sociedade maltratada por tantos e tão maus governos. Faltava-lhes um arremate de forma, mas contava com a grande imprensa, com os "intelectuais”, com os estudantes e com padres e até arcebispos “progressitas”que já ensaiavam a voz para a declaração:
-Companheiros! Eu também sou comunista! Eu sempre fui comunista!" -
[...]
[...]
Foi um dos mais belos espetáculos que já vi. E tenho pena dos corações alienados que não tiveram a capacidade para acolher tão boa e bela alegria.Lembrei-me de uma página de Léon Bloy. A França acabara de marcar a vitória do Mame. Os jornais estavam encharcados de júbilo, de esperança de triunfo. Mas Léon Bloy folheava os jornais com cólera crescente, e depois com tristeza infinita. O que é que o velho leão procurava nos cantos dos jornais? Lá estava escrito em seu Diário: “Je cherche en vain le nom de Dieu” ( eu procuro em vão o nome de Deus).
Ora, em nossa grande Marcha - cuja fotografia está diante de mim - não houve menção de um só nome dos tantos civis e militares que bem mereceram o aplauso do povo. Havia só um nome: o nome de Deus
Gustavo Corção em "O Século do Nada" . Livro disponível apenas nos sebos, mas que pode ser encontrado para download na internet -
Gustavo Corção em "O Século do Nada" . Livro disponível apenas nos sebos, mas que pode ser encontrado para download na internet -
Nenhum comentário:
Postar um comentário