quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Padre Lyrio e os sinais.



Os sinais que cercaram o acontecimento da morte do Cônego Francisco Lyrio de Almeida, o querido Padre Lyrio dos sorocabanos, têm grande valor para quem  faz uso dos olhos da alma. 


 Com 97 anos, 72 deles em ativo sacerdócio, ele faleceu no dia 15 de outubro de 2014, dia de Santa Teresa de Ávila.  Na sua missa de exéquias, na Catedral Metropolitana de Sorocaba, presidida pelo senhor Arcebispo, Dom Eduardo Benes Rodrigues, e concelebrada por dezenas de sacerdotes, Padre Tadeu Rocha Moraes, o pároco, lembrou, muito bem, na homilia, que padre Lyrio era um professor vocacionado, amava lecionar e cultivar as letras, profissão que exercia a partir de sua condição de sacerdote. 








 Porém, acreditamos que além, do professorado, padre Lyrio tinha mais em comum com Santa Teresa. Quem o observava podia ver que, como a santa, era acometido de uma espécie de  dor que os entendidos chamam de transverberação, que faz  com que a alma não se contente com menos do que com Deus. Daí a sua grande exigência com tudo o que fosse relacionado a Deus, à Igreja, especialmente na Santa Missa, que ele “saboreava" com intenso prazer de espírito. Para ser atendido nas pequenas exigências, suportava títulos como ‘teimoso', mas sua teimosia nenhuma autoridade se arriscava a contrariar porque, na verdade, era zelo. Por não suportar nada menos do que Deus, Deus precisava estar presente e reinante em tudo o que fazia.


Tal atitude certamente não desagradava a Nosso Senhor, como ele se referia a Deus. Pois outro sinal do Altíssimo foi detectado como carinho, pelo pelo povo de fé. Padre Lyrio foi sepultado no dia de Santa Edwiges, a santa cuja imagem fica à direita de quem entra na Igreja de Santa Santa Cruz. Invariavelmente, todas as manhãs, ele  chegava, passava pela imagem da santa, e como o mais humilde dos fiéis, passava a mão nos pés da na imagem e com ela fazia o sinal da cruz; parava  um pouco e rezava, como quem pede ajuda à irmã mais poderosa para cumprir sua tarefa de se apresentar a Deus e a servi-Lo. Em todos os dias 16 de cada mês, ele abençoava  individualmente cada fiel, pedindo a intercessão de Santa Edwiges para as necessidades de cada um.



Os fiéis frequentadores da Igreja Santa Cruz sofrem hoje a ausência do “Padre", do pai espiritual,  que tinha cada vez maiores  limitações físicas, mas um coração cada vez mais rico de inesgotável amor a Deus e ao povo, cujo amor não cessava de proclamar. Porém, há um sentimento ainda maior em seus corações, a certeza de que o “Padre", como grande vencedor, recebe agora recompensa de tudo o que viveu e, com toda certeza, especialmente pelos sinais recebidos do Céu, está muito melhor do que estaria se estivesse aqui conosco. O saldo é alegria.


Giselle  Neves Moreira de Aguiar
  

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