quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Definição de Santidade




Uma pessoa como a Serva de Deus, Floripes Dornelas de Jesus, a Lola é considerada santa devido à vida singular que viveu. O que pode mover uma pessoa a escolher tal tipo de vida?   Seria  deficiência em relacão aos interesses humanos comuns, uma alienação?

Dependendo dos valores que regem sua vida pessoal, cada pessoa forma uma ideia a respeito de uma pessoa que se destaca no que o cristianismo chama de santidade.

 Temos aqui o parecer do padre agostiniano Erasmo de Rotterdam, no seu polêmico livro “O Elogio da Loucura”, escrito no ano de 1509. No trecho 
a seguir ele afirma  que a santidade é o mais alto grau de evolução que um ser humano pode chegar:
"Confirmo o meu sentimento com um oráculo do divino Platão: O furor dos amantes - diz o entusiasta filósofo - é de todos o mais feliz. 

Com efeito, um amante apaixonado não vive mais em si mesmo, mas na pessoa que se apoderou do seu coração, e quanto mais sai de si mesmo para transfundir-se no objeto do seu amor, tanto mais sente redobrar-se o seu prazer. 

Não teremos igualmente razão de qualificar com o nome de furor o próprio estado de uma alma devota que arde de desejo de alcançar a perfeição evangélica e que não procura senão sair do seu corpo pelo desprazer dos sentidos? Trazei à vossa memória os modos de dizer frequentemente usados: Está fora de si... Voltou a si... Caiu em si... Além disso, segundo a ideia de Platão, pelo grau de amor é preciso medir a grandeza do furor e da felicidade.

Qual será, pois, a vida dos beatos no Paraíso, vida pela qual suspiram as almas devotas com tanto transporte? Como naquele estado de gozo perfeito e sempre novo, a alma vitoriosa e triunfante, absorverá o corpo, resulta que esse absoluto domínio, bem longe de causar o menor sofrimento, torna-se natural, e o espírito se achará como no seu reino e gozará o fruto dos esforços para reduzir o corpo a uma perfeita submissão. 

Alem disso, a alma verá de maneira incompreensível, como que absorta naquela suprema inteligência, porque é infinitamente superada. E assim é que o homem ficará fora de si, e não será feliz senão quando, não se achando mais em si mesmo, receber uma inexprimível felicidade daquele supremo Bem que tudo atrai a si. 

                                           
Mas como essa felicidade só pode ser destruida pela união da alma com o corpo, e sendo a vida dos santos na terra uma contínua meditação e uma sombra das alegria inefáveis do paraíso, resulta que principiam a gozar antecipadamente, neste mundo, a recompensa que lhes é prometida. 

É bem verdade que, em confronto com a felicidade eterna, não passa de uma gota e de uma sombra a que experimentam os devotos nesta terra. Não obstante, essa gota, essa sombra, é incomparavelmente superior a todos os prazeres dos sentidos, mesmo que sse pudessem gozar todos ao mesmo tempo, porque todas ascoisa espirituais superam infinitamente as materiais e os bens invisíveis ultrapassam de muito os visíveis. 

É, aliás, o que promete um profeta, quando diz: Os olhos não viram, os ouvidos não escutaram, o coração do homem não sentiu ainda o que Deus preparou para os que o amam. É esse gênero de loucura, que, bem longe de se perder quando se passa da terra ao céu, alcança, ao contrário, seu último grau de perfeição." (Erasmo de Rotterdam em “O Elogio da Loucura”)

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