quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

A liberdade de expressão no nosso dia a dia


                  
                                                                              
                                                                         
           
            A liberdade de expressão tem sido para mim objeto de alto custo. Como estudante do 6º período de jornalismo mesmo estando às portas da terceira idade, observo algo que deve acontecer nas universidades do mundo globalizado: uma certa corrente de pensamento as invadiu e aplica os ensinamentos de Gramsci sobre hegemonia aos incautos alunos. Faz isso usando as formas de manipulação que ensinam a eles, atribuindo-as, com veemência e constância, aos demonizados “industriais da cultura” e ao que considera o próprio demônio, o capitalismo, a responsabilidade por todas as mazelas do mundo, eis seu dogma precioso e sagrado.
             
Os estudos das Teorias da Comunicação dizem que este movimento começou na Universidade de Birmingham, na Inglaterra, a partir de 1964; Angela Prysthon, no seu trabalho: Histórias da teoria: os estudos culturais e as teorias pós-coloniais na América Latina, diz que: "os Estudos Culturais se estabeleceram como um terreno por excelência, tanto para o estudo como para o próprio desenrolar das transformações", noutras palavras, os próprios professores seriam militantes a serviço da ideologia política.
           
  Esta constatação foi motivo de decepção, espanto e revolta para quem passou vida lendo, principalmente jornais, e pretendia, depois da aposentadoria, realizar um mergulho intelectual no mundo da comunicação, da cultura e da arte. Porém, nas primeiras aulas desta mesma disciplina, vi que nada veríamos sobre comunicação, cultura e arte, a não ser críticas, críticas e mais críticas às empresas de comunicação e aos países profícuos nas artes de entretenimento. Os filmes de Hollywood eram apresentados não como objetos de análise do talento dos artistas, da engenhosidade dos recursos e da visão dos empreendedores, mas sempre como instrumentos de manipuladores ferozes nas mãos dos quais os pobres futuros jornalistas haveriam de sofrer horrivelmente por tê-los como patrões. Nenhuma outra visão de mundo era apresentada.
           
  Vi-me impelida, em tão esdrúxula situação, a usar minha liberdade de expressão, como aluna e cidadã, para com muita contundência, defender minha inteligência e a de meus colegas de verdadeiras agressões, uma vez que, professores abusando do direito à liberdade de cátedra, estavam, no meu entendimento de pessoa vivida, doutrinando os alunos nas suas crenças ideológicas.
           
  A princípio os colegas se assustavam com aquela senhora, fora de seu habitat natural, que discutia com o professor que evocava a cada instante o seu título de doutor. Com o tempo se acostumaram e diante de uma afirmação mais incisiva dos mestres olham para mim espreitando novo bafafá. Hoje acontecem raras interpelações, os professores estão mais contidos.
          
  A vivencia de tal situação foi agravada por outra dificuldade de comunicação: ao comentar o que  acontecia dentro das salas de aula com as pessoas da minha idade, a maioria delas me olhava com descrença, considerava  impossível que tal fato viesse a  acontecer. A geração das pessoas acima de 55 anos não pode conceber que se doutrine estudantes, em qualquer área do pensamento, dentro da universidade, onde se espera que aconteça apenas a grandíssima pluralidade de ideias e a explosão benéfica que acontece,  pela ação do contato entre a criatividade e o conhecimento científico, de projetos que propiciem o progresso.
            
Acredito que a liberdade de expressão seja algo tão precioso, que valha grandes sacrifícios. No meu caso, a idade e o conhecimento que ela traz me obrigam a fazer o possível para que meus colegas, assim como todos os estudantes universitários, tenham acesso às mais variadas correntes de pensamento.
          
  Dentro dos meus limites, mas aderindo à audácia dos militantes ideológicos, procuro fazer uso da minha liberdade de expressão, assegurada pela nossa Constituição Federal em seu artigo 5º, IX, para pelo menos dificultar que a universidade seja para os jovens o que diz, sobre a mídia, José Arbex na apresentação do livro: "Padrões de manipulação na grande imprensa", de Perseu Abramo, cuja leitura é obrigatória no meu curso de jornalismo: "...Constrói consensos, educa percepções, produz "realidades" parciais apresentadas como a totalidade do mundo, mente distorce os fatos, falsifica, mistifica – atua, enfim, como um "partido" que, proclamando-se  porta-voz  dos "interesses gerais" da sociedade civil, defende os interesses específicos de seus proprietários privados.'' No caso da universidade seriam  os interesses dos que dela se apropriaram violentando inteligências vulneráveis.






terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Severino Costa Vieira, um grande amigo da Lola


                    

No dia 11/02/2013, fui atingida por duas pungentes notícias, o anúncio da renúncia do Papa e a do falecimento do Sr. Severino Costa Vieira.

Nunca esquecerei o dia em que, logo após ter lido  n"O Imparcial" um artigo meu sentido a falta de empenho a respeito da memória da Lola, convidou-me  para ir com um grupo a Juiz de Fora, onde encontramos o Pe. Roque Schneider . A partir desse encontro nunca mais pude me desligar da memória da Lola. Devo isso  a ele.

A mão do Sr. Severino sempre esteve presente na vida da Lola, e vice – versa. É dele mão que aparece na fotografia dos primeiros folhetos de divulgação de sua vida e obra. 

Foto oficial da divulgação da obra da Lola. Ministros da Comunhão Eucarística ,
como o Sr. Severino, nunca deixaram faltar o único alimento da Lola.

Com Myriam, sua esposa, teve os momentos mais marcantes da vida compartilhados com a madrinha e comadre, ela contava sempre com alguma ajuda deles. Após da morte dela viveram a grande aventura de pleitear a Causa de Beatificação de uma Santa, algo que requer favores muito especiais de Deus.
Severino e Myriam Vieir

Tratar de santidade no mundo atual é realmente uma aventura que só os fortalecidos por Deus são capazes. Sou testemunha das dores e alegrias e da intensidade delas nas suas vidas. 

O Sr. Severino viveu seus últimos anos em função da Causa da Lola. Ele e Myriam eram o estandarte da AACL – Associação dos Amigos da Causa da Lola – e também o para-raios. Atraíam tanto o amor dos que desejam conhecer mais sobre a nossa santa assim como as incompreensões, perseguições e tentativas de manipulação, vindas de outras pessoas, sempre acompanhadas de grande sofrimento psíquico, emocional e principalmente espiritual, que ele viveu como a  disposição simples dos devotos do Sagrado Coração de Jesus. Mas as alegrias sempre prevaleciam e eram as únicas lembradas.


Foto feita na Fazenda da Esperança, em maio de 2007, na  visita do Papa Bento XVI

É com este capital que o Sr. Severino se apresentou diante do Sagrado Coração de Jesus, levado pela mão da Lola. Agora junto com ela e com os demais amigos da AACL que lá se já encontram, haverá de intensificar o trabalho pela causa que abraçou aqui. O tempo novo que vivemos na Igreja precisará muito do exemplo e da espiritualidade da Lola. Ela e seus amigos do Céu é  que têm praticamente bancado nosso  trabalho realizado aqui,  devido aos nossos grande limites; haverão de fazer muito mais!
                                                

                                        

Afinal, têm agora um coração perfeito, o mesmo da Lola, o Coração de Jesus, cheio de compaixão e misericórdia por nós.




                                                                                                               Giselle Aguiar 
                                                                                                                  12,02/2013




A resignação do Papa






          D. Antônio Marto, Bispo de Leiria-Fátima, dirigindo-se à Imprensa em 11/02/2013, se referiu ao que acontecia com o Papa Bento XVI como resignação.

Segundo o dicionário Caldas Aulete, resignação pode ser definida como “demissão voluntária do cargo exercido ou da graça recebida; renúncia”. Também como: “submissão aliada à constância e paciência face aos infortúnios; paciência no sofrimento, coragem para suportar os rigores dos infortúnios, constância em uma situação sem que se reaja contra ela, ou sem que o paciente se lamente dela; paciência.”

Recebendo o nome que for, a atitude do Papa atingiu a todos. Para o ditado popular “cada cabeça uma sentença”, ou seja, cada pessoa tem um parecer pessoal a respeito do que vive hoje a Igreja Católica, Apostólica, Romana.
É necessário considerar que a Igreja é uma instituição religiosa, que trata de assuntos espirituais. Os que militam sob sua direção vivem em um universo infinitamente amplo, consideram o plano espiritual, feito de realidades intangíveis cuja existência é negada por grande número dos que trabalham nos meios de comunicação. Acontece um forte ruído quando esses profissionais fazem especulações a acerca dos acontecimentos do catolicismo a partir de limitadas visões de meros curiosos do assunto.

Por mais perspicazes que sejam, os que não conhecem o universo católico, especialmente os ateus, só podem observar os aspectos meramente humanos, previsíveis às pessoas não espirituais. Jamais conseguiriam atingir o cerne de questões que envolvem personagens cuja existência é negada pela mentalidade que domina a mídia, mas que, no entanto, não só os cristãos, mas os que professam qualquer crença religiosa sabem que são as realmente conduzem todos os acontecimentos.

Por esse motivo, a cultura católica, viva e atuante há mais de dois milênios, precisa ser vista pelo homem moderno, o que se apoia apenas no futuro, com os olhos também modernos, do sociólogo francês Michel Maffesoli, que afirmou, em 2001, à revista FAMECOS: “Na aura de obra - estátua, pintura -, há a materialidade da obra (a cultura) e, em algumas obras, algo que as envolve, a aura. Não vemos a aura, mas podemos senti-la. O imaginário, para mim, é essa aura, é da ordem da aura: uma atmosfera. Algo que envolve e ultrapassa a obra. Esta é a ideia fundamental de Durand (Gilbert): nada se pode compreender da cultura caso não se aceite que existe uma espécie de "algo mais", uma ultrapassagem, uma superação da cultura. Esse algo mais é o que se tenta captar por meio da noção de imaginário.”

Pode-se, observando essas circunstâncias, notar que a atitude do Papa, inúmeras vezes visto como um conservador ferrenho, voltado ao passado, avesso ao progresso, surpreende a todos ao abrir mão da pompa e circunstância que acompanha o seu cargo e dá uma demonstração da visão de grandíssima amplitude, própria das pessoas espirituais.



 Como quem prefere os dedos aos anéis, ele abre mão do poder em defesa dos tesouros invisíveis, dos quais sabe depender todos os visíveis. Com certeza, ele viu nesta atitude, um bem maior para a Igreja. Ele não tem a menor dúvida de que o Verdadeiro Chefe da Igreja é Jesus Cristo, eternamente vivo e forte, a quem continua a servir com o mesmo desvelo. Aqui cabe bem o segundo sentido de resignação dado pelo Caldas Aulete, o resignar-se do Papa em proveito do Reino de Amor de Jesus Cristo nos corações humanos. Coerência.

                                                                      Giselle Aguiar,
                                                                      12/03/2013


                   

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

O jornal, além da simples leitura


                    
                                                                                                             


Muito se ouve dizer que a mídia impressa, faz a cabeça das pessoas, que induz opiniões a tomar uma ou outra direção diante de determinado tema. Mas, observando bem, ela é inócua na maioria dos assuntos. As figuras que se sobressaem na vida da população é que dizem tudo sobre elas mesmas. Suas falas e atitudes são colocadas à disposição dos leitores que são livres para fazer a leitura que quiserem. 

A edição de domingo, 03/02/2013 do "Estado de São Paulo" ilustra bem:           


Num artigo assinado, "Pessoas e estórias", o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso diz, com suas próprias palavras, que o objetivo principal que o conduziu à carreira política foi: "maior igualdade, o meio para isso seria eliminar a apropriação privada dos meios de produção, tudo mais era secundário, mesmo a liberdade".  Mais à frente ele se admira lamentosamente: "quem ainda pensa em "controle coletivo" dos meios de produção?".            


Sem que estejam explicitas, em tais afirmações pode-se distinguir um espírito no mínimo antidemocrático, quando a memória nos mostra fatos muito conhecidos em que esse "controle coletivo” é sempre exercido por meia dúzia de pessoas que escolhem tudo o que o povo deve aprovar e gostar, portanto, não combina com democracia. Muito menos a expressão "eliminar a apropriação privada", que vem sempre associada à usurpação de bens e/ou de direitos.  O mais próximo do pensamento democrático de um governante seria criar condições para que todos pudessem ascender ao cargo de produtor de bens, segundo as próprias aptidões.            


Algumas páginas adiante, Julian Assange, o fundador do site WikiLeaks, asilado na embaixada do Equador em Londres, numa entrevista concedida ao jornal, considera um perigo os dados pessoais das pessoas serem arquivados pelo Google e pelo Facebook; eles podem ser consultados pelas agências de inteligência dos EUA. Quem diz isso é a mesma pessoa que divulga dados alheios obtidos de maneira considerada ilegal.            


Um político, que se mostra como defensor da democracia, confessando suas ideias totalitárias e quem publica dados obtidos ilegalmente, muitas vezes graças à habilidade de hackers invadindo sites importantes, fazendo pose de defensor do sigilo de dados disponibilizados pelas próprias pessoas. Tudo isso pode ser lido na mesma edição de um jornal, graças a um simples exercício de lógica, observando a coerência. Para um bom leitor de jornal, as próprias pessoas dizem muito mais do que querem falar.           


 Na última semana de janeiro o Papa Bento XVI incentivou os católicos a frequentarem as redes sociais. Segundo ele, "estes espaços, quando se valorizam bem e de maneira equilibrada, favorecem formas de diálogo e de debate que, conduzidas com respeito, salvaguarda da intimidade, responsabilidade e interesse pela verdade, podem reforçar os laços de unidade entre as pessoas e promover eficazmente a harmonia da família humana". Ele próprio abriu uma conta no Twitter.


Este pareceria ser mais um paradoxo a quem está habituado a ver a imagem da Igreja 

Católica associada ao obscurantismo em muitos artigos opinativos. Mas o raciocínio atento pode perceber aí, também implícita, a mensagem transmitida há mais de dois milênios entre os católicos - “Porque não há nada oculto que não venha a descobrir-se, e nada há escondido que não venha a ser conhecido. Pois o que dissestes às escuras será dito à luz; e o que falastes aos ouvido será publicado de cima dos telhados.” (Luc, 13, 2-3) -, continua válida e atualíssima nos tempos da internet, o tempo da transparência.

Fontes citadas:

Pessoas e estórias : Fernando Henrique Cardoso: Pessoas e estórias  :

Julian Assange : “É bom que os governos tenham medo das pessoas”


Mensagem do Papa

Artigo publicado no jornal "Diário de Sorocaba", em 20/02/2013