sexta-feira, 6 de abril de 2012

Viver somente da Eucaristia



Em 1956 foi publicado um dos primeiros artigos sobre a nossa querida Lola.

 Foi no  livro: A “Graça” que Frutifica – Contos e Narrativas – 
de autoria do Pe. Fernando Pedreira de Castro, S.J.,publicado  pela Editora Vozes, Petrópolis, RJ., em 1956, com Nihil Osbtat do Pe. J. B. Rocha, S. J. - Provincial da Companhia de Jesus no Brasil Central - em Nova Friburgo, 22 de maio de 1955.

 Na pagina 163 existe uma crônica chamada Outra Neumann, brasileira .
 Nela, a Serva de Deus, Floripes Dornelas de Jesus, a nossa Lola é comparada à Teresa Newman uma mística alemã, estigmatizada, falecida em 1962 , que teria vivido  39 anos se alimentando somente da Sagrada Eucaristia.

Como sabemos, Lola, viveu cerca de 60 anos somente da Eucaristia, sem tomar nenhum tipo de alimento, nem beber água ou qualquer líquido, sem dormir e sem nenhuma outra necessidade fisiológica.

         Eis a crônica, como escrita em 1956:














Outra Neumann, Brasileira


        Vive em Minas, ou vivia por 1953, a uma légua da cidade do Pomba, não muito distante de Juiz de Fora e já na diocese de Mariana, uma pessoa que só pensa em Deus e que Ele se compraz em dotar de graças incomuns.        

        É uma moça de seus 28 anos, chamada geralmente Loula, mas cujo registro batismal é Floripes Dorneles. Família muito honesta, modesta, de gente ativa que possui a sua casa rural e alguma terra.        Criança ainda, despencou-se a menina Loula de uma árvore, quebrando uma das pernas. Foi-se assim arrastando, durante anos, sem especial tratamento, sempre alegre e conformada.        

       Mas, com a idade aumentaram as dores e a dificuldade em mover-se, até que se viu constrangida à quase imobilidade numa cama. Não pode estar assentada nem deitada, mas recostada, sem mudar de posição.Já se encontra assim há mais de cinco anos, com dores incessantes pelo corpo e na cabeça, não parecendo dar importância a fatos extraordinários que ela e em torno dela se passam de contínuo.        São, no entanto, eventos naturalmente inexplicáveis, por vezes de uma poesia emocionante.

        Há mais de cinco anos não come e não bebe absolutamente nada, a não ser a sagrada comunhão. Obrigou-a o médico a tomar um pouco d’água de uma colher, ela porém viu-se obrigada a expeli-la, pois não a pôde engolir.         

           O vigário, P. Galo, homem piedoso, instruído e distinto, leva-lhe a comunhão quase diàriamente, mas quando pode e quando encontra condução, por vezes ao meio dia ou à tarde, pois a igreja fica longe e a comungante está sempre em jejum.        

           Asseguram os circunstantes que se dá então o seguinte fato: ainda que o sacerdote chegue inopinadamente, e não haja meio de prever o momento, a doente o sabe, e minutos antes ajeita melhor as cobertas, põe o véu, recomenda que preparem tudo.

                 Qual é o sinal que lhe indica a aproximação da Hóstia Consagrada? Um beija-flor, asseguram quantos conhecem melhor o ambiente, e que já se não admiram pela continuidade do fato: Penetra a avezinha pela janela ou pela porta, sempre abertas, esvoaçando em torno do crucifixo dependurado na parede, e beijando-lhe as chagas como se fossem flores.       

         A humildade, a simplicidade, a candura da enferma são admiráveis. Acha tão natural o que lhe sucede, fala candidamente aos raros visitantes, revela o futuro, promete rezar por todos, por intenções particulares. Não se arroga, contudo, a menor autoridade ou importância, não distribui bênçãos nem medalhas.

De semblante naturalmente sem atrativos, dentes falhos, traços comuns, sem nenhum sinal de vaidade, transforma-se ingênuamente quando fala de Deus, dando a impressão do sobrenatural.        

            Os irmãos, pois os pais são falecidos, tratam-na com afeto, mas sem nenhum especial indício de veneração. São pessoas simples e trabalhadoras, nem jamais lhes passou pela idéia tirar proveito material da situação. Bons cristãos, como são, obedecem cegamente ao sacerdote, não permitindo visita alguma de desconhecidos sem licença escrita do seu vigário.        

           No entanto transcorrem os anos, e aquela alma ali fica risonha, a sofrer e a rezar. Nada lhe importa na terra senão a caridade, o bem do próximo, a santificação das almas, o amor de Deus.         O amor de Deus é o que a conforta, sustenta e alegra. Passa os dias a pensar na bondade e grandeza, no amor de Nosso Senhor Jesus Cristo, Deus e nosso Irmão. Passa os dias e, como nunca dorme, passa também as noites a entreter-se com Deus.        

          Não é verdade que Deus tem os seus caminhos e as suas almas prediletas? Não é verdade que essas almas Deus as aproxima da cruz? Não é verdade que elas impedem a justiça divina de esmagar o mundo corrompido?        No seu coração reina Cristo-Rei. Com as suas preces e sofrimentos ela arrasta outras almas a Cristo...        

         Mas será tudo isso exato? Não haverá engano das testemunhas? – Não está de certo no Evangelho, não é de fé. Só a Igreja, após longos exames, como é seu costume, poderá falar com autoridade sobre estes fatos. Se Deus a inspirar. E enquanto vivemos podemos pecar. No entanto encontramos na história da Igreja fenômenos semelhantes ou análogos plenamente comprovados.        

         Ora, o amor divino não abandonou a terra nem os homens.O que aí referimos, tão extraordinário embora e edificante, nos foi narrado por sacerdotes profundamente cultos e dignos, testemunhas de vista...        

        Além de ofertar a seu Pai mais uma vítima de propiciação pelo Brasil e pelo mundo, terá Cristo-Rei outros fins mais particulares, ao cumular de graças tão raras aquela moça humilde do sertão brasileiro? 

                                                  *****
... E nós, o povo de Rio Pomba, MG, Brasil, podemos testemunhar que, de 1953 até a sua morte em 1999, Lola viveu mais 46 anos nas mesmas circunstâncias...
(o beija-flor da fotografia é uma licença poética)

A Serva de Deus Floripes Dornelas de Jesus, a Lola , já nos seus últimos anos

Um comentário:

  1. Por isso eu amo minha Igreja Católica, pois dela saiu, sai e sairá muitos santos!
    Lola, serva de Deus, rogai por nós!

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