domingo, 23 de dezembro de 2012

Confirmação e esperança


Com grande alegria, desejando um Natal pleno da Paz, Amor e Alegria que nos traz a Presença de Deus, a todos os que visitam este blog, partilho, com alegria, o artigo que nosso Papa Bento XVI escreveu para o jornal britânico "Financial Times", falando sobre o catolicismo para o público um jornal dirigido aos interessados nos assuntos que movem o mundo material, a parte material da nossa única vida...
Observemos o que o Papa diz : 
quem é Jesus, como se coloca diante do mundo?
Dai a César o que é de César... 
Como devemos também nos colocar diante do mundo de hoje, nós,
que nos dizemos cristãos.
Um artigo cheio de confirmação e esperança, disponível no site no site news.va :


2012-12-20 L’Osservatore Romano
O «Financial Times» de hoje, quinta-feira 20 de Dezembro, publica um artigo que Bento XVI escreveu a pedido do jornal britânico por ocasião do Natal e da publicação do livro sobre a infância de Jesus. Reproduzimos em seguida o texto integral.
«Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus» foi a resposta de Jesus quando lhe perguntaram o que pensava sobre o pagamento dos impostos. Obviamente, os que o interrogavam desejam preparar-lhe uma armadilha. Queriam obrigá-lo a tomar uma posição no debate político inflamado  sobre a dominação romana na terra de Israel. E  o que estava em jogo era ainda mais:  se Jesus fosse realmente o Messias esperado,    então certamente ter-se-ia oposto aos dominadores romanos. Portanto, a pergunta era calculada para o desmascarar  como uma ameaça para o regime ou como um impostor. A resposta de Jesus leva habilmente  a questão a um nível superior,  atestando com fineza contra a politização da religião e a deificação do poder temporal, e contra a incansável busca da riqueza. Os seus interlocutores deviam entender que o Messias não era César, e que César não era Deus. O reino que Jesus vinha instaurar era de uma dimensão absolutamente superior. Como respondeu a Pôncio Pilatos: «O meu reino não é deste mundo».
As narrações de Natal do Novo Testamento têm a finalidade de expressar uma mensagem semelhante. Jesus nasceu durante um «recenseamento do mundo inteiro», desejado por César Augusto, o imperador  famoso por ter levado a Pax Romana a todas as terras submetidas ao domínio romano.  E no entanto, este menino, nascido num obscuro e distante recanto do império,  estava para oferecer ao mundo uma paz muito maior,  verdadeiramente universal nas suas finalidades e para além de qualquer limite de espaço e de tempo. 
Jesus é-nos apresentado como herdeiro do rei David, mas a libertação que ele trouxe ao próprio povo não dizia respeito à vigilância dos  exércitos inimigos; ao contrário, tratava-se de vencer o pecado e a morte para sempre. O Menino Jesus, vulnerável e débil em termos mundanos, tão diverso dos dominadores terrenos, é o verdadeiro rei do céu e da terra.
O nascimento de Cristo desafia-nos a reconsiderar as nossas prioridades e  valores, o nosso modo de viver. E enquanto o Natal é sem dúvida  um tempo de grande alegria, é também uma ocasião para uma reflexão profunda, aliás, um exame de consciência.  No fim de um ano que significou privações económicas para muitos, o que podemos aprender da humildade, da pobreza, da simplicidade da imagem do presépio?
A narração do Natal pode introduzir-nos a Cristo, tão indefeso  e tão facilmente abordável. O Natal pode ser o tempo no qual aprendemos a ler o Evangelho, a conhecer Jesus não só como o Menino da manjedoura, mas como aquele no qual reconhecemos o Deus que se fez Homem.
É no Evangelho que os cristãos encontram inspiração para a vida diária e para o seu envolvimento nas questões do mundo – quer isto aconteça no Parlamento quer na Bolsa. Os cristãos não deveriam fugir do mundo; ao contrário, deviam ter zelo por ele. Mas a sua participação na política e na economia deveria transcender qualquer forma de ideologia.
Os cristãos combatem a pobreza porque reconhecem a dignidade suprema de todos os seres humanos, criados à imagem de Deus e destinados à vida eterna. Os cristãos lutam  por uma partilha equilibrada dos recursos da terra porque estão convictos de que, como administradores da criação de Deus, temos o dever de zelar pelos mais débeis e  vulneráveis, agora e no futuro. Os cristãos opõem-se  à avidez e à exploração, convictos de que a generosidade e um amor abnegado, ensinados e vividos por Jesus de Nazaré, são o caminho que leva à plenitude da vida. A fé cristã no destino transcendente de cada ser humano implica a urgência da tarefa de promover a paz e a justiça para todos. Dado que tais fins são partilhados por muitos, é possível uma grande e frutuosa colaboração entre os cristãos e os outros. Todavia, os cristãos dão a César só o que é de César, mas não o que pertence a Deus. Às vezes ao longo da história os cristãos não podiam aceitar as exigências feitas por César. Desde o culto do imperador da antiga Roma até aos regimes totalitários do século que acabou de transcorrer, César procurou  ocupar o lugar de Deus. Quando os cristãos rejeitaram ajoelhar-se diante dos falsos deuses propostos nos nossos tempos, não foi porque tinham uma visão antiquada do mundo. Pelo contrário, isto acontece porque estão livres dos vínculos da ideologia e são animados por uma visão tão nobre do destino humano, que não possa aceitar comprometimentos em relação a nada que o possa ameaçar.
Na Itália, muitos  presépios são adornados com ruínas dos antigos edifícios romanos como pano de fundo. Isto demonstra que o nascimento do Menino Jesus marcou o fim da antiga ordem, o mundo pagão, no qual as reivindicações de César pareciam impossíveis de desafiar. Agora temos um rei novo, o qual não confia na força das armas, mas no poder do amor. Ele traz esperança a todos os que, como ele mesmo, vivem à margem da sociedade. Traz esperança a quantos são vulneráveis nos destinos mutáveis de um mundo precário. Desde a manjedoura, Cristo chama-nos a viver como cidadãos do seu reino celeste, um reino que cada pessoa de boa vontade pode ajudar a construir aqui na terra.

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