segunda-feira, 9 de maio de 2011

Os fieis leigos e o Reino no mundo (LG 36)


Por: Dom Eduardo Benes Sales Rodrigues
Arcebispo Metropolitano de Sorocaba

Os fieis leigos(as), no ensinamento do Concílio Vat.
II têm a especial missão de santificar o mundo,
trabalhando para que a vida da sociedade, em todas as
suas dimensões, se desenvolva de acordo com a
vontade de Deus, Pai e Criador, tal como esta vontade
se revela na própria natureza profunda das criaturas.

O mundo da cultura, das ciências, da técnica, da
comunicação, da economia deve ser regido pelos
valores da dignidade humana, de tal modo que tudo
o que Deus entregou ao ser humano, como dom e
tarefa, seja administrado a serviço da vida, da justiça,
da fraternidade e da paz.Prestemos atenção no que
nos diz o Concílio Vat. II: "Tendo-se feito obediente
até a morte e tendo sido, por este motivo, exaltado
pelo Pai (cfr. Fil. 2, 8-9), entrou Cristo na glória do
seu Reino. Todas as coisas lhe estão sujeitas, até que
Ele se submeta, e a todas as criaturas, ao Pai, para que
Deus  s e j a   tudo  em  todos   ( c f .1 Cor. 1 5 , 2 7 - 2 8 ) .
Comunicou  e s t e  pode r   aos  discípulos ,  par a  que
também eles sejam constituídos em régia liberdade e,
com a abnegação de si mesmos e a santidade da vida,
vençam em si próprios o reino do pecado (cfr. Rom.
6,12); mais ainda, para que, servindo a Cristo também
nos outros, conduzam  seus irmãos, com humildade e
paciência, àquele Rei, a quem servir é reinar.

Pois o Senhor deseja dilatar também por meio dos leigos o
seu Reino, Reino de verdade e de vida, Reino de
santidade e de graça, Reino de justiça, de amor e de
paz, no qual a própria criação será liberta da servidão
da corrupção, alcançando a liberdade da glória dos
filhos de Deus (cf. Rom. 8,21). Grande é a promessa,
grande o mandamento que é dado aos discípulos:
'tudo é vosso; vós sois de Cristo; e Cristo é de Deus' (1
Cor. 3,23)".

        "Por consequência, devem os fiéis conhecer a
natureza íntima e o valor de todas as criaturas, e a sua
ordenação para a glória de Deus, ajudando-se uns aos
outros, mesmo através das atividades propriamente
temporais, a levar uma vida mais santa, para que assim
o mundo seja penetrado do espírito de Cristo e, na
justiça, na caridade e na paz, atinja mais eficazmente o
seu fim. Na realização plena deste dever, os leigos
ocupam o lugar mais importante.

 Por conseguinte, com a sua competência nas matérias profanas, e a sua atuação
interiormente elevada pela graça de Cristo, contribuam
eficazmente para que os bens criados sejam valorizados
pelo trabalho humano, pela técnica e pela cultura para
utilidade  de  todos os homens,  sejam  melhor
distribuídos entre eles e contribuam a seu modo para o
progresso de todos na liberdade humana e cristã, em
harmonia com o destino que lhes deu o Criador e
segundo a iluminação do Verbo. Deste modo, por meio
dos membros da Igreja, Cristo iluminará cada vez mais
a humanidade inteira com a sua luz salvadora.

       Além disso, também pela união das próprias forças, devem os
leigos sanear as estruturas e condições do mundo, se
elas porventura propendem a levar ao pecado, de tal
modo que todas se conformem às normas da justiça e
antes ajudem ao exercício das virtudes do que o
estorvem. Agindo assim, informarão de valor moral a
cultura e as obras humanas. E, por este modo, o campo,
isto é, o mundo ficará mais preparado para a semente
da  palavra  divina  e  abrir- se -ão  à  Igreja  mais
amplamente as portas para introduzir no mundo a
mensagem da paz".

A conclusão prática é esta: os fieis leigos(as) devem
se organizar em pequenas células, de acordo com o
lugar que ocupam na vida da sociedade, para, na oração
e na meditação da palavra de Deus, trabalharem pelo
Reino no coração do mundo.  Atenção para as  três
expressões  do  Concílio :  " ocupam  o  lugar  mais
importante"; "ajudando-se uns aos outros"; "pela
união das próprias forças".

Publicado no Jornal Terceiro Milênio, para Sorocaba e região em maio de 2011

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